– De Quem Não Gosta da Páscoa… Infelizmente!

 

Olha só que triste- respeitando todas as opiniões, mas há gente que detesta a Páscoa. E justifica o seguinte: que o pior da Páscoa é… CRISTO!

 

Nossa… que Deus os perdoe. Nesse texto, o escritor Marcelo Carneiro da Cunha defende que o Coelho da Páscoa seja institucionalizado como símbolo ao invés de Jesus Cristo e questiona: por que temos pena de Cristo na cruz se foi Ele quem quís estar lá…

 

Respeito o escritor, mas… é de uma insensibilidade sem igual aos cristãos do mundo inteiro.

 

CHEGA DE PÁSCOA SOFRIDA

 

Por Marcelo Carneiro da Cunha

 

Estimados leitores, essa coluna inicia aqui o movimento internacional e global pelo fim da Páscoa. O que não significa o final do feriado, de maneira alguma. Todo mundo vai poder continuar ficando preso em engarrafamento livremente, não se preocupem.

Mas, o que eu acho que seria uma excelente ideia é apenas remover do nosso calendário emocional uma data baseada no pior do catolicismo: a ideia de compartilhar do sofrimento de algo ou alguém que estava lá de propósito e para isso mesmo.

Páscoa, estimados leitores, está centrada na tal paixão de Cristo. Mas paixão aqui no sentido latino, de passio, ou sofrimento. Na paixão de Cristo, o coitado é sovado sem dó por romanos e por quem mais estiver assistindo, e a gente é convidado a compartilhar da pancadaria na condição de quem a sofre. No grande final, o sujeito que veio até aqui para salvar todo mundo dos seus pecados é solenemente crucificado. Essa não é a minha ideia de divertimento, estimados leitores.

Apenas como comparação linguística, compaixão é compartilhar do sofrimento do outro. Na forma germânica, compaixão é Mitgefühl, ou algo assim, significando co-sentir, ou compartilhar dos sentimentos do outro. Eu gostaria muito, muito mais se a gente passasse a comemorar um feriado onde se praticasse o Mitgefühl, e a gente se dedicasse a sentir o outro, e, eventualmente, compreendê-lo, do que passar dias pensando no coitadinho do outro e o quanto ele se sacrificou por nós, sem que a gente pedisse.

Culpa, dor, sofrimento. Essa é a parte do catolicismo que mais me incomoda, o culto ao que existe de pior na vida, a celebração da morte, o que invariavelmente leva a sentimentos de vingança. Meu pobre pai sofre até hoje pelo que ele e os meninos da sua vizinhança faziam no sábado de malhar Judas, instigados pelo padre, quem mais.

Saibam que os romanos crucificavam todo mundo e por qualquer motivo. O cara espirrou torto, pimba, crucifiquem. Madeira e mão de obra custavam pouco, a civilização romana, com toda sua sofisticação, era muito cruel na essência. Não havia nada de especial em crucificar alguém, apenas o horror da coisa, que os contemporâneos viam e temiam. A cruz somente foi adotada pelo cristianismo uns quatro séculos depois de pararem com a prática da crucificação, quando a memória do seu horror já estava distante o suficiente para a cruz poder ser tratada como símbolo, um símbolo muito, muito eficaz. Para que celebrarmos hoje em dia o que existe de pior em uma religião tão preocupada com o sofrimento nesse mundo? Vamos para o outro lado, vamos curtir o feriado imersos em pensamentos mais felizes.

O coelhinho da Páscoa é o meu candidato a se tornar o símbolo da Nova Páscoa. Chocolate é muito melhor enquanto proposta de vida. Estimulante, prazeroso pra caramba, mais saudável do que dizem. E o coelhinho, por diversos motivos, é símbolo do que existe de divertido na vida, não é?

Não que coelhos ovíparos sejam exatamente algo muito racional. Mas, se pensarmos em crenças esquisitas, o mito cristão é tão esquisito quanto, e muito menos feliz. Feriado do Coelhinho, já. Começou a campanha e unam-se a ela, caros leitores.

O mundo era o que era, e é certo lembrar dele como foi, para compreendermos melhor o que nos tornamos. Mas celebrar os seus piores aspectos, eternizando-os em nossa mente coletiva não me parece uma boa maneira de caminhar pela vida, como sociedade.

Guerras, lutas, morte, dureza, fome, constituíram a experiência central da humanidade por milênios, mas lutamos muito e superamos parte desse karma. Existem guerras, existe infelizmente ainda a fome. Mas a maioria dos humanos não está experimentando nada disso e provavelmente nunca irá ter a tristeza de passar por tanta desgraça. Temos vacinas, produzimos comida, criamos sistemas de governo centrados na ideia de que o bem comum deve ser buscado por todos e para todos. Queremos aprender a parar de aquecer o planeta, devastar sua natureza e eliminar a pobreza mais dura. Assim que conseguirmos isso e ainda por cima fizermos desaparecer o axé, estaremos bem. Isso, sim, merece ser celebrado, e creio que o Coelhinho, com sua mensagem de fertilidade e alegria será um ótimo representante do novo feriado.

Enquanto vocês pensam no assunto, vou aqui praticar a felicidade fazendo o meu inigualável chocolate quente, receita do Café Hermés, de Paris, com o maravilhoso chocolate Rey, em pó e em barra, vindo da Venezuela especialmente para essa ocasião.

Quem quiser se juntar a mim nos festejos da Nova Páscoa, é só pedir e eu mando a receita do chocolate quente perfeito. Uma feliz Nova Páscoa a todos, é o que lhes deseja esse seu servo, eu.

 

(Extraído de: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5089300-EI8423,00-Chega+de+Pascoa+Sofrida.html)

Um comentário sobre “– De Quem Não Gosta da Páscoa… Infelizmente!

  1. Professor, esse cara é ateu mas a gente tem que respeitar. Só que ele não respeita a minha crença.
    Que idiota.
    Daniela.
    Gostei do seu blog vou visitar sempre

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  2. Evangélicos, Católicos ou Batistas: todos crêem no cristo vivo e reessurecto.
    Este irmão que pede o fim do sofrimento na cruz deve se rperdoado. Deus, pelo próprio Jesus, o salvará pela ignorância.
    Pior são aqueles que acreditam em cristo e vivem sem testemunhar o seu amor, deixando a fé a ea sobras de lado.
    Que Cristo nos abençoe nos guarde. Amém.

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  3. Tudo bem que vcs estão respeitando, mas eu acho esse escritor um coitado.

    Feliz Páscoa pra ele também.

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  4. Como cristãos e servos de Cristo que morreu e venceu a morte, devemos respeitar aqueles que o próprio Cristo nos disse que seriam lobos vestidos de cordeiro.
    Marcelo aparenta viver ainda na sexta-feira onde mataram Jesus dentro dele, rezemos então para que Cristo ressussite!

    Deus abençõe!

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  5. Algumas (pequenas) pessoas sentem uma grande necessidade de aparecer. Esse cidadão certamente tinha conciência da polêmica que ia causar. Criticá-lo seria apenas alimentar o desejo dele de ser notado. Não vale à pena.

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