– Presídios Lotados e Aumento da Violência no Interior

 

Por Reinaldo Oliveira

 

Se você fizer uma visita a pagina da Secretaria de Administração Penitenciária, vai encontrar lá os seguintes números, que mostram a superlotação dos presídios no Estado de São Paulo. A penitenciária de Dracena/SP construída para abrigar 768 detentos está abrigando 1199, a de Flórida Paulista/SP para 768 está com 1262, a de Irapuru/SP para 768 está com 1234, a de Junqueirópolis/SP para 792 está com 1253, a de Lucélia/SP para 792 está com 1248, a de Martinópolis/SP para 792 está com 1218, a de Osvaldo Cruz/SP para 672 está com 1080, a de Pacaembu/SP para 792 está com 1240, a de Pracinha/SP para 768 está com 1264, a de Tupi Paulista/SP para 768 está com 1235 e o Centro de Progressão Penitenciária de Pacaembu/SP para 672 está com 1004. Além destes presídios, em alguns destes municípios há também unidade de presídios femininos e unidades da Fundação CASA (antiga FEBEM), que abriga as mulheres e menores infratores. O ponto em comum destas cidades é de que estão num raio de mais ou menos 100 km e a população destes municípios é relativamente baixa, como exemplo as cidades de Pracinha com pouco mais de 2 mil habitantes, Irapuru por volta de 7 mil habitantes e assim por diante. Logo são municípios com baixo efetivo de segurança e saúde pública entre outros, mas que têm que atender a demanda desta população carcerária. Visitando a página do www.avozdeirapuru.com.br, da pequena e acolhedora cidade de Irapuru/SP, os últimos três editoriais postados ali, diz bem da realidade que o município enfrenta, com relação ao aumento da violência, após a instalação destes “presentes de grego” nela e demais cidades próximas, tendo em vista que uma dista da outra em média pouco mais de 20 km. No editorial “O perigo mora ao lado”, informa que: “Infelizmente, a insegurança já está rondando a nossa região e, as pessoas de bem, já não podem mais viver tranquilas como em tempos atrás. Quer queiram ou não, com a chegada das penitenciárias e unidades da FEBEM, houve uma inversão de valores e, pensar em andar com segurança, já é assunto ultrapassado”. Isso devido o grande número de penitenciárias instaladas na região. O problema de violência e medo não está restrito apenas aos presos, mas também aos parentes que vêm visitá-los todo fim de semana, disseminando o tráfico de drogas. Também descreve que um casal retornando da cidade de Presidente Prudente/SP, quando em trânsito pelas ruas da pequena Flora Rica/SP, ao diminuir a velocidade do veículo num obstáculo, quase foi roubado por um indivíduo armado que os ameaçou. Escaparam imprimindo maior velocidade no veículo. Em outro editorial “Chance perdida”, relata o caso de uma família da cidade que foi rendida por dois bandidos que saíram beneficiados pelo feriado do Dia da Criança. Neste caso, percebido por vizinhos que alertaram a polícia, os bandidos foram presos e voltaram para as grades. Porém ali está um alerta de que a violência sempre aumenta durante os feriados prolongados, pois os presos favorecidos pela “saidinha” para visitar a família, aproveitam para praticar uma série de crimes. No editorial “Menor, problema maior”, relata que os menores destas cidades, antes pacíficos e freqüentando as escolas, agora depois da bebida e do cigarro, chegou a vez das drogas. Por conta disso algumas ocorrências já foram registradas de assaltos e roubos praticados por menores. Relata também o caso de menores em cumprimento de pena na unidade da Fundação CASA, quando em aula numa escola do município, se negaram a consumir a merenda oferecida pela escola, pois alegaram que na umidade em que estão cumprindo pena, as instalações como quadra esportiva, sala de diversão e comida servida, era de melhor qualidade do que as que eram servidas naquela escola. O editorial conclui que tal colocação por parte dos infratores, incentiva outros menores da escola a delinqüirem para ter atendimento igual os que estão cumprindo pena. Muitos outros exemplos do aumento da violência no interior, por conta da instalação e transferência de detentos para estes pequenos municípios, podem ser encontrados nas páginas dos jornais locais. De maneira hipócrita, as autoridades responsáveis pelas áreas afetadas pelo aumento da violência, sempre que instados a falar do assunto negam que esteja havendo aumento da violência. Enquanto isso, a população sofre e vê gradativamente o crescimento do problema, porém é impotente para reivindicar solução para o problema. A coluna “Contexto Paulista” publicado em vários jornais, tem abordado, inclusive com dados estatísticos recentes, que a situação, principalmente com relação ao aumento do uso de drogas, é crescente e alarmante. É Isso!

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