Compartilho abaixo o texto do amigo jornalista Reinaldo Oliveira sobre um dos casos que mais pode deixar indignado o eleitor: A venda de “leis”.
CHAMA O SÍNDICO
Por Reinaldo Oliveira
Algumas frases marcantes atravessam o tempo e, apesar de ditas há muitos anos, continuam atuais e contemporâneas. Como esta que já completou um século: “De tanto triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto” (Rui Barbosa). E nos últimos dias, dois acontecimentos a nível nacional, exemplificam bem o descaso e a incúria dos homens públicos, deste belo e grande Brasil, cuja população alienada e sem cultura, assiste passivamente e de forma bovina, os desvios do erário público e aumento generalizado da corrupção. O primeiro: há dois meses o deputado estadual Roque Barbieri (PTB), em entrevista à imprensa da região de Araçatuba/SP, disse que de 25% a 30% dos 94 deputados da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, vendem emendas, fazem lobby com as prefeituras vendendo projetos educacionais ou trabalham “oficialmente” para empresas que têm contratos com o Estado. Isto mostra que de 23 a 28 deputados que foram eleitos para representar o povo, traíram o eleitor, o Estado e o País, e estão utilizando do cargo a eles conferido para traficar influências, alimentar a corrupção e enriquecer de forma ilícita e desonesta. A denúncia do deputado Roquinho – como é mais conhecido, gerou um grande ruído, nos meios de comunicação, bem como em algumas Comissões Internas da Assembléia, que estão cobrando do deputado que ele fale os nomes dos deputados corruptos. Por conta disso, na quinta-feira dia 6 de outubro, através de convocação em que ele não é obrigado a comparecer, uma das Comissões Internas, o convocou para uma audiência. Ele pode até enviar por escrito, caso não possa comparecer. Mas não é só ele que está nesta situação. Os deputados Olimpio Gomes (PDT) e Bruno Covas (PSDB), também fizeram denúncias de mais deputados que praticam atos de corrupção. A Comissão Interna tem até trinta dias para se manifestar após receber as informações e/ou nomes dos deputados denunciados. O segundo: a ministra Eliana Calmon – coordenadora do Conselho Nacional de Justiça, quando em entrevista à imprensa de São José dos Campos/SP, disse com todas as letras: “A magistratura está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos escondidos atrás da toga”. A declaração caiu como uma verdadeira bomba, e o ministro Cesar Peluso – presidente do Supremo Tribunal Federal, afirmou que as declarações da ministra lançam, sem provas, dúvidas sobre a honra de milhares de juízes e levam ao descrédito às instituições, perante o povo. Também o ministro Luis Felipe Salombo – do Supremo Tribunal de Justiça, disse à Revista Consultor Jurídico: “Há uma tentativa de emparedar publicamente os ministros do Supremo Tribunal Federal. Nem a ditadura militar ousou fazer isso. Não deveria ser feito por quem usa toga”. Outras associações de classe também se manifestaram contra as declarações. O assunto rendeu manchetes nos maiores jornais e revistas, bem como nos telejornais. Só que isto faz parte do Estado democrático. Há algumas instituições cujo funcionamento são tratados como verdadeiro segredo de Estado e estas julgam que a massa ignara não necessita saber ou ter acesso no que nelas acontece. Uma coisa é certa: se a ministra não tivesse certeza, indícios ou prova do que falou, não abriria a boca. Quando um membro deste seleto e restrito grupo que tem tão grande responsabilidade no destino do País, vem com denúncia como esta a público, é sinal de coisas muito grave estão acontecendo. Parafraseando Gaiman e Pratchett: “O inferno está vazio. Todos os demônios estão aqui”. É isso!!
