No futebol, alguns folclores surgem e permanecem por muito tempo. Jogar com camisa de tal cor dá azar, não repetir rituais de partidas vitoriosas causa derrota, e ter seu time apitado por determinado juiz é perder o jogo.
Notadamente, existe a história (segundo muitos, verídica) de que o técnico Cuca se recusa a entrar no estacionamento dos estádios com o ônibus da delegação dando ré. E ainda o famoso apito do trem próximo ao Moisés Lucarelli, que faz a Ponte Preta perder.
Há clubes que insistem que se o árbitro Fulano apita a sua partida, é impossível vencer. Mas veja só que artigo interessante publicado no Jornal “Correio da Manhã”, de Portugal: troquem-se os nomes e pareceremos estar no Brasil.
Olha que curioso:
Extraído de: http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=1EC226A9-FED1-424A-8707-38337A265C7A&channelid=00000012-0000-0000-0000-000000000012
Árbitros: Os nomes que assustam os clubes grandes – Apitos de estimação
Os benfiquistas são assaltados pelos piores temores quando ouvem anunciar o nome de Jorge Sousa para dirigir o próximo jogo. A pouco e pouco, nos últimos três anos, o mito cresceu e quase se transformou em ciência matemática: o juiz do Porto, considerado o melhor da Liga nos últimos dois anos, esteve na primeira derrota benfiquista de cada uma das últimas três temporadas (Porto em 2007, Trofa em 2008, Braga em 2009).
Independentemente dos erros graves cometidos em Braga, não passa de uma coincidência, que desejariam ver transformada em menos pressão – menos jogos com este árbitro que, de facto, tem dirigido mais vezes o Benfica do que os seus rivais directos.
O relacionamento entre os maus resultados de cada clube e os árbitros produz leituras sempre diferentes, do ponto de vista regional. O árbitro que mais penaliza o Benfica é portuense, o que mais castiga o FC Porto é lisboeta, enquanto o Sporting sofre mais com os oriundos de distritos neutrais como Leiria ou Setúbal. Mas de uma forma geral, o FC Porto é o que tem uma relação mais fácil – traduzida em número quase residual de derrotas – com árbitros da sua área de influência, em contraste com a insatisfação do Sporting com os lisboetas, como Duarte Gomes.
Nos protestos dos grandes clubes não existe, contudo, qualquer tipo de preconceito qualitativo, pois a maior competência dos internacionais nem sequer serve de atenuante quando alguma coisa corre mal. Lucílio Baptista, Olegário Benquerença e Jorge Sousa estão na linha da frente, enquanto dois não internacionais como Pedro Henriques e Paulo Baptista, com muitas derrotas de grandes nos respectivos cacifos, têm beneficiado de enorme indulgência.
Lendo o rodapé destas páginas confirma-se que a maioria das derrotas sofridas pelos clubes grandes são testemunhadas pelos melhores árbitros e existe enorme discrepância entre os mais cotados e os outros. Apesar de os não internacionais aparecerem em quase 50 por cento dos jogos dos três grandes, o rácio de derrotas é ínfimo. Por exemplo, um dos árbitros que poderá ser promovido em breve, Artur Soares Dias, soma 16 vitórias e um empate em todas as partidas que disputou envolvendo os principais emblemas! O próprio Jorge Sousa só começou a ver o Benfica perder depois de ter, ele próprio, ascendido na carreira: os primeiros sete encontros com o árbitro portuense, ainda sem insígnias FIFA, terminaram com triunfos dos encarnados!
O Sporting, mais exigente nesta matéria, praticamente só perde com árbitros internacionais, desde um célebre jogo com o Alverca em Alvalade, precisamente a primeira derrota do longo ciclo do treinador Paulo Bento. Daí para cá, o Sporting só foi derrotado em partidas dirigidas pelos nove internacionais da actualidade.
JORGE SOUSA EM METADE
Jorge Sousa foi o árbitro em cinco das dez últimas derrotas do Benfica na Liga. O ciclo começou no jogo com o FC Porto no final de 2007, com os encarnados a contarem somente duas vitórias e um empate em oito partidas com o juiz portuense, em período coincidente com as duas épocas em que ele foi considerado o melhor árbitro da Liga.
PEDRO HENRIQUES
O lisboeta Pedro Henriques, por muitos considerado o melhor árbitro português, está para o FC Porto como Jorge Sousa para o Benfica. Com ele, os dragões perderam (muito) mais vezes do que com qualquer outro em idêntico número de jogos.
AS MÁS MEMÓRIAS DOS LEÕES
A nomeação de Duarte Gomes para o Porto-Sporting gerou enorme contestação leonina, perante a indiferença dos portistas. Não obstante tratar-se de um lisboeta, o FC Porto não tem razões para desconfiar: é o único internacional com quem os dragões nunca perderam, num total de 16 partidas (11 vitórias e cinco empates). Já o Sporting, apresenta um registo bem diverso, com cinco derrotas em 19 jogos. Para lá das razões directas do caso do treinador de guarda-redes, os sportinguistas não conseguem apagar memórias negativas de árbitros, por mais antigas que sejam, e facilmente seleccionam um jogo com Duarte Gomes que não correu bem.
MAL-ESTAR POR FALTA DE VITÓRIAS
Pedro Proença levanta sempre reservas aos benfiquistas por causa de algumas derrotas marcantes, nomeadamente num célebre dérbi com o Sporting, não obstante o longo período que se seguiu à última derrota na Liga. Ele é, a par de Carlos Xistra, o internacional que há mais tempo não vê o Benfica perder, mas talvez a desconfiança advenha da percentagem baixa de vitórias (8 em 16 partidas). Em paralelo com os últimos tempos de Jorge Sousa, também com Proença o Benfica ganhou apenas quatro dos últimos dez jogos e as más experiências vão-se somando no subconsciente dos adeptos, como um mal-estar oculto, mas muito presente.