por Reinaldo Oliveira
Hoje, dia 1º de junho, é comemorado o Dia da Imprensa. Mas, aqui abro um parêntese para uma reflexão: o que seria a Imprensa sem a figura do jornalista? Pois um completa o outro Logo, permitam-me colocar o que penso. Até porque, como em qualquer atividade, hoje existem empresas e profissionais movidos apenas pelo interesse financeiro, pouco se importando com o trabalho sério e responsável que o meio exige. Curioso e até pelo tempo de caminhada, onde vi nascer e morrer muitos jornais, empresas de comunicação, bem como alguns colegas de caminhada, não poderia deixar a data passar em branco. Por conta disso li, e muito já foi escrito, sobre o que pensam sobre a data. Começo falando um pouco da profissão jornalista e faço a seguinte provocação: jornalismo é uma cachaça, um sacerdócio ou são os dois? O jornalista de verdade é um compulsivo. Ele apura notícia e faz jornal 24 horas por dia, 365 dias por ano, até de férias ou desempregado. E escreve, escreve, escreve – ainda que lhe cortem as mãos. Exagero? Pois lembremos que ele – o jornalista que somos nós! – acorda e vai tomar o café da manhã com a notícia na boca, ou nas bocas que a TV lhe impõe cara-a-cara, e o jornal que lhe empurra goela abaixo servido madrugadinha como o pão de cada dia. Pão que às vezes o padeiro tarda, mas o jornal não falha.
Isto quando, pelo fato acontecendo, o editor faz contato por telefone, face, twitter, e-mail, etc. passando uma pauta urgente, independente da hora e do local onde estás, às vezes, direto para sua casa. E assim é na prática. Com certeza você, jornalista, sabe do que estou falando.
E jornalista que não se informa bem sobre tudo que está acontecendo, o tempo todo, a toda hora, não é jornalista. Assim é preciso se informar bem e estar focado em tudo à sua volta e no mundo. E como os acontecimentos vão surgindo repentinamente, em grande velocidade, o tempo é o inimigo angustiante. Ele corre tão rápido, mas tão rápido que quando você se dá conta, já está no bar ….. discutindo notícia…. para relaxar! E à noite, quando chega à cama e é possível dormir, como deixar de sonhar com àquela manchete, àquela nota bomba, com a crônica que deve ser escrita antes mesmo do primeiro cafezinho da manhã? Ou mesmo com aquilo que você sabe que vai contra os “poderosos de plantão” e mesmo assim, você investiga, redige, faz todo o seu trabalho, mesmo sabendo que vai ser questionado? Respondendo a pergunta inicial, este é o sacerdócio. Porém, não deixa de ser cachaça.
E aqui entra a parte de que o patrão te remunera mal e mesmo assim você continua lá, submisso enquanto a conscientização não vem e encarar de fato a necessidade de opinar/discordar/escolher e nós – repórteres, redatores, editores – não evoluirmos profissionalmente para impor as verdades dos fatos, as versões que não sejam apenas as da conveniência dos donos disso que hoje chamam de mídia. Por falar nela, ô palavrinha obscena e abominável, vinda lá das estranjas tão asséptica e massificada, impondo o poder da comunicação jornalística. Logo vai um protesto: mídia não, jornalismo sim. Afinal, ninguém nos chama de mídia, mas de jornalistas! Feitas estas considerações, digo que além de responsável pelos jornais informativos de algumas entidades beneficentes, atuo como colaborador de vários outros meios de comunicação (jornal, rádio e tv), tenho escrito mais do que os espaços suficientes para publicá-los. Porém isto faz parte da compulsão. Logo neste dia dedicado à Imprensa, quero dividir com os amigos jornalistas – que fazem esta Imprensa séria e comprometida com a verdade e transformação, as várias manifestações de carinho recebidas pela data. Embora muitas vezes incompreendido, pelo que escrevo de forma livre, estas manifestações motivam a continuar fazendo àquilo que gosto. E viva a imprensa livre e o nobre exercício da profissão de jornalista. É isso!
