Para aqueles que frequentam cursos de arbitragem de futebol, sabem que há alguns lances folclóricos discutidos que trazem muitas gozações. Um dos mais comuns é o famoso “gol do vento“, onde alguém cobra o tiro de meta e a bola, tomada por uma rajada de ar, entra no próprio gol. Comenta-se que tal lance seria impossível de se acontecer, tamanha a raridade.
Mas tal lance inusitado aconteceu em uma patida na Alemanha. Na partida entre Wimshein 2 X 1 Grunbach, por um campeonato regional, o zagueiro do Grunbach cobra o tiro de meta com um chutão para a frente, a bola sai da grande área, o forte vento a segura no ar, e a bola começa a fazer o caminho de volta até… entrar no ângulo, sem ter sido tocada por ninguém (a não ser pelo “goleador” vento)!
O árbitro validou o lance, ninguém reclamou e o gol foi determinante na vitória do Wimshein.
Apesar de inusitado e engraçado, o lance é irregular.
Vamos ilustrar? Veja o lance clicando no link a seguir, extraído do YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=tYJttBJq6lw&feature=player_embedded.
Sobre o lance:
– É válido um gol por cobrança de tiro de meta, desde que no gol adversário, ou seja, gol contra de tiro de meta não vale.
– Para a bola entrar em jogo após a cobrança de tiro de meta, ela deve ter saído da área penal, seja por terra ou ar. O folclore de que precisa “pingar” não existe. Portanto, a bola entrou em jogo. Se alguém a tocá-la antes de sair da área penal, repete-se a cobrança.
– Se a bola entrar diretamente no gol sem ter sido tocada por ninguém (como o ocorrido), é tiro de canto. PORTANTO, O LANCE FOI CONFIRMADO ERRONEAMENTE. DEVERIA-SE MARCAR ESCANTEIO PARA O ADVERSÁRIO.
– O gol só seria válido se qualquer jogador adversário ou qualquer jogador da equipe que cobrou o tiro de meta (exceto o zagueiro que chutou a bola) a tocasse com alguma parte válida do corpo para se jogar. Se o zagueiro a tocasse com alguma parte válida (com o pé, por exemplo) se marcaria tiro livre indireto ao adversário, já que se consideraria que tocou duas vezes na bola na cobrança do tiro de meta. Se esse mesmo jogador colocasse a mão na bola (que é uma parte inválida para se jogar), se marcaria pênalti, pois a mão intencional na bola é uma infração mais grave naquele momento. Não se expulsa o atleta, pois ali ele não impediu uma situação clara e manifesta de gol. A bola entraria na meta, caso ele não colocasse a mão na bola, mas não seria gol… Portanto, não impediu um gol! Se marca pênalti por uso indevido das mãos na bola, mas não se mostra o cartão vermelho.
A regra de jogo é fantástica, não? Pena que o erro do nosso colega europeu foi determinante para a derrota do Grunbach. Talvez por desconhecimento, por desatenção, ou até mesmo pelo susto do ineditismo do lance!
