Que saia justa o governador Serra passou! Houvera afastado os professores temporários da rede estadual de ensino, após baixas notas em avaliação deles, anunciou que era para reciclá-los, e agora confirma que por falta de docentes, eles irão dar aula.
Extraído de: Jornal Bom Dia
SERRA ADMITE CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES REPROVADOS
por Fernando Zamelato
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), admitiu nesta quinta-feira, durante visita a Bauru, a contratação de professores temporários reprovados em um teste de avaliação feito no ano passado pelo próprio Estado para dar aulas na rede básica de ensino.
A prova visava justamente tirar das escolas os profissionais que não conseguiram a nota mínima. A melhora na qualidade do ensino é uma das principais metas da gestão Serra, pré-candidato à Presidência da República. A educação é considerada a área mais problemática do governo tucano, há 15 anos no comando do Estado.
“Nós vamos chamar, daqueles que não foram aprovados, os que que tiraram nota mais alta”, tentou minimizar Serra. “Na média, é uma melhora”, disse, durante inauguração do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) da cidade.
Segundo a Secretaria Estadual da Educação, 40% dos temporários que já davam aulas no ano passado não tiraram a nota mínima – acertaram menos de 40 das 80 questões aplicadas.
No total, 182 mil professores prestaram a prova, entre temporários e candidatos que tentavam ingressar na rede de ensino. Desses, 88 mil não estariam aptos, se fosse levado em conta o primeiro critério adotado pelo Estado, a dar aula.
Não é possível saber ainda exatamente quantos docentes reprovados serão convocados a trabalhar. Isso porque os professores efetivos (cerca de 130 mil) têm prioridade na escolha de aulas. As que sobram ficaram para os temporários.
As maiores dificuldades para preenchimento das vagas seriam nas matérias de física e matemática. Além disso, escolas da periferia – preteridas pelos efetivos – deverão receber os temporários que tiraram nota vermelha no exame. Em 2009, cerca de 80 mil foram chamados para substituir os efetivos.
A atribuição de aulas é feita de acordo com a nota na prova e o tempo no magistério – antes só a avaliação seria levada em conta, mas houve um recuo após pressão dos sindicatos da categoria.
Mesmo com o resultado ruim, o governador elogiou a iniciativa de avaliar os professores. “Nós fizemos uma coisa nova na história de São Paulo e do Brasil. Nós não íamos diminuir a qualidade do exame só para aprovar mais gente. Não teria sentido. E nem deixar os alunos sem aula.”
Docentes passariam por reciclagem
Quando lançou o programa “Mais Qualidade na Escola”, em maio do ano passado, o governador José Serra e o secretário estadual de Educação, Paulo Renato Souza, enfatizaram que a aprovação no exame obrigatório era pré-requisito para os professores temporários atuarem nas salas de aula.
“Somente serão admitidos para ministrar aulas os professores que forem aprovados na prova anual”, dizia o comunicado da Secretaria Estadual de Ensino na época.
“É um trabalho consistente e corajoso, que vai melhorar a qualidade da nossa educação”, justificou Paulo Renato.
O projeto foi lançado como a grande inovação da rede de ensino paulista um mês após Paulo Renato, ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique Cardoso, ter aceitado trocar o mandato de deputado federal para entrar no governo Serra.
O professor que não passasse no teste iria atuar em atividades auxiliares, nas salas de leitura, infocentros ou em programas de parceria com a comunidade. A ideia é que ele ficasse fora da sala de aula justamente para se aprimorar, o que, na prática, não vai acontecer, já que parte dos docentes que não tirou a nota mínima na prova vai trabalhar diretamente com alunos.
