O que dizer das novas leis voltadas à educação do hermano Hugo Chávez? Depois de praticamente fechar os órgãos de comunicação que não falam coisas que agradam à imagem do ditador venezuelano, o “democrata” presidente conseguiu a aprovação de um novo plano pedagógico. Nele, o governo institui uma cartilha do pensamento bolivariano; institui o plano de ensino com pensamento chavista; institui o antiamericanismo como assunto em disciplina; institui cotas para alunos indicados pelo governo; institui os professores que podem ou não lecionar… Só falta instituir o que pode ou não pensar. Mas será que já não instituiu?
O pior é que nosso Guia-Mestre Lula ainda morre de amores por esse ditador…
Extraído de: http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1335470&seccao=EUA%20e%20Am%E9ricas
LEI VERDE PARA CRIAÇÃO DE NOVOS CHAVISTAS
Deputados aprovaram proposta que opositores de Hugo Chávez consideram servir apenas os interesses da sua “revolução”. Jornalistas foram agredidos por apoiantes do Presidente durante as manifestações.
Simón Bolívar, o libertador das Américas no século XIX, defendia a autodeterminação nacional e a unidade latino-americana. É o herói do Presidente venezuelano, Hugo Chávez, e dá nome a tudo o que tem a ver com a sua “revolução”. É com base nesta “doutrina bolivariana” que se baseia a nova lei da Educação, aprovada por unanimidade pelos deputados ao fim de dez horas de debate. Mas a polémica lei não agrada a todos e os protestos acabaram em violência.
A oposição – reduzida a seis deputados que romperam com o Governo após a última eleição boicotada pelos partidos anti-Chávez – considera que a nova lei é apenas uma forma de o Presidente doutrinar os estudantes em consonância com os seus ideais socialistas. A própria responsável pela metrópole de Caracas, Jacqueline Farías, nomeada pelo líder venezuelano, chegou a afirmar que a lei permitirá formar os “Chávez do futuro”.
Isto porque a nova legislação prevê um maior controlo estatal sobre os programas educativos e dá aos conselhos comunais (órgãos locais vinculados ao Governo de Chávez) um papel “pedagógico libertador para a formação de uma nova cidadania e construção dos sujeitos sociais de transformação”. Para a oposição, isso significa que em causa estão os ideais do socialismo do século XXI, que são defendidos pelo Governo, mas não deviam ser pelo Estado.
Segundo ministro da Educação, Héctor Navarro, que insistiu para que a lei fosse aprovada antes do regresso às aulas, em Setembro, esta é necessária por muitas razões. “Tem a ver com o currículo, o funcionamento das escolas, a sua incorporação nas comunidades, a ampliação do conceito de comunidade educativa, a melhor definição de democracia e a autonomia universitária”, explicou. “Achamos que a família é fundamental no processo educativo, mas também pensamos que a devemos acompanhar”, acrescentou, em referência aos críticos que dizem que o Estado está a substituir a família.
Milhares de manifestantes, que apoiam e são contra esta nova lei, marcharam até à Assembleia Nacional na quinta-feira. A sessão durou dez horas e terminou já de madrugada. A proposta foi aprovada por unanimidade, tendo os deputados da oposição optado por abandonar a sala, dizendo que não houve um verdadeiro debate e que muitos legisladores estavam a votar sem sequer lerem o texto.
“Não usam a palavra ‘socialismo’ mas isso é o que querem introduzir nas nossas escolas”, disse um dos manifestantes, o engenheiro Ray González, de 59 anos. Do outro lado da barricada, os simpatizantes de Chávez gritavam: “Educação primeiro para o filho do operário e educação depois para o filho do burguês.” O exaltar dos ânimos acabou por obrigar a polícia a usar gás lacrimogéneo para separar ambos os lados.
Apesar disso, uma dúzia de jornalistas do Ultimas Noticias e do El Mundo foram agredidos, alegadamente por apoiantes do Presidente. Os jornalistas encontravam-se no espaço por iniciativa própria a distribuir panfletos contra a nova lei. Isto porque o artigo 50.º estabelece que os órgãos de comunicação estão proibidos de publicar informações “que causem medo nas crianças, incitem ao ódio, atentem contra os valores saudáveis do povo venezuelano, a saúde mental e física da população”.
Esta não é a primeira vez que os jornalistas protestam. No início do mês, quando o Governo anunciou a apresentação de uma proposta de lei para os “crimes mediáticos”, ouviram-se imediatamente as vozes críticas. O projecto acabou por ser suspenso. Mas a relação de Chávez com os media não é a melhor (ver caixa), pelo que esta não será a última vez que os profissionais da comunicação saem à rua.
Quem também está contra a nova lei é a Igreja Católica, que critica a proibição da educação religiosa durante o horário escolar. O Governo garante que, ao estabelecer a laicidade da educação, não ameaça a Igreja mas permite que pais e filhos escolham a sua religião. Contudo, para os críticos, a lei tem como objectivo interferir em milhares de escolas privadas que são administradas pela Igreja.
A oposição já indicou que pretende submeter a lei a referendo. “Chegou a hora de reagir, não vamos aceitar esta lei, vamos pedir um referendo para perguntar ao povo se a aceita ou não. Lanço um apelo ao povo para que defenda a Constituição, que está a ser violada”, disse Ismael García, líder do Podemos (ex-aliado de Chávez).
