– Neymar: Culpado ou Vítima?

Na noite de ontem, mais uma partida onde Neymar ganhou as páginas de destaque. Cada vez mais ele é amado ou odiado; meio-termo não há. E os motivos são as supostas simulações e/ou supostas faltas marcadas, dependendo do ponto de vista, da análise fria ou até mesmo da simpatia de quem o vê.

 

No começo da carreira, a “Jóia Santista” abusava das simulações de faltas. Por ser franzino, cada dividida era uma queda. Mais ou menos o estilo “a lá Bebeto”, porém, este tentava as jogadas mesmo apanhando, e quando caia, ninguém duvidava da falta.

 

Mas aqui a situação é diferente. Pelo carisma conquistado por parte da imprensa, pelo apelo dos torcedores e pelo seu inegável potencial (ter potencial não é afirmar que já é craque), aproveita-se do rótulo de “queridinho” e cava faltas.

 

Me recordo perfeitamente que quando se firmou como titular, Neymar desabava em campo; fazia firulas e caia; driblava, partia para o gol mas não finalizava. Trocava tentativas de gols por faltas.

 

Os árbitros ficavam em dúvida. Os adversários, com bronca.

 

Porém, como toda a novidade passa a deixar de sê-la após algum tempo, os adversários aprenderam a marcar Neymar e explorar seus pontos fracos. Lembram-se de um jogo no Ceará, onde o zagueiro João Henrique anulou o santista? E por ser bem marcado irritou-se e teve chilique? E aí as faltas começaram a ocorrer de verdade, pois, afinal, as intimidações naturais do futebol aconteceram.

 

Surge um novo problema: como distinguir falta e simulação de Neymar? Ele costumava misturar faltas sofridas com quedas simuladas. Apitar jogos do Neymar passou a ser um verdadeiro inferno para a arbitragem. E, faça-se justiça, também os árbitros foram culpados por pouco punirem o atacante com cartões amarelos pós-simulação. No Campeonato Paulista, nenhum. Em amistoso internacional, a punição se deu por vaias da torcida. Na Libertadores, ontem, Amarilla cumpriu o riscado (e foi criticado por muitos).

 

Neymar alega ser perseguido pelos árbitros. Ora, ele não está reclamando a toa?

 

Considere o seguinte: em lances de jogadas divididas, costumeiramente há quedas. Mas…

 

se num lance de dificuldade na interpretação (falta ou não), o atleta cai na dividida, segue o jogo. Cair é natural para quem disputa;

 

se no mesmo lance cair e pedir pênalti, o árbitro deve mandar levantar, sinalizar que o lance foi normal e não marcar nada;

 

se a reclamação for acintosa e o árbitro entender que está jogando a torcida contra ele (ter o famoso ‘chilique’), deve punir o atleta com cartão amarelo pela atitude inconveniente ou reclamação contra a arbitragem;

 

se o atleta forçar a queda se atirando contra o adversário ou ao chão, é nítida simulação e se deve apitar o lance, além de aplicar o cartão amarelo.

 

Neymar, infelizmente, costuma forçar as duas últimas situações. O excesso de lances em que cai sem ser falta e que reclama desnecessariamente é absurdo. Tanto que, quando é falta realmente, o árbitro é levado a desconfiar.

 

O atleta – é necessário lembrar – havia melhorado o seu comportamento desde a chegada de Muricy Ramalho. Mantinha-se mais de pé no jogo, fazia jogadas mais objetivas e diminuiu os lances de infantilidade em campo. Evoluiu. Mostrou que estava a caminho da consolidação de ser chamado de craque.

 

Porém, há 10 dias, no amistoso em Goiás contra a Holanda, ele teve uma recaída. Cavou uma falta tão grotesca, que deu dó do zagueiro holandês. Mais pena deu do árbitro, que aplicou o cartão amarelo por acreditar que Neymar tinha realmente sofrido a falta. Na mesma partida, Neymar caiu de novo e o árbitro fez vista grossa. O menino reclamou (pra variar…). No final do jogo, Neymar desabou pela 3ª vez em campo após uma lance nornal e o árbitro marcou simulação de jogo, aplicando o amarelo. Neymar gesticulou, reclamou, fez que não gostou…

 

O nome do árbitro? Carlos Amarilla. O mesmo que apitou ontem Peñarol X Santos.

 

Será que Neymar não teve inteligência suficiente para pensar que o árbitro deve ter assistido o VT da sua atuação e visto que foi enganado por ele? E que não deveria praticar novamente tal atitude antidesportiva?

 

Não é que Neymar voltou a simular ontem? E, mesmo recebendo corretamente o cartão amarelo, resolveu justificar seu erro em cima da arbitragem, dizendo que é perseguido?

 

Ora, os árbitros que assistiram a partida e que conheço (todos os que conversei) dariam o cartão amarelo a ele. Só ele que não se puniria?

 

Se fosse um jogador comum, tal discurso seria choro que passaria batido. Mas como Neymar tornou-se “intocável”, a confusão foi criada.

 

Na semifinal São Paulo X Santos, Neymar invadiu a área, passou por Xandão, sofreu o pênalti do zagueiro sãopaulino e continuou de pé, conseguindo cruzar a bola para Ganso finalizar. Na Liga dos Campeões da Europa, Messi passou por 3 adversários no gol que fez na partida final contra o Manchester United, sendo que no primeiro foi empurrado e no último levou um pontapé; preferiu fazer o gol do que cair.

 

Se nas jogadas em que há falta se continuasse no lance, certamente se tiraria mais proveito das vantagens. Então por que tentar cavar a todo instante, se há habilidade?

 

Parece mais burrice do que estratégia. Aliás, a desinteligência foi tão grande em Montevidéu que, se Amarilla fosse rigoroso (ou, para alguns, caso prefiram, ‘perseguisse verdadeiramente Neymar’), teria aplicado o segundo amarelo nas outras oportunidades em que simulou durante a partida. Sua irresponsabilidade poderia custar a participação no jogo final aqui no Pacaembu.

 

Alguns dizem que os árbitros são corporativos e que há “perseguição”. Com jogador desconhecido nas 3as 4as divisões, não nesse patamar de visibilidade, acontece o seguinte: O árbitro fraquinho comenta com seu colega: “lá em Xiririca da Serra o camisa 5 é mala, me encheu o saco, fique atento se apitar lá”. E o seu colega encherá o peito e dirá: “Deixa comigo que eu não entro na dele” (isso seria persiguição?)

 

Nas divisões de cima, o que vale é o cuidado com as características dos atletas. Se algum árbitro amigo meu me diz que em tal time alguém se joga, ou bate, ou joga limpo, ou faz linha de impedimento… ou qualquer outra coisa, É INFORMAÇÃO para uma boa arbitragem.

 

Mas, cá entre nós… Alguém vai falar para árbitros conceituados: cuidado com o Neymar do Santos FC? Todos o assistem, ninguém precisa falar. Ronaldo, Romário, Zico, Ronaldinho Gaúcho… todos sabem quem eles são e quais são suas características.

 

O bom árbitro assiste campeonato. Sabe, por exemplo, que fora de forma Ronaldinho Gaúcho está muito chorão, já que como não ganha na velocidade, tenta ganhar no grito. Sabe que o time do Palmeiras tenta cavar faltas na área para o Marcos Assunção tentar fazer gol. Sabe que o garoto Lucas prefere a vantagem do que a falta e que tem que ter bom preparo físico em jogos do São Paulo. E sabe, claro, que Neymar é cai-cai. DEVE SE PREPARAR PARA ESTAS SITUAÇÕES.

 

Claro que estar preparado não é estar predisposto. Essa é outra história…

 

E você, o que pensa sobre isso? Neymar fez por merecer a sua fama de simulador de faltas ou não? Deixe seu comentário:

 

(Fico pensando: se Neymar jogasse no Campeonato Argentino, 3 situações prováveis: ou não seria titular, ou ficaria de pé, ou já teriam lesionado ele seriamente).

 

Ops: faltou falar: desde quando advertência verbal é perseguição? Dizer ao jogador: “se você pular de novo eu te expulso” é bronca, não é nada contra a Regra do Jogo.]

 

Daqui a pouco, dirão que os árbitros estão praticando assédio moral ou bulling sobre o Neymar… Se ele amadurecer, o futebol brasileiro será grato. Se continuar assim, teremos mais uma promessa que virou jogador comum.

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