Antes, no meu tempo de árbitro, a FPF obrigava aos árbitros a se sindicalizarem para poder apitar. Quem não era do SAFESP, não apitava jogos de futebol profissional. “Morriam” 5% das taxas, além da anuidade.
Há alguns anos, criou-se um grande imbróglio político entre os grupos de dirigentes do apito. O ex-dirigente do SAFESP e integrante da Comissão de Árbitros da FPF, Arthur Alves Jr, juntamente com Silas Santana, Ouvidor da Arbitragem da FPF, “atendendo ao clamor dos árbitros” – de quais eu não sei dizer – criaram a Cooperativa dos Árbitros. Esta passou a ser a entidade oficial entre a Federação Paulista e os árbitros. Desde então, quem não é cooperado não apita os jogos da FPF. E o discurso era de que a Cooperativa viria a substituir o deficitário trabalho do Sindicato.
Pois bem: agora o sindicato será administrado por Arthur Alves Jr, eleito por unanimidade no final do ano passado. O dirigente da Coafesp e da FPF, agora como representante do SAFESP, negociou com o presidente da Federação Paulista, Marco Polo Del Nero, o aumento do desconto de 6% nas taxas dos árbitros, sendo que 2% irão para o Safesp.
Nesse país, é proibido obrigar-se à dupla filiação sindical. Claro, nem todo mundo que é Cooperado (que é obrigado pela FPF) é Sindicalizado; mas todo árbitro obrigatoriamente estará financiando as duas entidades, do mesmo dirigente.
Dois anos atrás o Ministério Público, após denúncias do jornalista Ricardo Perrone, então na Folha de São Paulo, proibiu o fato de se exigir dupla filiação (os árbitros chegaram a ser, num primeiro momento, obrigados a se filiarem na Cooperativa e no Sindicato). Agora, descobriram uma burla: você não se filia as duas, mas tem que pagar.
E com quem os árbitros poderão reclamar? Se a entidade que os representa é a mesma que as golpeia? Ou alguém vai dizer que é um “clamor dos árbitros cooperados em querer pagar o sindicato”?
Se eu estiver errado, e alguém souber que foram os árbitros que pediram para que se desconte mais dinheiro das suas taxas, por favor, me corrijam!
