Sabem aqueles emails que normalmente chegam por correntes, contendo lições de moral ou casos que impressionam? O texto abaixo poderia ser mais um desses, de autoria as vezes anônima e criado por fatos fictícios.
Entretanto, não só o autor é muito conhecido, mas também o assunto é atual, verídico e escrito com maestria e propriedade. Uma aula sobre noção de sociedade e separação do que é demagogia e realidade nas políticas sociais, principalmente às voltadas para o ramo educacional e esportivo.
Vale a pena dar uma conferida, e refletir: somos ou não um “país de faz de conta”?
Extraído de: http://blogs.jovempan.uol.com.br/fernandosampaio/geral/brasil-e-o-pais-do-faz-de-conta/
BRASIL É O PAÍS DO FAZ DE CONTA
por Fernando Sampaio
Enquanto Duke enfrentava Butler na final do basquete universitário, diante de 70 mil pessoas, a Unilever do técnico Bernardinho, o melhor do mundo, enxugava a quadra do Maracanãzinho. Ontem, estudantes da Carolina do Norte comemoraram o quarto título do NCAA em Indianápolis e atuais campeãs da Superliga dormiram no ginásio alagado.
Sorte que era um treino. Não havia público. Já imaginou o pânico que seria?
Não adianta ter Olimpíada. Antes, é preciso ter uma nação olímpica.
A primeira semifinal Solly’s x Pinheiros, em Osasco, também teve problema com a chuva. A final será no Ibirapuera, um ginásio com problemas estruturais, inclusive goteira. É incrível. São Paulo, a maior cidade da América Latina, não tem um ginásio decente. E não tem porque não existe mercado. É simples.
O Brasil é um país sem cultura esportiva.
Estudei no Santo Américo, colégio de padres húngaros que valoriza o esporte. Fui federado no basquete, fui chamado para treinar handball no Banespa, competia no salto em altura e joguei futebol no juvenil do São Paulo. Passava o dia, muitas noites e finais de semana, estudando, treinando e competindo.
Estudar e praticar esporte é um privilégio.
Ganhei bolsa na Universidade de Berkeley para jogar futebol. Não pude ficar, mas meu coração ficou. Recomendo para os juvenis brasileiros o caminho do tênis universitário. Henrique Cunha e Alan Michel estão em Duke. Pedro Zerbini está arrebentando em Berkeley. Nos Estados Unidos, as Universidades da Divisão I têm estrutura olímpica.
É a Disneylânida dos esportes universitários e profissionais.
Ontem, numa escola carioca, a diretora foi separar uma briga entre alunos. Apanhou. Os pais, revoltados, voltaram e depredaram a escola. Não estamos falando de um psicopata que entra atirando, um ato isolado que acontecer num cinema em São Paulo. Estamos falando de uma coletividade que destrói a escola dos filhos. É uma vergonha.
Pobreza não é explicação para a delinquência. O problema é educação. Nossos adolescentes estão desamparados. O Brasil precisa fazer urgentemente um mutirão pela educação. A verdadeira Olimpíada não está nos ginásios, mas sim nas escolas.
O Brasil é o país do faz-de-conta.

porcari, o texto é ótimo mas o jornalista é o inimigo numero 1 eleito pela federação paulista.
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