Quando árbitro, fui uma das poucas vozes a favor dos sorteios de árbitros (e olha que já cheguei a ficar 2 meses sem apitar por ‘perder’ seguidamente nos sorteios). Embora a manifestação de tal opinião era (e é) tolhida veladamente pelas Federações e Comissões de Árbitros. Os dirigentes detestam tal medida, colocando diversos empecilhos e justificativas. Todas elas são verdadeiras; se, claro, acreditarmos que o quadro de árbitros é fraco.
Evidentemente que o quadro não é fraco e nem enxuto. Sobram árbitros! O que falta é boa vontade. Dá para fazer sorteio sem burla sim!
Vamos a um exemplo: Corinthians X Fluminense vão jogar: não pode se colocar árbitro paulista nem carioca. E se colocar um mineiro ou um gaúcho e estes forem mal, dirão que os árbitros estão prejudicando deliberadamente as equipes em prol dos clubes do estado da sua federação de origem. A ética manda evitar tais escalas por prudência; a mesma ética diz que você não pode levantar suspeitas da idoneidade dessas pessoas.
Mas só há árbitros destes 4 estados das federações?
Crie-se um quadro de árbitros da primeira divisão (por exemplo, 40 árbitros). Descarte do “globo da sorte” os árbitros que apitaram o jogo das 2 equipes na rodada passada; tire os lesionados e aqueles que são do mesmo estado. Se sobrarem 25 para sorteio, ótimo!
Mas e se o sorteado for um novato ou alguém que possa não dar conta do jogo?
Então não é digno de apitar a primeira divisão e pertencer ao quadro. Ninguém quer colocar 350 árbitros no globinho e escolher um aleatoriamente, pois poderia colocar um jovem árbitro num jogo difícil. A capacitação dos árbitros da divisão é o elemento fundamental.
Atualmente, você escolhe 2 árbitros para 2 jogos: campeão de um sorteio apita o jogo 1 e perdedor apita jogo 2. Em alguns outros sorteios, escolhia-se previamente 10 nomes e sorteava 10 jogos. E outras burlas para referendar a lei.
O promotor José Antonio Baeta interveio na questão do sorteio dos árbitros e pede sorteio sem ser dirigido (árbitros-jogos), e que as federações e confederações adaptem os processos de sorteio sem direção em até 90 dias. Mais ou menos, coincidirá com a Rodada 03 do Paulistão.
Como a Federação Paulista escolheu 60 árbitros para a categoria 1 (que já têm os trabalhos de pré-temporada definidos e ela já os começou treinar), esperasse que a categoria 1 seja de fato 1. Afinal, os árbitros Ouro de 2010 eram, vez ou outra, “folhado a Ouro”, “Ouro de pouco quilate…”
Se o trabalho for bom, que coloquem os 60 no globinho e quem cair poderá apitar tranquilamente Palmeiras X Corinthians. Afinal, crê-se que exista competência. Ou, de repente, há árbitros que são elevados de categoria por favores políticos?
O sorteio dirigido permite alguns desvios: de repente, árbitros caseiros com certa constância em determinados jogos… ou rigorosos demais na mesma proporção. Ou, ainda, o aceite de vetos. Como aceitar o veto se a bolinha pode cair aleatoriamente?
Parabéns ao promotor. Certamente, muitos árbitros que anonimamente são a favor dos sorteios também estão felizes. A lisura no esporte agradece.
E você, o que pensa sobre o sorteio dos árbitros de futebol? Deixe seu comentário:
