Amigos, nós estamos vendo graves erros de arbitragem na Copa do Mundo. E aí surgem comentários e teorias conspiratórias das mais diversas, tentando explicar pela ótica do torcedor os motivos de péssimas atuações: Fraudes, Incompetência ou Pessoalidades?
O fato relevante na Copa é a escolha tecnicamente equivocada de árbitros inexperientes e incompetentes oriundos de países com pouca ou inexpressiva tradição.
Mas existe uma tese, que discutiremos se é verdadeira ou não: Os árbitros se equivalem à força dos campeonatos de seus países?
Hipoteticamente, isso pode ser até lógico. Mas vamos tentar comprovar?
O Campeonato Inglês é forte. Por tabela, os árbitros ingleses são muito bons. Isso não se discute. Idem para a Argentina. Idem para o Brasil.
Faça ainda a mesma analogia para com o Campeonato Italiano; mas não a faça para o Campeonato Espanhol. Historicamente os árbitros da Espanha são os mais fracos da Europa. E daí você perguntará: mas o Campeonato de lá não é forte?
– Claro que não!
Como podemos dizer que é forte um campeonato de 2 times? O jogo que faz o Campeonato forte é Barcelona X Real Madrid, o resto é fácil de apitar. Vide os erros de arbitragem costumeiramente pró-Real ou pró-Barça.
Nossa tese de Campeonato Forte & Árbitro Forte está se comprovando… Continuemos?
Você poderá questionar: mas num passado bem recente tivemos o húngaro Sandor Puhl (apitando a final da Copa de 94) ou o dinamarquês Kim Nielsen. E atualmente, temos o colombiano Oscar Ruiz. Esses ótimos árbitros são de países que tem Campeonatos Nacionais fortes?
– Evidente que são bons árbitros de competições locais fracas.
A questão não é Campeonato Local, mas Torneio! Vamos ao exemplo do húngaro citado: a quanto tempo um time da Hungria não disputa a Champions League? Assim, um árbitro da Hungria está livre para ser escalado em qualquer partida da Copa Européia, e terá oportunidade de apitar jogos do Manchester United contra Real Madrid, Internazionale, Bayern… é bem diferente apitar Grande X Grande do que Grande X Pequeno. Faça valer o mesmo para Oscar Ruiz: ele não é bom por ter experiência apitando na Colômbia, mas sim pela Libertadores da América.
Então, podemos concluir que países que possuem um grande número de times grandes (Inglaterra, Itália, Brasil) naturalmente terão um grande número de bons árbitros, já que há frequência de clássicos locais. E países com poucos grandes clubes (Espanha, França, Uruguai) tem maior dificuldade em ter grandes árbitros, já que há poucos clássicos domésticos. Países periféricos dos centros futebolísticos que não tem grandes clássicos podem ter grandes árbitros pela freqüência de escalas dos árbitros (e por serem neutros num torneio), como Colômbia, Suécia, Dinamarca.
Tranquilamente dá para afirmar que Grandes Árbitros surgem de Grandes Torneios (nacionais ou continentais). Dessa forma, podemos também dizer que um árbitro da Guatemala não poderá ser um grande árbitro apitando o campeonato guatemalteco ou a Copa dos Campeões da Concacaf. Vale o mesmo para árbitros de Mali, El Salvador, Benin, Seychelles, Angola ou Nova Zelândia.
O curioso é que todos esses países elencados acima têm árbitros na Copa! Claro, o fator competência é irrelevante para a FIFA, vale o fator político. Se a idéia é universalizar a Copa, mostrar que é um evento global, torna-se interessante colocar, se não seleções, árbitros de todos os cantos! O primeiro critério para a escalação na Copa é o de colocar um trio de arbitragem do mesmo país (árbitro e bandeiras italianos, por exemplo). O segundo critério é o de falar a mesma língua (por exemplo, árbitro paraguaio, bandeira espanhol e bandeira chileno). Nessas combinações, sobrarão elementos que foram para a Copa unicamente por política, e aí vem o terceiro critério: o de juntar elementos desparcerados, como por exemplo, o trio de EUA X ESL: árbitro de Mali, bandeira marroquino e bandeira angolano. Deu no que deu…
E você, o que está achando da arbitragem na Copa do Mundo?
(Isso não quer dizer que exista perfeição na arbitragem de bons árbitros. Veja o erro de ontem, na partida entre GAN X AUS: Rosseti, bom e experiente árbitro italiano, interpretou uma bola que bateu na mão de um australiano como um toque intencional que evitaria o gol, deu pênalti e expulsou o atleta. Ali era um lance para mandar seguir a jogada… não foi infração!)
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