Confesso que quando vi a propaganda de “As Cariocas”, minissérie quem promete ser um sucesso na TV, nem me dei conta. A obra é inspirada no trabalho de Sérgio Porto. E quem é Sérgio Porto? O estupendo Stanislaw Ponte Preta, personagem da crônica e do futebol brasileiro!
Quem é ele?
La vai sua brilhante obra:
Extraído de: http://www.palanquemarginal.com.br/arquivo/site69/biografia.htm
Filho de Américo Pereira da Silva Porto e de D. Dulce Julieta Rangel Porto, Sérgio Marcos Rangel Porto, um cidadão acima de qualquer desfeita, nasceu no Rio de Janeiro em pleno verão, no dia 11 de janeiro de 1923, e ficou famoso anos depois sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, emprestado à Oswald de Andrade (vide Memórias de Serafim Ponte Grande.) Foi casado com Dirce Pimentel de Araújo, com quem teve três filhas: Gisela, Ângela e Solange.
Dizem seus estudiosos que no citado livro teria encontrado seu grande filão:a irreverência. Começou uma obra carioquíssima, até hoje insuperável, transpondo para jornais, livros e revistas o saboroso coloquial do Rio de Janeiro. Afirmam, também, que as melhores crônicas são aquelas onde a disposição de desfazer o sentido de uma palavra ou de uma situação não se manifesta apenas no final do enredo, mas parece atingir a estrutura da narrativa; quer dizer, a partir de pistas falsas, a história é conduzida visando a um final que não acontece, substituído por outro, totalmente inesperado (vejam Menino Precoce e A Charneca, por exemplo).
Traçou, em 12 palavras, o retrato de uma época , os tais anos dourados nada permissivos, quando o preconceito prevalecia, principalmente em matéria de sexo:
“Se peito de moça fosse buzina, ninguém dormia nos arredores daquela praça“. Antes da liberação sexual, as praças e outros cantinhos escuros eram, então, um buzinaço.
Criador de Tia Zulmira, Rosamundo e Primo Altamirando, foi com seu Festival de Besteira que Assola o País – FEBEAPÁ, lançado em plena vigência da Redentora, apelido do golpe militar de 1964, que ele alcançou seu grande sucesso. Stanislaw afirmava ser difícil precisar o dia em que as besteiras começaram a assolar o Brasil, mas disse ter notado um alastramento desse festival depois que uma inspetora de ensino no interior de São Paulo, portanto uma senhora de nível intelectual mais elevado pouquinha coisa, ao saber que o filho tirara zero numa prova de matemática, embora sabendo tratar-se de um debilóide, não vacilou em apontar às autoridades o professor da criança como perigoso agente comunista.
Na mesma época (1954) em que o jornalista Jacinto de Thormes publicou na revista Manchete a lista das “Mulheres Mais Bem Vestidas do Ano”, Stanislaw, que escrevia na mesma revista sobre teatro-rebolado, não quis ficar por baixo e inventou a lista das “Mulheres Mais Bem Despidas do Ano”. Com a grita das mães das vedetes, passou a usar uma expressão ouvida de seu pai — “Olha só que moça mais certa” — e estavam, assim, criadas as “certinhas” do Lalau. De 1954 a 1968 foram 142 as selecionadas. Dentre outras, podemos citar Aizita Nascimento, Betty Faria, Brigitte Blair, Carmen Verônica, Eloina, Íris Bruzzi, Mara Rúbia, Miriam Pérsia, Norma Bengell, Rose Rondelli, Sônia Mamede e Virgínia Lane.
Ao contrário do que parecia ser — um cara folgado, brincalhão, gozador e pouco chegado ao labor, Sérgio Porto, por suas inúmeras atribuições, era um lutador. Nos últimos anos de vida tinha uma jornada nunca inferior a 15 horas de trabalho por dia.
“Tunica, eu tô apagando“. Essas foram as últimas palavras ditas pelo autor ao sofrer seu derradeiro infarto, no dia 29 de setembro de 1968.
O humorista começou a surgir no semanário Comício, excelente escola de descontração do estilo jornalístico, dirigido por Rubem Braga, e Joel Silveira, onde escreviam ainda Clarice Lispector, Millôr Fernandes, Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Rafael Correia de Oliveira, Carlos Castelo Branco, Edmar Morel, onde também apareceram as primeiras crônicas de Antônio Maria e as primeiras reportagens de Pedro Gomes.
Digo o humorista profissional, porque o da convivência com os amigos vinha do tempo das peladas em Copacabana: Sandro Moreira, João Saldanha, Mauricinho Porto, George Rangel, Máriozinho de Oliveira, Carlos Peixoto e Carlinhos Niemeyer são alguns que se lembram das histórias engraçadas de Sérgio, o Bolão.
O contraditório é que pudesse fazer humorismo uma pessoa que possuía tanto senso das proporções e da verdade escondida. Seu humorismo, bem reparado, não era o usual, pelo contrário, ele fazia humor sem caricaturar o assunto. Bernard Shaw, quando queria fazer graça, dizia a verdade. Ele também fez graça falando verdades, descobrindo verdades, tendo a coragem de ser odiado por dizê-las.
Como todo homem de sensibilidade, precisava de amigos e afeto; mas desprezava os mesquinhos, os medíocres, os debilóides, os cretinos.
Seu gosto era certo. Amava os livros e os discos, milhares de discos, discos que ouvia às vezes enquanto trabalhava, atendendo ao telefone a todo instante, recebendo amigos, contando piadas, e continuando a batucar na máquina, insistindo para que o visitante ficasse, sob a afirmação (verdadeira) de que estava acostumado a escrever no meio da maior confusão.
Bibliografia:
Como Stanislaw Ponte Preta:
Tia Zulmira e Eu – Editora do Autor/1961
Primo Altamirando e Elas – Editora do Autor/1962
Rosamundo e os Outros – Editora do Autor/1963
Garoto Linha Dura – Editora do Autor/1964
FEBEAPÁ1 (Primeiro Festival de Besteira Que Assola o País), Editora do Autor/1966
FEBEAPÁ2 (Segundo Festival de Besteira Que Assola o Pais), Editora Sabiá/1967
Na Terra do Crioulo Doido – FEBEAPÁ-III – A Máquina de Fazer Doido – Editora Sabiá/1968
Com o nome de Sérgio Porto:
A Casa Demolida – Editora do Autor/1963 (Reedição ampliada e revista de O Homem ao Lado – Livraria. José Olympio Editores)
As Cariocas – Editora Civilização Brasileira/1967
Links
http://www.releituras.com/biografias.asp