É a verdadeira história da “banana comendo o macaco”. A diretora do Sincopetro, entidade que denuncia adulteradores de combustível e golpistas deste ramo, é presa por chefiar um esquema de corrupção na liberação de postos irregulares!
Loucura… Em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090929/not_imp442609,0.php
Empresária cobrava propina para ajudar postos
por Bruno Tavares
A empresária Ivanilde Vieira Serebrenic, presidente da subsede de Sorocaba do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), foi presa ontem acusada de comandar um esquema de cobrança de propina para agilizar a regularização de postos de combustíveis em cidades do interior paulista. Um funcionário da Agência Nacional do Petróleo (ANP) é suspeito de fornecer informações privilegiadas à suposta organização criminosa. Outras dez pessoas – entre políticos de Sorocaba, servidores públicos, advogados e diretores de uma grande rede de supermercados – são investigadas.A polícia afirma que Ivanilde “apresentava dificuldades para vender facilidades”. Ela usaria seu cargo e o nome do sindicato para interceder em favor de donos de postos de combustíveis em situação irregular – tanto na ANP quanto nas prefeituras. Interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça indicam que a empresária receberia R$ 5 mil por cada posto liberado ou poupado em ações de fiscalização.
O contato de Ivanilde na ANP é identificado apenas como Marquinho. Em diálogo gravado em 27 de agosto de 2008, ela pede ao funcionário que “acelere” a tramitação do processo de um posto. Embora o pedido inicial tenha sido negado, a empresária sugere que Marquinho telefone para o proprietário do estabelecimento e o oriente a montar um novo “kit” de documentos para que o pedido seja protocolado novamente. Ivanilde queria que o próprio Marquinho se apresentasse para que o dono do posto sentisse “mais firmeza”.
Além do suposto esquema de corrupção envolvendo o funcionário da ANP, Ivanilde mantinha contato com servidores públicos e políticos de Sorocaba. Eles seriam acionados todas as vezes em que era preciso agilizar o processo de obtenção de licenças de funcionamento. Um secretário do governo municipal de Sorocaba teria concordado inclusive em fazer alterações no trânsito para favorecer um posto, atendendo a um pedido da empresária. Citado nas investigações, o secretário de Governo, Maurício Biazotto, pediu ontem afastamento do cargo até o final das apurações.
O presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia, reagiu com indignação à prisão de Ivanilde. “Somos a entidade que mais denuncia esse tipo de irregularidade. Me senti traído.” Gouveia determinou ontem o afastamento da empresária do cargo. Anunciou ainda que a subsede de Sorocaba ficará fechada até que as denúncias sejam esclarecidas. Segundo ele, Ivanilde estava em seu segundo mandato como presidente. “É a primeira vez, em 20 anos no setor, que ouço falar de venda de informações privilegiadas de dentro da ANP.”
Em nota, a Assessoria de Imprensa da agência informou que ainda não tem informações sobre o caso e que, tão logo as receba da polícia, “irá tomar as providências cabíveis”.
COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA
