Ainda repercute a conversa risonha do árbitro Stephane Lannoy para com o Luís Fabiano, após o gol polêmico da partida Brasil X Costa do Marfim.
O que teria dito? O que conversavam? Isso é imoral?
Para aqueles que estão fora do mundo da arbitragem, uma revelação: fatos como esse são corriqueiros! É que o francês escancarou a abordagem…
Explico: quando se tem um lance de gol duvidoso, e até então não há mais complicadores no jogo, o árbitro, disfarçadamente, procura o envolvido para se tirar a dúvida. Um exemplo simples: bola cruzada na área e os atletas 7 e 9 cabeceiam a bola. Ambos comemoram o gol como se fossem os marcadores. Depois de um certo tempo (nunca no frescor do lance) o árbitro se aproxima ou do 7 ou do 9 (longe da jogada, desapercebidamente) e pergunta quem finalizou. É claro que a resposta nunca será confiável, mas serve para ajudar o árbitro a decidir para quem vai dar o gol.
No lance de domingo (Luís Fabiano inicia a jogada após um toque da bola na sua mão (não intencional, portanto, legal) e finaliza a jogada com um chute após dominar a bola com o antebraço intencionalmente (mão, no futebolês, quer dizer também braço e antebraço). Lance ilegal e não visto pelo árbitro por ser um ponto cego para ele. Era lance para o bandeira, que pela imagem da TV, vê-se que estava encoberto por um zagueiro da Costa do Marfim.
O movimento do braço de Luís Fabiano leva o árbitro a acreditar que poderia ter sido irregular, embora ele não consiga ver se houve ou não o toque. Como em dúvida a decisão deve ser pró-ataque (e talvez a pintura da jogada tenha inibido uma anulação do lance), o fraco árbitro validou o gol sem ter certeza da legalidade.
É natural que o árbitro, depois de passado um tempo e fora do lance de jogo, se aproximasse do Luís Fabiano e dissesse: “pra mim você dominou no peito, já dei o gol, tudo bem. Mas diga a verdade: foi mão ou não? Não vai mudar nada, não vou dar cartão, mas fale a verdade”.
Parece inacreditável que isso aconteça, e mais incrível que o árbitro espere uma resposta sincera, mas é assim que acontece com árbitros que vacilam e não tem personalidade. Ele sabe que errou, e quer ouvir uma versão contrária do seu erro, a fim de tranqüilizar-se!
Você não veria um Dulcídio W Boschilla na mesma situação (ainda mais com o sorriso do francês), ou ainda um Paulo César de Oliveira. Mas tanto é verdade que Lannoy teve dúvidas, que persistiu em “compensar” seu erro na arbitragem. Cabeça de árbitro fazedor-de-média: “Se eu expulsar alguém da Costa do Marfim, reclamarão que além do gol duvidoso, prejudiquei os marfinenses expulsando-os”. Isso explica a não expulsão em jogadas violentas sobre os brasileiros.
Enfim, lembremo-nos de que o Campeonato Francês não é um primor… Confusões provindas de um árbitro que mostrou falta de personalidade num jogo de Copa do Mundo.
