Amigos, para aqueles que não se conformam com a corrupção do nosso país, compartilho esse artigo extremamente pertinente sobre como a população acostumou-se às práticas corruptas e praticamente entende como normal os desfalques nos cofres públicos.

A publicação é um artigo do Jornal O Verbo, um veículo de orientação católica que aqui não demonstrou qualquer tipo de proselitismo e tornou o tema ecumênico. Parabéns ao jornalista Reinaldo Oliveira, que mostrou que nem todos no país aprovam um governo e seus representantes relacionando-os ao número de bolsas distribuídas…

Extraído de: OLIVEIRA, Reinaldo. Os Católicos e a Corrupção no Brasil. Jornal O Verbo, edição 306, 15.11.09

OS CATÓLICOS E A CORRUPÇÃO NO BRASIL

Sem dúvida, o Brasil está hoje entre os dez países mais corruptos do mundo; não pelo que já se sabe, mas, como em todo iceberg, muito mais por aquilo que se desconhece. O roubo do dinheiro público, hoje institucionalizado em nosso país, chegou a tal ponto que conhecidos congressistas, reconhecidamente desonestos, chegam a desafiar seus próprios eleitores, como que imunes a qualquer agente moralizador. Se pelo menos nem todos homens públicos são tão corruptos, os demais tornaram-se coniventes e participam assim desse mesmo processo, que vai inviabilizando aos poucos, não só uma sadia e responsável administração, mas, o que é mais grave, qualquer esperança de uma profunda e saudável reforma política, de que urgentemente necessitamos. E assim, nossos graves e dramáticos problemas sociais, não só se agravam, como se perpetuam, pois inegavelmente à corrupção, estarão se somando irresponsabilidade, incompetência e a ausência dos mais elementares princípios éticos, tão necessários a uma vida pública digna, honrada e competente.  Registre-se ainda que a administração pública brasileira tem um dos mais altos custos quando comparado, não a países pobres como o nosso (que apenas seu presidente que vive nababescamente não o reconhece como tal), a nações ricas. Estes custos absolutamente desproporcionados, vão desde elevados salários de vereadores, que na maioria das cidades brasileiras tornou-se apenas uma profissão altamente rentável, até os gastos com um senador, que ainda que corrupto, nos custa mais de 10 milhões de reais ao ano. Se por um lado, vivemos toda essa dramática situação, por outro, e é o que mais nos aterroriza, nos deparamos com uma sociedade absolutamente alienada e indiferente, encantada com futebol, carnaval, novelas, feriados e outros “pão e circo” que os atuais poderes dominantes e o consumismo nos infligem goela abaixo. Será que vivemos numa democracia, onde é o povo que governa? Que arremedo de democracia é essa onde verdadeiros dinossauros da política se eternizam no poder para vilipendiar de seus eleitores? Para nós, cristãos católicos, esta gravíssima indiferença torna-se tanto mais trágica quanto comprometedora. Nós fomos chamados por Deus a nos tornarmos seres sociáveis (o amor é fundamentalmente um fenômeno social), e por isso, temos uma dimensão política inalienável, que nos corresponsabiliza com tudo o que de errado possa estar acontecendo. Além do mais, a ausência de condutas éticas na administração pública, mesmo as mais elementares, está nos custando aquilo que de mais sagrado recebemos de Deus: a dignidade da vida humana e a família, verdadeiros pilares, sem os quais nenhuma sociedade conseguirá sobreviver, mas que nossos atuais governantes teimam em destruir. É pois, neste grave momento que atravessamos, dever de todos nós cristãos, especialmente àqueles a quem a luz do Espírito Santo tem prodigalizado com a coragem e a sabedoria, empreendermos o único caminho que nos resta, dentro da ordem e da legalidade, a convocação de Assembléia Nacional Constituinte Exclusiva, sem a participação de políticos, para que seja implantada uma saudável e definitiva reforma e que nos possibilite a construção de um novo Brasil. Ela nos possibilitará reais e salutares conquistas como o fim do voto obrigatório, a extinção da imunidade parlamentar, a proibição de reeleição, a redução drástica no número de deputados e senadores, fim do foro privilegiado, a extinção da remuneração do vereador, a criação da inelegibilidade perpétua, e tantas outras medidas que nosso sistema público administrativo tanto necessita. Possa a luz divina nos despertar para tão necessária missão restauradora, para que assim possamos construir para muitos irmãos nossos, sem voz e sem vez, miseráveis súditos de estados que se tornaram verdadeiras monarquias, um país mais justo, fraterno e solidário, e onde finalmente formaremos a grande família de Deus.