Consumidores, cuidado! Cada vez mais se espalham no mercado os combustíveis “genéricos”, mas de baixa qualidade. Há muita gasolina formulada sendo vendida na praça (“formulada”, no comércio de combustíveis, quer dizer de laboratório, aprovada pela ANP, mas sem a mesma boa qualidade da que vem da refinaria) e Diesel venezuelano (também aprovado pela Agência Nacional de Petróleo, mas de qualidade inferior).
Como distingui-los? Pelo preço mais baixo, já que na bomba não existe diferenciação. Você os perceberá no rendimento do seu veículo.
Defendo que a ANP separe os produtos, obrigando aos postos a divulgarem se a Gasolina é Formulada ou não. Afinal, ela custa ao posto R$ 0,20 em média a menos!
É covardia contra o cliente não divulgar a especificação…
Veja como funciona esse criminoso esquema, que outrora já era investigado: (extraído de: http://www.terra.com.br/istoe/1810/brasil/1810_conversas_inflamaveis.htm)
CONVERSAS INFLAMÁVEIS, por Sônia Filgueiras e Mário Simas Filho
O delegado Cláudio Nogueira, da Polícia Federal em Brasília, se tornou conhecido nacionalmente quando participou, em São Paulo, da chamada Operação Anaconda, que revelou um esquema de venda de sentenças judiciais e colocou na cadeia três juízes federais, delegados e agentes da PF. (…) Ele afirmou alto e bom som que há no Brasil uma máfia dos combustíveis atuando com a participação de autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. “Há infiltrações dos mafiosos em todas as esferas do poder. Isso posso afirmar com convicção”, disparou Nogueira diante dos parlamentares da CPI dos Combustíveis. O delegado se negou a dar nome aos bois e se justificou dizen do que as investigações ainda estavam em curso. Um ano depois, o inquérito não está concluído e atualmente repousa na mesa do procurador-geral da República, Cláudio Fontelles. A convicção do delegado, no entanto, tinha, já na época, bases bastante sólidas. Ele era o presidente do inquérito batizado de Operação Ouro Negro e tinha em seu poder vasta documentação sobre as fraudes praticadas pela máfia, inclusive gravações de conversas telefônicas. Muitas gravações. Aliás, também na Operação Anaconda, o delegado exagerou no número de grampos e tem sofrido críticas por causa disso.
As conversas gravadas na Operação Ouro Negro são inflamáveis. Elas envolvem o alto escalão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), parlamentares, governadores e até desembargadores. A investigação revela a influência dos mafiosos na obtenção de certificados para a formulação de gasolina e de liminares que garantem a continuidade das fraudes. Também foram reveladas as relações entre os que fraudam e os que deveriam fiscalizar a qualidade dos combustíveis. De acordo com o delegado, as falcatruas provocam um prejuízo ao País estimado em R$ 10 bilhões por ano.
Mamata milionária – No Brasil, duas empresas foram autorizadas a trabalhar com gasolina formulada: a Golfo Petróleo Ltda. e a Aster Produtora e Formuladora de Combustível. A primeira é a principal protagonista das falcatruas descobertas pela Polícia Federal. Obter da ANP a autorização para trabalhar com gasolina formulada significa, na prática, tornar-se independente das refinarias e das petroquímicas para a aquisição da gasolina tipo A, usada para ser misturada ao álcool e depois distribuída para os postos. Essa independência permite colocar gasolina mais barata no mercado nacional.
Os documentos e gravações telefônicas que fazem parte das investigações de Nogueira mostram que a máfia dos combustíveis já agiu na própria concessão da autorização pela ANP, entre o final do governo FHC e o início da administração de Luiz Inácio Lula da Silva. Em dezembro de 2001 foi publicada a portaria 316 da ANP, que regulamentou a formulação da gasolina. Várias distribuidoras correram para obter a autorização, mas só a Aster conseguiu, em 3 de junho de 2003. No mesmo dia, através da portaria número 175, a ANP suspendeu a portaria número 316, mas manteve a autorização dada horas antes para a Aster. Com isso, a empresa conseguia, no final do ano passado, vender em seus postos a gasolina comum por R$ 1,68 o litro, enquanto os concorrentes trabalhavam com cerca de R$ 1,90 por litro. Um lucro extraordinário, pois no Brasil circulam cerca de 26 milhões de veículos. A Golfo só conseguiu a autorização para formular a gasolina em abril, por força de uma liminar obtida na 21ª Vara Federal do Rio de Janeiro.
Na última semana, ISTOÉ teve acesso a algumas das gravações que fazem parte da Operação Ouro Negro e a outras em poder do Ministério Público Federal no Rio. Nesses diálogos, o dono oficial da Golfo, Dirceu Antônio de Oliveira Júnior, conhecido como Major, se mostra um expert no tráfico de influência na ANP. Seu interlocutor é Paulo Bandeira, especialista em mercado financeiro, diretor de operações de uma famosa corretora de títulos no Rio. Segundo a Polícia Federal, ele é o responsável pela intermediação entre a Golfo e a ANP. Nos vários diálogos gravados, Bandeira mantém Dirceu informado a respeito de seus interesses junto à Agência, diz ter informações sobre documentos internos da ANP, o aconselha a esconder notas fiscais e aparentemente leva e traz informações de seus contatos na ANP para Dirceu e vice-versa.
