– Pio XII: de pró-Nazista a pró-Judeu

 

A figura do papa Pio XII sempre foi contestada. Seu papado ocorreu em meio a Segunda Guerra Mundial, e a acusação mais freqüente foi a de omissão frente os crimes de Hittler. A comunidade judaica sempre fez ressalvas à sua figura.

 

Agora, livros apontam que Pio XII, na verdade, foi um herói que salvou milhares de judeus.

 

Justa correção histórica!

 

Em: http://www.istoe.com.br/reportagens/114896_A+ABSOLVICAO+DE+PIO+XII

 

A ABSOLVIÇÃO DE PIO XII

 

Por Rodrigo Cardoso

 

No mesmo livro em que se revela mais flexível sobre o uso do preservativo, “Luz do Mundo: O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos”, lançado no mês passado, Bento XVI toca em uma ferida que não cicatriza há mais de meio século. A autoridade máxima da Santa Sé conta que uma investigação sobre a vida de Pio XII (1876-1958) confirmou “aspectos positivos” daquele papa durante o período marcado pelo extermínio de seis milhões de judeus nas mãos de nazistas. Sumo Pontífice entre 1939 e 1958 e responsável, portanto, por conduzir a Igreja Católica durante a Segunda Guerra, Pio XII ganhou a pecha de Papa de Hitler por, supostamente, se omitir enquanto os judeus eram levados aos fornos de Auschwitz sob as ordens do Führer. Mas, além do próprio Joseph Ratzinger, livros e uma associação de judeus saem em defesa do controverso religioso de origem italiana.


No mês passado, Bento XVI reuniu-se no Vaticano com o judeu Gary Krupp, fundador da Pave the Way Foundation (Ptwf). Essa organização, que trabalha para eliminar os entraves entre religiões, havia conseguido, no início do ano, uma autorização para digitalizar e publicar cinco mil documentos dos arquivos secretos do Vaticano, datados entre 1939 e 1945. Até agora, a fundação já disponibilizou 40 mil páginas de documentos, artigos e vídeos com testemunhos de pessoas que contam como elas ou seus familiares teriam sido salvos por intervenção de Pio XII.

 

Um dos depoimentos foi feito pelo americano Robert Adler, membro da Comissão do Alabama para o Holocausto. De acordo com ele, seu pai, Hugo Adler, passou entre cinco e seis semanas escondido no Vaticano, em 1941, onde teria se encontrado com o papa Pio XII em várias ocasiões. Chegara até lá vindo de Viena, na Áustria, graças a uma rede da Santa Sé que atuava discretamente na Europa. “Meu pai teria morrido não fosse a intervenção de Pio XII”, diz Robert em vídeo disponível no site da Ptwf. Ao todo, Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli, membro da nobreza italiana que mais tarde viria a se tornar Pio XII, “salvou pelo menos 700 mil judeus da morte certa pelas mãos dos nazistas”, segundo escreve o ex-cônsul de Israel em Milão Pinchas Lapide em seu livro “Três Papas e os Judeus”.


Apesar de famosos como o físico Albert Einstein e a ex-primeira-ministra israelense Golda Meir terem manifestado a sua gratidão pelos feitos de Pio XII durante a Segunda Guerra, muitos judeus tacham de covarde sua postura. “Pesa contra ele o fato de não ter sido ousado em desafiar o nazismo publicamente”, afirma o sociólogo Luiz Alberto Gomes de Souza, da Universidade Cândido Mendes. “Ele era diplomático, foi prudente em excesso. Ao passo que seu antecessor, Pio XI, fez críticas agudas ao nazismo e ao fascismo.”
Católicos defensores de Pio XII argumentam que ele agiu nos bastidores e preferiu não provocar Hitler para que judeus e católicos não sofressem retaliações maiores. Alguns dos documentos disponíveis no site da Ptwf mostram a atuação do bispo de Campagna, na Itália, Giuseppe Palatucci. Ele e dois irmãos teriam salvado cerca de mil judeus, seguindo instruções de Pio XII. Em Roma, 155 conventos e mosteiros abrigaram cinco mil judeus.

 

Faz um ano que Bento XVI proclamou venerável Pio XII, cujo processo de beatificação se arrasta desde 1965 – a controvérsia sobre sua atuação no período do Holocausto prejudicou o trajeto rumo à santidade. Das mãos de Krupp, da Ptwf, Bento XVI recebeu um exemplar de “Hitler, a Guerra e o Papa”, de Ronald Rychlak. Foi presenteado, também, com “O Contexto do Papa Pio XII”, ainda não publicado, escrito por Rychlak e pelo general Ion Mihai Pacepa. Ex-membro da inteligência que desertou do bloco soviético, Pacepa foi recrutado para pintar Pio XII como colaborador do nazismo. Ele conta no livro que o Kremlin queria difamar a Igreja por sua postura anticomunista. Em 1960, Nikita Kruchev aprovou um plano secreto para destruir a moral da Santa Sé.


Escolhido como alvo, o Papa Pio XII, que servira como núncio papal em Munique e em Berlin entre 1917 e 1929, época em que os nazistas ascendiam, deveria ser tachado de antis­semita. Sob o disfarce de um agente romeno, Pacepa negociou um acordo que promovia a retomada das relações entre o Vaticano e a Romênia em troca do acesso aos arquivos da Igreja. Trono-12 era o nome dessa operação, que resultou, segundo ele, na peça “O Vigário”, de 1963. Traduzida para 20 idiomas, a obra retrata Pio XII como uma pessoa distante das mazelas da guerra, mais preocupada com as finanças da Santa Sé.

Neste ano, o Vaticano informou que a totalidade dos arquivos secretos sobre o pontificado de Pio XII – aproximadamente 16 milhões de textos – estará disponível em até cinco anos. Será a hora de descobrir se, nesse extenso roteiro, Pio XII encontrará a tão almejada absolvição, já cantada por muitos judeus.

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– O Ouro do Tráfico

 

É de arrepiar (e ao mesmo tempo de entristecer) a matéria de Wilson Aquino na Revista Istoé dessa semana sobre o Ouro utilizado pelos bandidos no tráfico de drogas no Complexo do Alemão.

 

Você sabia que a grossura e formato das correntes significavam níveis de autoridade diversos nos morros? Até filhos de bandidos, com 3 anos de idade, eram “forrados” de jóias!

 

Abaixo, extraído de: http://www.istoe.com.br/reportagens/114877_O+OURO+DO+TRAFICO

 

O OURO DO TRÁFICO

 

Bandidos sempre gostaram de ostentar poder com joias – de preferência grossas, enormes e bastante brilhantes. As peças costumam ser tão caras quanto excêntricas. Com a tomada do Complexo do Alemão pelo poder público, pôde-se ter uma ideia do fascínio que o ouro exerce neles. A Polícia Civil do Rio de Janeiro apreendeu um CD com fotos de traficantes, parentes e amigos exibindo um verdadeiro arsenal de ouro e pedras preciosas por todo o corpo. Esse CD é mais uma comprovação da riqueza escondida em mansões disfarçadas entre as residências pobres do Alemão, célula central do tráfico de drogas do Rio. As imagens mostram alguns dos 600 homens que integravam (ou ainda integram porque muitos fugiram) as facções criminosas da comunidade usando peças que nenhum cidadão carioca se sentiria seguro de exibir. Mas eles ostentavam tranquilamente a riqueza.

O professor Paulo Storani, que também é ex-capitão do Batalhão de Operações da PM do Rio (Bope), não se surpreendeu com o que viu. Segundo o homem que inspirou o personagem Capitão Nascimento de “Tropa de Elite”, o cordão de ouro virou símbolo de ostentação dos traficantes há cerca de dez anos. Antes disso, eles preferiam a prata. “Quanto mais grossa for a corda (forma como os bandidos se referem aos cordões de ouro), maior o status. De acordo com o delegado Roberto Gomes, chefe da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), muitas dessas joias são produto de assaltos a joalherias. Gomes explica que, em diversos casos, o tráfico age indiretamente no roubo, seja fornecendo armamento para as quadrilhas, seja com apoio logístico, permitindo que o bando se esconda em seus redutos após o assalto. Os traficantes também atuam como receptadores e usam o ouro como moeda para aquisição de entorpecentes e armas nas fronteiras ou para o pagamento de propinas.

Outra parte das joias é levada às bocas de fumo por viciados que furtam os bens da família para consumir drogas. Os traficantes têm ourives de confiança para derreter as peças e transformá-las em joias personalizadas. “Essa ostentação acaba seduzindo muitos jovens. Fascinados pela demonstração de poder, ingressam nas fileiras do crime”, lamenta o delegado Gomes. “A expectativa de vida deles é curta, então querem viver intensamente, transferindo o conforto de quem vive no asfalto para as favelas”, diz o professor Storani.
A pedido de ISTOÉ, o joalheiro e designar de joias Alfredo Grosso analisou as fotos e, do alto de sua experiência de mais de 40 anos no ramo, se disse “boquiaberto” com a quantidade de ouro que os criminosos carregavam no corpo. “Não se encontra isso em lojas. É coisa de rapper americano milionário”, compara o joalheiro. Grosso identificou pedras preciosas como rubis, águas-marinhas, topázios e ametistas encravadas em anéis, pulseiras e cordões de ouro maciço. “Parece que ele tem um quilo de ouro no pescoço”, espantou-se o joalheiro diante da foto do traficante que a polícia diz tratar-se de Gaguinho. O designer não tem dúvida de que os objetos são de ouro 18 quilates e estima o preço de alguns deles entre R$ 10 mil e R$ 35 mil somente de metal, fora os brilhantes e o trabalho artístico. “Só tem mastodonte”, diz o joalheiro, referindo-se ao tamanho das medalhas penduradas no pescoço dos bandidos. Ele nem se atreve a fazer uma avaliação financeira delas.

No entanto, especialistas disseram que, se as joias forem realmente verdadeiras, alguns bandidos estavam adornados com mais de R$ 300 mil em ouro, pedras preciosas e brilhantes. No álbum de fotos do tráfico, percebe-se que os bandidos não tinham a menor preocupação com a chegada da polícia. Estão rindo, bebendo e ao lado de mulheres bonitas. “Muitas moram na zona sul carioca e também se encantaram com o poder exibido pelos traficantes, seja através das armas, seja do ouro”, garante o professor Storani, mestre em antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

As fotos mostram também que os traficantes não tinham nenhum cuidado em preservar a família. Um menino aparentando 3 anos, identificado como filho do traficante Bacalhau, aparece com uma corrente e um medalhão de ouro com as inicias JN. Outro, praticamente da mesma idade e que seria filho do traficante Macarrão, está com o corpinho praticamente coberto de correntes e medalhões de ouro, sendo um com o desenho de uma coroa. Até um bebê, descrito na foto como filho do chefe do tráfico no Alemão, o traficante Fábio Atanásio, o FB, que conseguiu escapar milagrosamente do cerco montado pelas Forças de Segurança, é exibido cheio de cordões de ouro.

O inspetor Jorge Gerhard, que durante anos chefiou o Serviço de Inteligência da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), diz que o uso de ouro pelo corpo faz parte do folclore da bandidagem, mas somente dentro das comunidades. “Se botar o pé para fora da favela ostentando uma medalha de um palmo pendurada no pescoço vai ser preso”, diz. “É um freio de camburão.”

– O Antidoping das Cias Aéreas

 

E se sua empresa lhe pedisse um exame toxicológico? Ou seja, um exame que diria se você já fez uso de LSD, cocaína, maconha, entre outras drogas? Qual a sua reação?

 

A Linhas Aéreas Azul é a pioneira no Brasil em pedir esses exames a seus pilotos. A medida é polêmica, e leva à discussão: até onde as empresas podem pedir tal exame?

 

Claro, dependendo do setor de atividade, tal solicitação pode até fazer sentido. Mas teremos outras áreas do trabalho que certamente tal pedido poderia soar como abusivo. O constrangimento ocorrerá: daqueles que nunca fizeram uso de drogas, em se sentirem incomodados pela desconfiança; e os dos que já usaram drogas, em serem descobertos!

 

Em sua atividade, isso será um problema, caso tenha que realizar um “antidoping profissional”? Deixe seu comentário:

 

Abaixo, compartilho a reportagem da Folha de São Paulo, 31/05/2010, pg D3, de Eduardo Geraque

 

SETOR AÉREO DISCUTE APLICAR EM PILOTOS TESTE ANTIDOPING

 

Exames, comuns nos Estados Unidos, são vistos como fundamentais para melhorar a segurança dos voos. No Brasil, Azul passa a adotar medida em funcionários; Anac estuda criar uma regulamentação.


O setor aéreo brasileiro começa a discutir um controle mais rigoroso sobre o consumo de drogas e álcool de suas tripulações. Os exames antidoping já são comuns em países como os EUA.

 

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirma que está estudando a possibilidade de regulamentar testes para o setor, mas ainda não há prazo de implantação.
Enquanto isso, a Azul será a primeira empresa brasileira a realizar análises químicas esporádicas entre todos os seus funcionários.

 

A TAM ainda não decidiu se exigirá os exames. A empresa, por meio de sua assessoria de imprensa, disse apenas que “está estudando” o assunto. Varig e Gol, do mesmo grupo, não dizem se pretendem adotar o teste.  

 

SEGURANÇA
A medida, no exterior, é vista como fundamental para melhorar a segurança de voo. A discussão sobre os testes antidoping para pilotos e comissários, segundo especialistas ouvidos pela Folha, realmente está atrasada.


Os exames toxicológicos são feitos a partir de fios de cabelo. As análises flagram um grupo grande de substâncias psicoativas, como maconha, cocaína, crack e LSD.


A grande vantagem do teste com fio de cabelo é que ele tem uma “janela larga” -detecta o consumo de drogas dos últimos 90 dias.


No caso da Azul, os testes começaram em 2008 apenas nos exames admissionais.
Segundo a médica Vânia Melhado, que presta serviços para a empresa e preside a Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, agora será iniciado o teste aleatório para todos os funcionários. “Em dois anos, todo o grupo de pilotos será avaliado.”


São feitos uma média de cem testes por mês na companhia. Dos 1.900 já feitos, só quatro foram positivos.


“A pessoa sabe que fará o exame. Isso funciona como um filtro”, diz Johannes Castellano, diretor da Azul.

 

TRANSPARÊNCIA
Os testes antidopings no setor aéreo são bem-vindos, diz o psicólogo Paulo Mittelman, especialista em estratégias de prevenção antidroga.


Para ele, os exames não podem ser feitos a revelia de ninguém. “Tem que existir uma política clara, transparente. O sigilo também é fundamental no processo.”
O psicólogo diz acreditar que o funcionário que tem um resultado positivo nos testes retorna após tratamento como um excelente profissional. “Ele sempre fará questão de mostrar que resolveu o problema.”

 

Frase: “Dentro de um contexto maior, ela [a adoção dos testes antidoping] é bastante positiva. Veja o caso do bafômetro na questão do trânsito. Realmente ajudou a diminuir os acidentes” – PAULO MITTELMAN  – psicólogo especialista em estratégias de prevenção antidroga.