Amigos, gostaria de abordar, às vésperas de um clássico importante do Campeonato Brasileiro (Corinthians X Santos), como se ganha um jogo no grito e na cara feia. Mas não é ganhar por parte dos jogadores, é por parte do árbitro!
Veja só: a partida de hoje será a primeira após o chapéu de Neymar em cima do Chicão. Em condições normais, o jogo já seria chamativo. Mas e o que dizer da infeliz frase do Neymar, de que “se der vontade, darei outro chapéu?”.
No futebol, dar chapéu em adversário durante o jogo visando um ataque ou objetivamente, pode. Com o jogo parado, é conduta antidesportiva, punível com cartão amarelo.
A troco de quê o santista faz tal comentário? Não é por marra ou máscara, é nítido que é por infantilidade, imaturidade. Ele não tem noção do perigo que é, antes da partida, apimentar o jogo de tal forma. Daí se precisa de um bom árbitro no jogo, pois a prevenção será necessária.
O que é prevenção para o árbitro? Você certamente já ouviu falar de arbitragem preventiva. Então, vamos lá: Muitos confundem prevenção com o cuidado de não deixar o jogo descambar, com muitas faltas ou pancadas. Nada disso. Prevenção é muito mais que isso, e ao mesmo tempo, quase isso.
Arbitrar preventivamente começa antes do jogo, na hora do sorteio de campo/bola. É importante que os adversários sintam firmeza no árbitro, o vejam seguro e concentrado. Nesse momento, ele pode reforçar aos atletas que estará atento a qualquer lance ou ação inconveniente e alertar que vai punir sem perdão! Durante o jogo, é estar onipresente em campo, para que exista a sensação de segurança. Não é picar o jogo com faltas ou cartões (isso, muitas vezes, mostra insegurança do apitador). Ao invés de queimar um cartão (não estou sugerindo deixar de dar cartão se necessário, cito aqui lance de dúvida entre cartão ou não), vale a pena fazer cara feia e dar uma bela bronca (o que chamamos de advertência verbal). Porque não falar com o boleiro na língua do boleiro? Isso ajuda muito.
O clima criado pré-jogo não é bom. Teremos a condução do jogo pelo Sálvio Spínola, acompanhado dos assistentes Ednilson Corona e Vicente Romano Neto. Conheço os três e já atuamos juntos. São competentíssimos e terão um belo desafio nessa tarde: coibirem as simulações de Neymar e Dentinho (o primeiro por simular ter sofrido faltas, o segundo por simular agressões), garantirem a tranqüilidade da partida (já viram que nervosismo nos últimos anos esse confronto tem sido?) e poderem sai de campo quase que desapercebidos.
Talvez a única certeza do jogo é que quem perder (independente da atuação da arbitragem) vai, como de costume, reclamar.
Boa sorte aos amigos!
Sugestão: se o Santos gasta milhares de reais com o salário do Neymar, que vale milhões de dólares no mercado futebolístico internacional, por que não gastar alguns trocados com a educação do garoto? Um psicólogo, para o menino suportar a pressão de ganhar muito dinheiro e ser assediado tão jovem; um instrutor de arbitragem, para orientá-lo a não se tornar marcado negativamente para a arbitragem; e, por fim, um professor de boas maneiras, pois talvez os pais do jovem (que se fazem presente no dia-a-dia dele) estejam perdendo as rédeas… Não dá para aceitar que tudo que ele faça seja rotulado simplesmente como molecagem. Há hora para crescer e se firmar, pois ninguém pode ser eternamente moleque.
Orientar nunca é demais!
