Nesta última quarta-feira, li um post de Joseph Sepp Blatter no Twitter, destacando: “Árbitros Profissionais somente na Brazil’14 World Cup”, com uma chamada para uma entrevista de Blatter no site FIFA.com (O link pode ser acessado clicando em: Pro Referees Only Brazil 14).
Curioso, pois ouço tal tema há muitos anos e nunca resolveram o problema. Resolvi então ler o texto original e, apesar da minha regular/fraca fluência em Inglês, nada achei de proposta, a não ser a promessa. Procurei alguma tradução para o Português, e… nada! Conversei com amigos, mas… ninguém tem idéia do que seja a idéia real da FIFA.
Assim, sem titubear, dá para afirmar que a FIFA quer a profissionalização mas não sabe como fazê-la! O intuito de melhorar a arbitragem é louvável, mas jogar a idéia para a comunidade futebolística sem idéias ou propostas, no vazio, é demagogia pura.
Se ela quer a profissionalização, assuma os custos da mesma. Que tal remunerar os árbitros com escudo FIFA por conta dela, entidade maior do futebol, pagando os salários e encargos tributários?
Falar é fácil. Mas como fazê-lo?
Na Inglaterra, os árbitros são profissionais e recebem um salário mensal e um adicional por jogos apitados. Na Argentina, há a semi-profissionalização, onde os árbitros semanalmente têm que cumprir alguns compromissos com a AFA. No resto do mundo, ele é amador mas age e é cobrado como profissional.
No Brasil, os árbitros têm que conciliar a rotina de trabalho com a rotina da arbitragem. Acordam mais cedo ou dormem mais tarde para poderem treinar; abrem mão do convívio familiar para cumprirem a escala dominical. Mas, cá entre nós: será que os árbitros de ponta do Brasil “batem cartão”? Claro que a maioria não, senão não haveria patrão que agüentasse as faltas no meio de semana para as rodadas na terça/quarta/quinta. Boa parte é profissional liberal, empresário, autônomo, funcionário público… E, claro, sofre também para conciliar suas atividades.
Mas aí vem o conceito: o que é ser profissional do apito? Numa versão Weberiana da Sociologia da Burocracia, diria que o cotidiano desse profissional seria:
– treinar fisicamente durante os períodos matutinos (condicionamento e simulações de jogo);
– nos vespertinos, reler regras, assistir vídeos, discutir situações de jogo;
– incluir uma folga semanal;
– remunerar mensalmente – independente do número de jogos, pois, se comissionados, teríamos uma guerra pelas escalas;
– recolhimento por parte da entidade organizadora do evento dos encargos fiscais;
– plano de saúde; fisioterapeuta; psicólogo; e, principalmente,
– isenção da Comissão de Árbitros em relação aos clubes.
Utopia?
Sim, utopia. Pense no nosso âmbito local: se quer realmente árbitro profissional, quem arcará com uma política de trabalho como a sugerida acima? A CBF? As Federações Estaduais? Os Sindicatos? As Cooperativas?
Ninguém, claro.
A FIFA lançou a profissionalização da arbitragem como solução (segundo ela) para os problemas nas Copas do Mundo. Que ela assuma sua responsabilidade para tomar à frente desse novo processo.
Penso, particularmente, que as entidades organizadoras se esquivarão do modelo ideal e tentarão modelos alternativos, convocando árbitros para treinos mais sistemáticos em meio às suas atividades profissionais; continuarão tratando-os como “prestadores autônomos de serviços” (essa é a relação dos árbitros com a FPF, por exemplo) e aumentarão o número de árbitros para que elas, entidades, não sejam reféns de nomes – o que traz um viés inevitável: quanto mais árbitros, mesmo jogos para cada um e menor ritmo de jogo; diminui-se a qualidade da arbitragem e o emprenho dos árbitros.
E você, qual idéia para profissionalizar os árbitros? Deixe seu comentário?

Dentro do exposto, uma pergunta para os leitores do blog: Quando um interessado procura a Escola de Árbitro sele procura uma atividade profissional ou quer apenas atuar na função? O aluno tem conhecimento de tudo isto, ou seja, ele sabe que deverá conciliar com suas atividades? Se sim, não cabe a cobrança. As regras são claras, exceto é claro a forma de se chegar a alto escaláo. Sempre na opinião de alguém e pelo que leio aqui, a critério das comissões. Para podermos opinar temos que colocar todas as cartas na mesa, boas ou más. Pergunto ao professor, profundo conhecedor da matéria. Quantos árbitros e assistentes atuam em São Paulo. Qual seria a estrutura necessária para manter todos empregados? Quanto seria o salário ideal para cada um, além das cotas por jogo? Respondidas tais perguntas podemos avançar um pouco na discussão. Entendo que o árbitro é como qualquer profissão. O que é ser um grande árbitro. O Simon, por exemplo, com 3 copas nos costados erra tanto quanto qualquer outro. Outro coisa, se o árbitro for demitido vai atuar em qual empresa? (no caso em qual outra federação?)
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