Dom Edmilson poderia ser um bispo desconhecido. Mas, ontem, mostrou-se um homem de virtudes singulares!
O religioso foi homenageado com uma comenda no Senado. Chamado ao plenário para recebê-la, RECUSOU-A E PASSOU UM SABÃO no Congresso.
Essa sim é uma atitude coerente e virtuosa. Veja abaixo como foi o episódio. (Senhores políticos, reflitam bem esse caso):
BISPO CERAENSE RECUSA COMENDA DO SENADO
Durante discurso, dom Edmilson afirmou que, enquanto os parlamentares reajustaram seus salários em 61%, motoristas de ônibus em Fortaleza tiveram 6%
Em protesto contra o reajuste salarial de 61% autoconcedido pelos parlamentares, no último dia 16, o bispo cearense Dom Manuel Edmilson da Cruz recusou a comenda “Direitos Humanos Dom Helder Câmara”, que lhe foi oferecida pelo Senado por indicação do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).
No plenário da Casa, o discurso de Dom Edmilson surpreendeu os senadores, que haviam reservado a manhã de ontem para realizar a sessão de entrega da comenda.
O bispo lamentou que o Congresso tenha aprovado reajuste para seus próprios salários em 61%, enquanto os trabalhadores do transporte coletivo de Fortaleza “mal conseguiram” 6%. Ele também mencionou as aposentadorias reduzidas e o salário mínimo que cresce em “ritmo de lesmas”. “Quem assim procedeu não é parlamentar. É para lamentar.”
Autor do projeto da Comenda, o senador José Nery (Psol-PA), que votou contra o reajuste e presidia a sessão durante a homenagem, disse que o Congresso deveria refletir sobre o reajuste após o protesto do bispo. Mais tarde, ao O POVO, Nery afirmou que talvez fosse mais “adequado” o bispo dizer que “simplesmente não ia receber”. “Vir até aqui causou um certo mal-estar. Mas em nada esse fato pode diminuir o gesto e a decisão do Senado em instituir comenda para homenagear Dom Hélder”, afirmou.
Além do bispo, a homenagem foi oferecida a mais quatro autoridades que se destacaram em favor dos direitos humanos: dom Pedro Casaldáliga, Marcelo Freixo, Wagner de La Torre e Antônio Roberto Cardoso.
