Partida quente em Sete Lagoas na noite de ontem. Arbitragem ruim, comportamento ruim de jogadores e lições de desportividade e/ou falta da mesma.
Nesse campeonato de pontos perdidos (pois, afinal, algumas equipes estão empacadas na classificação), Atlético Mineiro e Santos fizeram uma partida com inúmeras faltas chamadas de “anti-jogo”: aquelas que servem única e exclusivamente para parar a partida. Somada a uma arbitragem conivente, a confusão era esperada.
A partida estava 1×0 para o Atlético, quando o Santos desceu para o ataque. Bola cruzada da lateral para a grande área, e o árbitro paralisa a jogada. Ninguém entendeu. Borges, atacante santista, corria para pequena área disputando o espaço com Leonardo Silva, que segurou sua camisa. A bola não estava ainda em disputa, estava sendo cruzada. Ao sentir a mão na camisa, Borges se atira. Não houve puxão com força suficiente para derrubá-lo, mas espertamente o atacante procura cavar o pênalti e o juizão entra. Errou, não foi pênalti. Os próprios jogadores do Santos não haviam entendido de pronto o que o árbitro havia marcado.
No final do jogo, com a partida já empatada, Rever se aventura no ataque, a bola vem cruzada um pouco mais alta do que a ideal para o cabeceio, santistas Crystian e Henrique se esforçam o máximo para alcançá-la, saltando junto com Rever. Ambos caem por desequilíbrio de tentar pular mais do que conseguem. Ninguém empurra ou puxa ninguém. Lance normal. E não é que o árbitro Wilton Pereira Sampaio marca pênalti? Difícil saber prontamente se ele deu infração de Henrique ou de Crystian, pois tudo correu limpamente. Ao sacar o cartão para Crystian, que já tinha Amarelo, teve que expulsá-lo. Um erro com prejuízo duplo ao Santos: pênalti que não foi (resultando em gol) e expulsão de atleta que nada fez.
Ainda no final da partida, Neymar sofre falta e nitidamente pede cartão amarelo ao adversário. Árbitro não dá e não deveria, naquele lance específico, amarelar o atleticano. Pela insistência nas reclamações, dá o cartão amarelo ao próprio Neymar, que reage com aplausos irônicos. Incontinente, o árbitro o expulsa.
Cartão manjado, infantil e, infelizmente, que tem sido comum nas últimas rodadas. Vimos tal lance por parte de Cleber Santana sobre Marcelo de Lima Henrique, Emerson Sheik sobre Evandro Rogério Roman e agora Neymar sobre Wilton Sampaio. Jogador não sabe que vai ser punido? Não viu tal lance em outros jogos? Não é orientado a se controlar?
Sobre Neymar na partida de ontem, alguns pontos devem ser observados: o jogador sofreu um claro rodízio de faltas, não coibido pela arbitragem. Normalmente, se você faz 3 ou 4 faltas num atleta, mesmo sem violência e que sejam bobinhas, no meio de campo, você deve ser punido com Cartão Amarelo por reincidência. Uma estratégia comum é praticar o Rodízio de Faltas, variando os jogadores que batem, a fim de disfarçar a infração e inibir a advertência. Nesses casos, você tem que dar o cartão amarelo, mesmo que seja a primeira falta do faltoso (é como se fosse uma advertência para a equipe, uma espécie de cartão por “falta coletiva”).
No começo da partida, Pierre bateu a vontade em Neymar. Por dar cartão muito cedo, talvez o árbitro se sentiu inibido para mostrar outro cartão ao atleta. Espertamente, ainda no primeiro tempo, o treinador Cuca mudou o marcador do santista. E, no segundo tempo, havia o revezamento de atletas na falta.
Neymar sempre foi polemizado pelas faltas. No começo da carreira, no Paulistão, onde debutava, cansava de se jogar. Pelo “advento Neymar”, árbitros mais jovens não o puniam por simulação; ao contrário, caiam nas suas tentativas de engodo e marcavam faltas que não eram. Árbitros mais rodados acabavam por ignorar as faltas, mas ainda assim não advertiam o garoto por simular. Em seu primeiro Campeonato Brasileiro, Neymar começou a sofrer com a fama que estava construindo: árbitros de outros estados, que assistiam ao Paulistão, estavam sedentos em não entrar no golpe do menino, e no afair de não se iludirem com simulações, acabavam até mesmo não marcando algumas faltas reais (pelo motivo das inúmeras tentativas de quedas).
Os próprios jogadores começaram a intimidar o menino pelo seu comportamento. A lembrança emblemática é do zagueiro cearense João Marcos ganhando limpamente os lances de Neymar e o garoto chiando e querendo arranjar briga por se sentir intimidado.
O tempo passou, Neymar começou a amadurecer (custosamente) e começou a se jogar menos e com ‘mais qualidade’. Ou seja, aprendeu a “se jogar melhor” e em menos quantidade. Os adversários e a arbitragem aprenderam a lidar melhor com ele também. Portanto, tem sido um desafio enfrentar Neymar por parte do jogador adversário e apitar Neymar por parte do árbitro. Pará-lo, muitas vezes, só com faltas. Entretanto, na mesma proporção, a evolução das suas simulações passou a ser uma arma tão letal quanto seus dribles.
Ontem, em Minas Gerais, Neymar apanhou. E, por falta de equilíbrio emocional, foi expulso. Não dá para admitir que um jogador tão aclamado, bem remunerado, paparicado e talentoso, tenha um despreparo psicológico tão grande para ter reações que prejudiquem a ele próprio em campo.
Psicólogo e professor de arbitragem à Jóia Santista, urgente! Esses elementos só farão Neymar crescer e capacitá-lo dentro de campo, agregando mais qualidade ao seu dom indiscutível.
Dois pontos finais:
1- Muricy Ramalho repreendeu positivamente seu atleta pela infantil expulsão. Porém, já fez o alerta preventivo:
“Árbitros têm vergonha de dar tanta falta no Neymar”.
Pelo exposto acima, não é bem assim…
2- Torcida atleticana reuniu as principais organizadas e criou o movimento #DeOlhoNoApito , com faixas e site na Internet, visando protestar contra os erros de arbitragem contra a equipe mineira. Já perceberam que todo time se sente o mais prejudicado pelos árbitros?
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