Sempre defendi que os clubes de futebol devam ter instrutores de arbitragem. E não levanto essa bandeira em causa própria… Penso que os clubes evitariam cartões e tirariam proveito de certas manhas que a regra permite.
Mas nessa noite tivemos um cartão polêmico na partida entre Santos X Cerro Porteño, envolvendo Neymar.
Desconhecimento da regra ou detalhe maroto? Ou, ainda, erro do árbitro?
Vamos lá: não existe punição prévia para certos lances, e, para muitas situações, onde não há especificamente o relato da possível infração, você deve fazer a avaliação entendo a Regra do Jogo pelo Espírito da Regra.
Quando você tira a camisa na comemoração de um gol, você não está recebendo o cartão por retardamento do jogo ou por comemoração excessiva do gol, mas sim por DESCONFIGURAR O UNIFORME.
Se um jogador troca o seu uniforme em campo, ele recebe amarelo, pois, afinal, ele está em jogo e desconfigurou o mesmo. Se ele pedir ao árbitro para arrumar (trocando as peças), ele deve sair, e lá fora de campo pode arrumar e pedir para voltar.
Se um jogador tem uma camisa de mangas compridas por baixo da camisa de mangas curtas e quer tirá-la, ele deve seguir o princípio acima. Afinal, para fazer isso, precisa desconfigurar o uniforme.
Mas, nesta quarta-feira, Neymar desconfigurou o uniforme? Ele viveu a situação contrária, pois tinha a comprida sobre a curta. Se ele está em campo, tira a camisa e permanece uniformizado, onde há a infração?
Ele não fez nada de irregular. Poderia jogar a camisa para a lateral ou para alguém (fora de campo). Neymar só poderia tomar cartão ali se ele saísse de campo sem pedir ao árbitro. E aí independe se foi tirar a camisa, trocar a chuteira ou tomar água: o erro consiste em abandonar o campo de jogo sem comunicação. Neste caso, no momento em que o árbitro for avisado da irregularidade, o atleta deve receber a ordem de sair de campo (pois voltou sem autorização), ir até a lateral e retornar o gramado com a permissão oficial – e, na seqüência, receber o cartão amarelo. Se a bola estivesse rolando e isso acontecesse, a partida deveria ser paralisada e reiniciada com o tiro livre indireto para o adversário, no local onde a bola se encontrava.
Alguns podem até se utilizarem de um detalhe da regra em que ela fala que “sair de campo para comemorar o gol ou por força da jogada são ações permitidas”. Ok, mas não tem nada a ver com a Regra 4 – equipamentos dos atletas, que traz a específica ordem: se o atleta arrumar o uniforme fora de campo e não pedir ao árbitro, deve levar cartão amarelo!
Então, a questão é simples: já que Neymar não desconfigurou o uniforme, mas simplesmente tirou uma idêntica, fica a dúvida: foi fora ou dentro de campo? Se dentro, não deveria ter tomado cartão. Se fora, por mais dura e antipática que seja a regra, acertou o árbitro.
O cartão só se justifica por sair de campo sem autorização.
Aproveitando, escrevo esse post sem saber o resultado final (falta 30 min para o término do jogo), mas algo pode ser dito sobre a arbitragem: ruim. Jorge Larrionda é rigoroso demais em alguns lances e conivente demais em outros. Cáceres, por exemplo, já poderia ter sido expulso no primeiro tempo. Árbitro da experiência dele não pode deixar tanto jogador buzinar em seu ouvido…
E você, o que acha desse detalhe da regra? Deixe seu comentário:
