A inovação é algo marcante para o empreendedorismo. Compartilho interessante matéria sobre a empresa “Senso Incomum”, que resolveu colocar a expressão das suas ideias, literalmente, no peito.
A iniciativa é do amigo Prof Eduardo Sangion, e compartilho abaixo:
Extraído de: http://cpopular.cosmo.com.br/metropole/conteudo/mostra_noticia.asp?noticia=1660385&area=2230&authent=AAAEA8D7653742AB9CA9E564054399
Papo-cabeça para vestir
Novidade: grupo de amigos põe suas ideias em roupas e cria a linha de camisetas Senso Incomum que estampa o inconformismo com bom humor
Sammya Araújo
sammya@rac.com.br
Uma ideia na cachola, um ideal expresso no peito. Os papos-cabeça de uma turma de amigos de Campinas chegaram à internet e acabaram não em mais um blog dos que proliferam na rede, mas embalados “para viagem” em camisetas que declaram o modo de ver a vida e estampam inconformismo com o establishment. A tal coisa do meio e mensagem.Tudo partiu da inquietude do publicitário Eduardo Sangion, de 35 anos, que se fartou da estagnação percebida em si mesmo diante do mundo e das “pequenezas” que atravancam o dia a dia. Evocando a capacidade que cada ser humano tem de se inflamar com um sonho, uma reivindicação, uma bandeira, ele criou o site Senso Incomum (www.sensoincomum.com.br), chamando os internautas à interação e à reflexão. O que sai dali vai parar nas peças de roupa comercializadas on-line, veia prática das lucubrações que se tornaram projeto de voo solo.
A página, no ar há pouco mais de dois meses, é composta de artigos escritos pelo grupo de “incomunistas”, como se qualificam o pai da ideia e três colaboradores. São eles o bacharel em Letras Gustavo Almeida, que hoje toca o escritório de contabilidade do pai; o engenheiro elétrico Marcelo Braz e o também publicitário Alexandre Tauil. O quarteto expõe ao debate situações rotineiras para a maioria dos mortais e teoriza sem grandes pretensões filosóficas. Não raramente, põe o dedo em temas por vezes nevrálgicos.
É da lavra de Tauil, por exemplo, um texto que questiona: “Falta ao brasileiro, ainda, um senso de disputa social, de orgulho em ser o que é; existe no brasileiro uma sensação de que o que vem de fora é melhor.” O resultado? Além de vários comentários de um grupo que participa de verdade dos debates, a camiseta com o slogan “Brazuca tipo exportação”, que traz uma bandeira nacional estilizada em código de barras.
Braz matuta, entre outros assuntos, sobre a relatividade da segurança de se morar em condomínio, pauta sempre fértil para estudos sociológicos. Diz ele que, independentemente dessas supostas proteções, “a miséria chega até você. Inevitavelmente. Ela pega do lado de fora dos muros. Ela também invade os muros, cria frestas. Ela também surge por dentro dos muros, no vizinho, nos serviçais. E por mais que você não assuma, muitas vezes ela nasce dentro do que você chama de lar”. A camiseta: “Neofeudalismo – A sociedade e seus muros.”
Sangion pondera em um de seus artigos a respeito da aridez da modernidade que praticamente extinguiu a boa educação. Como de regra, convoca os leitores à atitude. “É justamente a falta de coragem de mudar e ser diferente que tem nos levado a um estado de convivência pouco agradável e gentil. Sempre esperamos que os outros mudem primeiro… Isto está errado! Se eu quero que algo aconteça, devo ser o primeiro agente dessa mudança”. O caldo desembocou no lema “Atitude 3G: gentileza gera gentileza”, materializado em camiseta.
Sangion conta que o site nasceu de uma crescente insatisfação, não apenas profissional, mas pessoal, com os rumos tomados em seu “estado adulto”. Atuando na área de consultoria em marketing e vendas para grandes corporações, o publicitário apressou o balanço que muitos fazem a partir dos 40 anos e reviu objetivos. “Durante muito tempo, meu sonho foi ser diretor de marketing de uma dessas empresas para as quais trabalho. Mas vi que esse não era meu caminho e decidi empreender”, comenta.
A Senso Incomum ainda não virou o almejado negócio próprio porque, recente no mercado, não garante renda. A empresa é tocada pelo publicitário em parceria com a mulher, Eveline Telles, que já deixou carreira insatisfatória na área administrativa e se dedica 100% ao empreendimento. Os três mosqueteiros que lhes ajudam raciocinando temas não fazem parte da sociedade, no aspecto financeiro. Incomumente, entraram nessa pela amizade.
“Eu pensava que a nossa galera era tão boa, tantas cabeças legais, e nunca tínhamos pensado em expandir de modo prático o nosso modo de ver a vida. Bolei o projeto e eles toparam colaborar na hora”, diz Sangion. Basicamente, formam o “núcleo criativo” da empresa. O restante, marca, design de produto, plano de divulgação e toda a formatação da empresa foi obra de Sangion e de Eveline.
Em breve, o site vai passar por um upgrade e ficará mais interativo, anuncia o publicitário. Os leitores poderão sugerir títulos que pretendem ver debatidos e a comunidade votará se o tema rendeu a ponto de virar um slogan carregado a peito aberto.
Chave do negócio
Também tomando como aliados os próprios clientes do negócio, os cariocas Fábio Seixas e Rodrigo David fazem sucesso na web há quatro anos com o seu Camiseteria.com (www.camiseteria.com), site de venda de camisetas com desenhos exclusivos. Todas as estampas são desenvolvidas e enviadas pelos internautas e depois submetidas à aprovação da comunidade. Os autores dos modelos selecionados levam R$ 1,3 mil, parte em dinheiro parte em produtos, e ainda divulgam o nome na etiqueta da peça.
O sistema foi inspirado na empresa norte-americana Threadless, que igualmente se apoia em concursos para produzir suas camisetas. A chave do negócio é uma combinação dos acessos num universo virtual colaborativo (mas também competitivo), produção terceirizada, demanda certa e estrutura operacional enxuta. “O fato de termos pessoas que comentam de antemão o que acharam do produto cria uma demanda prévia que é, sem dúvida, um fator importante para o sucesso”, analisa Seixas.
Os números confirmam. Desde que foi criado, o Camiseteria.com já produziu perto de 300 modelos. Atualmente, vende cerca de três mil unidades por mês, a preços que variam entre R$ 45,00 e R$ 55,00. Há também modelos infantis e para bebês.
Melhor propaganda é difícil
O Senso Incomum segue tendência marcante do empreendedorismo na web: uma plataforma que combina comércio eletrônico a redes sociais. É o tal do “comércio social”, que extrapola o modelo batido de “vitrine” virtual e carrinho de compras. Nesses sites, as rotinas de vendas são casadas a ações que promovem a geração de conteúdo colaborativo. Tornando a navegação interessante e criando motivos para que o cliente volte ao site para mais que a compra em si, a marca ganha com a fidelização, defendem especialistas no e-business.
Assim também é o Camiseteria.com, citado como emblemático no mercado. O site hospeda blogs pessoais dos clientes, que posam nas fotos usando as camisetas vendidas ali. Melhor propaganda é difícil.
Grito de independência
A Senso Incomum lançou-se na internet no dia 7 de setembro, data emblemática para o publicitário Eduardo Sangion. “Foi como um grito de independência mesmo. E não podia ser mais senso incomum começar a trabalhar num feriado”, diverte-se.