Amigos, um fato interessante no jogo Corinthians X Goiás mostrou claramente o problema que as Comissões de Arbitragem, Árbitros e Entidades Esportivas enfrentam: a falta de uma específica virtude.
Antes de falarmos dela, é importante pontuar o caso: Corinthians no ataque, zagueiro do Goiás dá um carrinho na bola e sai jogando; o árbitro entende como infração e dá tiro penal. Erro claro, nada a discutir.
Lances como os de ontem mostram a existência de dois tipos de erros comuns de arbitragem (tanto em jogos nacionais como em campeonatos de todo mundo):
– Os erros ACEITÁVEIS- por exemplo: lances em que o jogador está impedindo por poucos centímetros; jogadas duvidosas aonde após exaustivas repetições se chega à conclusão do erro, ou ainda lances que dividem a opinião publica (entre tantos lances difíceis de se decidir).
– Os erros CONDENÁVEIS- por exemplo: atleta impedido com 2 metros à frente do penúltimo ontem; bola que bate na mão e se marca tiro penal; lances claros de jogadas não-faltosas onde se assinala infração, entre outros.
Sobre “erros aceitáveis” não dá para discutir; fazem parte do jogo e pela própria natureza do esporte, acontecerão sempre, pela falibilidade humana – estes devem ser relevados. Agora, “erros condenáveis” poderiam ser evitados. E por que ocorrem? Por três motivos:
1) Dificuldade técnico-disciplinar (árbitro fraco, que interpreta mal as jogadas ou que apita sem critério na distribuição dos cartões);
2) Despreparo emocional (árbitro que aceita pressão de jogadores famosos ou que apita ao barulho da torcida);
3) Infelicidade no dia da partida (o popular “dia em que nada dá certo”; azar; urucubaca).
Especificamente, no dia de ontem, o lance estava na frente do bandeira. Sei das dificuldades de se apitar uma partida de futebol, militei dentro dos gramados por 14 anos! Não seria ingênuo de desprezar as nuances de uma tomada de decisão na partida. Se o árbitro deu uma bobeada na marcação do pênalti, por que o seu assistente não corrigiu a tempo? Será que ele interpretou a mesma coisa do que o árbitro?
Claro que os árbitros são limitados pela não-permissão da tecnologia. Mas dentro do que se pode utilizar, por que não se aproveitar, como, por exemplo, o uso do rádio-comunicador? Aliás, não estou vendo o rádio nas partidas do Brasileirão; ele é um eficiente instrumento de auxílio à arbitragem. E aí vem a falta da virtude tão carente que citamos acima: a CORAGEM. Com 3 X 1 no placar, um jogador a mais e a torcida motivando o time, tal pênalti mal assinalado não influenciou significativamente na partida. Mas o erro não poderia ser evitado? Na rapidez do lance, o bandeira não poderia ter comunicado o árbitro (com ou sem rádio) de que estava equivocado, já que ele estava na frente da jogada?
Finalizando, me relembro perfeitamente: Fui escalado com certo árbitro importante que hoje não apita mais para um jogo no interior. Eu seria quarto-árbitro e conosco estava um dos árbitros assistentes da partida. Acabávamos de sair de uma reunião da FPF, onde se pregava que a arbitragem deveria ser em equipe, e que o bandeira não era mais auxiliar, mas sim assistente, com responsabilidades em arbitrar a partida conjuntamente, dentro das suas limitações. Durante nossa viagem ao estádio, o assistente perguntou ao árbitro: ‘Quer falar alguma coisa do nosso plano de trabalho agora?’ E ele: ‘Sim. Esquece tudo o que você ouviu na reunião. No meu jogo você é só bandeirinha, marque lateral e impedimento. Se marcar falta, eu mando baixar a p. da bandeira. Entendido?’
Precisamos dizer mais alguma coisa? Ainda há muitos árbitros que determinam esse plano de trabalho. E por que os assistentes não ‘se rebelam’ em campo? Pela falta da virtude… Coragem!
E você, concorda que falta essa virtude ou há outras observações?