O que você diria se para goleiro da Seleção Brasileira fosse escalado Bosco, reserva do São Paulo FC? Certamente concordaria que é bom goleiro, mas está sem ritmo de jogo e não era um nome esperado. Poderia ser Júlio César (Internazionale) ou Rogério Ceni (SPFC) pela experiência, ou Victor (Grêmio) ou Rafael (Santos) pela renovação.
Agora substitua os nomes de Bosco por Rodrigo Braguetto, Júlio César e Rogério Ceni por Seneme e PC Oliveira, além de Victor e Rafael por Guilherme Ceretta e Raphael Claus. Faz sentido, se considerarmos os nomes como árbitros possíveis para o Majestoso do próximo domingo?
Braguetto foi sorteado na última terça para o clássico entre Corinthians X São Paulo. É bom árbitro, mas não a melhor indicação (e não venha com a história que a culpa foi do sorteio – para as demais partidas, os outros nomes foram colocados no globinho a exaustão até cair o escolhido; para o Majestoso, Braguetto foi em sorteio único – vide site da CBF).
–1o.: sua escolha foi uma grande surpresa! Apesar de veterano e com grande experiência, Braguetto pouco trabalhou em jogos da Série A do Campeonato Brasileiro. Você conta nos dedos as partidas em que foi escalado. Faça uma breve pesquisa e se surpreenderá ainda mais com os jogos (ou a falta de jogos) desse árbitro na 1ª divisão nacional.
A não-imposição de vetos a esse nome seria a justificativa?
–2o.: a falta de ritmo de jogo é preocupante. Sua escala na última terça-feira pela série B (Bragantino X Guarani) mostrou um pouco disso: tentou levar a partida ao máximo sem aplicação de cartões (que é uma característica dele) mas quase se perdeu em determinado momento. A má interpretação de alguns lances de falta também.
Teria sido sorteado para a série B no meio de semana para treinar?
–3o.: A linha da Comissão de Árbitros da CBF é clara: ou são apitadores extremamente experientes ou muitos jovens árbitros para a renovação (mesmo que com nomes contestados – já viram como tem pouco paulista e muito árbitro de centros futebolísticos mais distantes e sem tradição? É a “integração nacional”, que pode ser entendida como “política da compensação”). Árbitros como Braguetto, que já estouraram a idade para almejar a FIFA e não se firmaram como TOPs nacionais, foram descartados.
Seria algum critério não manifestado?
Mas como foi sorteio, levemos a crer que o universo conspirou ao seu favor. Sobre as características do árbitro: Corre bastante e se posiciona bem. Magrelão, está sempre próximo da jogada. Não dá falta cavada, e, às vezes, quando há simulação, vira as costas e não dá bola para o infrator (mas costuma se omitir na aplicação de cartões nessas jogadas). Evita ao máximo aplicar advertências durante o jogo. Tem razoável qualidade em discernir e avaliar divididas. Como todo árbitro, erra dentro da média aceitável. O ritmo de jogo preocupa, apesar de ter apitado na 3ª feira.
Como pessoa, é gente da melhor qualidade. Mas isso muitas vezes não se leva ao campo…
Boa sorte ao Rodrigo Braguetto, aos bandeiras Vicente Romano Neto e Marcelo van Gassen, além do quarto árbitro Guarizzo e ao amigo observador (esse é dos bons – enfim um do ramo!) Nilson Monção.
IMPORTANTE – Mas em particular, gostei demais da escala de Van Gassen. Explico: em meados dos anos 2000, ele estava literalmente voando como bandeira, a caminho do escudo FIFA. E, na época, as escalas da Copa do Brasil tinham bandeiras locais. Jogava Corinthians X Cianorte, com Roger e outras estrelas da MSI de Kia Jorabichian, cujo presidente era Alberto Dualib e o diretor de futebol Andrés Sanches.
Durante o jogo, Van Gassen, que era o bandeira, não pipocou e fez uma ótima atuação. Mesmo pressionado por Andrés, ele não foi caseiro e o dirigente corinthiano não gostou. Invadiu vestiário, ameaçou e cumpriu a promessa: ligou ao Armando Marques que afastou por um bom tempo Van Gassen das escalas, retardando e muito a carreira do bandeira, QUE CAIU NO OSTRACISMO. Com competência, continuou e conseguiu POR MÉRITOS PRÓPRIOS o escudo FIFA.
Domingo, Andrés e Van Gassen se reencontrarão, o primeiro como Presidente do clube; o segundo, como assistente FIFA. É claro que Andrés nem deve se lembrar disso, pois é useiro desses pedidos de veto contra a arbitragem, e, cá entre nós, ninguém lembra de bandeira. Mas quem ‘apanha’ se lembra bem…
