Compartilho interessante material sobre a mudança de comportamento dos Líderes Organizacionais. Quando ocupam cargos de maior autoridade, as pessoas mudam seus comportamentos? Deveriam ou não mudar? É por exigência do ofício, ou ainda, por força da natureza humana?
Autênticos ou não, teatrais ou sinceros, boas considerações nesta matéria abaixo:
Extraído de: Época Negócios, dezembro/2009, pg 94
O LÍDER DEVE USAR MÁSCARAS?
por Edson Porto
Dois gurus ajudam a deslindar o dilema das máscaras corporativas para as novas gerações de executivos.
A liderança é um tema carregado de ambiguidades. O que é espontaneidade e o que é atuação na vida de um líder? Um líder pode continuar autêntico ao assumir uma máscara? Isso talvez pareça papo new age, mas o mundo corporativo testemunhou – especialmente nos Estados Unidos, no auge da atual crise – cenas dramáticas de líderes que se “desmancharam” em público. As expressões de sofrimento, angústia e até revolta não podiam ser mais genuínas. Porém, também não podiam ser mais danosas às empresas e suas equipes.
O tema está ganhando relevância não só em decorrência da crise mas também pela chegada de sangue novo, em particular a geração Y, a posições de comando. Tudo indica que ela não está bem equipada para lidar com a ambiguidade inerente aos altos cargos. Se ser líder significa encapuzar-se com “máscaras de comando”, segundo a especialista em gestão Tammy Erickson, o maior problema da nova geração não é com a “máscara” em si (tão presente no mundo virtual), mas com aquelas que envolvem “comando”.
Para os jovens que se encontram diante desse dilema, é recomendável a leitura de dois especialistas consagrados no tema. O primeiro é Warren Bennis. Pioneiro nos anos 60 do estudo da liderança corporativa, dele está sendo lançada a coletânea The Essential Bennis (“O Bennis essencial”, em tradução livre). Aos 84 anos, continua sendo uma das mentes mais afiadas da gestão corporativa. O segundo é o professor Bill George, autor de True North (ou algo como “Norte verdadeiro”).
Bennis diz que o líder tem, sim, de ser um pouco dramático. “Encarnar um papel é essencial para o líder também.” Uma máscara de “firmeza” exterior, por exemplo, é quase um pré-requisito, pois todo líder, frente a um desafio, vai sentir “as pernas tremerem”, mas ainda assim terá de gerar confiança e energia entre seus subordinados. Ele cita Winston Churchill, o premiê britânico durante a Segunda Guerra, como um exemplo clássico.
A despeito de o Reino Unido ter apenas sofrido derrotas durante os dois primeiros anos do conflito, a postura desafiadora de Churchill se mostrou fundamental para motivar e unir os britânicos. Ele também defende que se usem máscaras para encobrir questões pessoais e evitar que elas contaminem o ambiente de trabalho. “Assim como os grandes atores, os grandes líderes criam e vendem uma visão alternativa do mundo, na qual todos nós somos partes essenciais”, afirma o autor.
Isso soa manipulador? Bem, aqui entra o argumento de Bill George. Para ele, o que distingue uma liderança manipuladora de outra autêntica não são as máscaras, que para ele também são normalmente necessárias, mas a motivação, a ação e o objetivo que dão ou não sustentação ao líder.
George elenca uma série de pontos que definem a autenticidade de um líder, independentemente das suas máscaras. Segundo ele, é preciso ter integridade, coragem na hora de tomar decisões difíceis, compaixão pelos subordinados e paixão pelo negócio. Além disso, o líder também precisa permitir acessibilidade e ser capaz de assumir responsabilidades, por acertos e erros. Se conseguir fazer isso, as máscaras se limitam a ser apenas uma questão de forma.
