– A Crise do Hopi Hari, em Novos Capítulos

Em outra oportunidade, falamos das dificuldades enfrentadas pela GP Investimentos com o Parque de Diversões Hopi Hari. Na ocasião, transformamos o assunto em “Estudo de Caso” e fizemos uma análise estratégica.

Pois bem, o paque foi vendido. As dívidas? Aumentaram ainda mais, alcançando a marca de 1/2 bilhão de reais. A sonhada “Disney World Brasileira” tem sido um péssimo negócio… O desafio: em 18 meses, tentar o que os antigos proprietários não conseguiram em 10 anos: pagar as contas, para depois tentar o lucro.

Extraído de: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0947/negocios/vai-ser-dificil-consertar-482554.html

VAI SER DIFÍCIL CONSERTAR

O Hopi Hari, maior parque de diversões do Brasil, foi inaugurado em 1999 com o objetivo de reproduzir a fórmula de sucesso do Magic Kingdom, a unidade mais famosa do complexo da Walt Disney Company, em Orlando, na Flórida. O projeto foi fundamentado em um cenário econômico de mundo da fantasia: inflação controlada, real valendo mais que o dólar, aumento de renda da população e economia em expansão. Apenas em sua construção, o Hopi Hari consumiu 200 milhões de dólares, num investimento conjunto da GP, maior gestora de fundos do país, e de quatro fundos de pensão – Previ, Funcef, Petros e Sistel. A expectativa era que pelo menos parte dos 300 000 brasileiros que viajavam todos os anos para os parques da Disney em Orlando passasse a frequentar também o complexo de entretenimento erguido em Vinhedo, no interior de São Paulo. Parte dos pilares que sustentavam o plano de negócios, no entanto, desmoronou antes mesmo de o parque abrir as portas. No início de 1999, o real sofreu uma brutal desvalorização. Logo depois, a economia brasileira iniciou um período de quase estagnação. Mesmo com a volta do crescimento, as projeções de atrair 3 milhões de visitantes e alcançar um faturamento de 200 milhões de reais por ano jamais se concretizaram. Em 2008, o melhor ano de toda a história do parque, o Hopi Hari recebeu 1,8 milhão de turistas e faturou 70 milhões de reais. Cansados de prejuízos e acuados por uma dívida estimada em 500 milhões de reais, os controladores do negócio venderam no mês passado o parque aos sócios da consultoria Íntegra Associados, especializada em reestruturação de empresas. A consultoria assumiu o Hopi Hari com o objetivo de fazer o parque dar lucro em 18 meses – algo que a GP e os fundos nunca conseguiram em quase uma década.

Os planos da Íntegra para tirar o Hopi Hari do limbo concentram-se em duas frentes. A primeira é pagar a parte da dívida que ainda restou com o BNDES depois de concluído o acordo de aquisição, equivalente a 180 milhões de reais. Em meio às negociações de compra, a Íntegra conseguiu estender o prazo de pagamento de dez para 30 anos, o que deu maior fôlego à operação. A segunda frente diz respeito à estratégia. De imediato, a Íntegra realizou um aporte de 10 milhões de reais no caixa do Hopi Hari, que devem custear as próximas promoções com o objetivo de aumentar o número de visitantes. A primeira delas é uma série de eventos especiais durante o mês de julho, período de férias escolares. Pode parecer banal, mas essa é a primeira vez que o Hopi Hari desenvolve um evento desse tipo em julho. A nova administração também planeja aumentar os investimentos em publicidade. A previsão é que em 2009 sejam aplicados 9 milhões de reais na divulgação do parque, o dobro do valor aplicado anualmente desde 2006. Mas a verdadeira marca da virada, segundo os executivos do Hopi Hari, será visível no segundo semestre do ano que vem. Trata-se da instalação de uma nova montanha-russa, avaliada em 12 milhões de reais. É o primeiro investimento realizado no parque desde a inauguração. “A ideia é estimular os visitantes a vir ao parque com mais frequência”, diz Armando Pereira Filho, diretor-presidente do Hopi Hari. “Nosso visitante costuma voltar ao parque em média a cada dez meses. Queremos que esse intervalo passe a ser de sete meses.”

Os desafios de recuperação do Hopi Hari, contudo, vão além do aumento de verba de marketing e da renovação de atrações. Os novos controladores terão de resolver problemas estruturais. O Hopi Hari foi concebido como um parque temático de padrão internacional, voltado para um público de alta renda. No entanto, o afluxo desse tipo de visitante se mostrou insuficiente para manter a operação. A média do preço dos bilhetes foi então reduzida, com promoções agressivas, para se adequar ao bolso dos visitantes com menor poder aquisitivo, o que prejudicou tanto a rentabilidade quanto os investimentos capazes de manter o padrão internacional – a previsão inicial era que os ingressos custassem o equivalente a 40 dólares. O preço atual é de cerca de 25 dólares. “O Hopi Hari é como um avião projetado para voar apenas com classe executiva operando em um mercado em que as pessoas só têm dinheiro para viajar em classe econômica”, diz um consultor especializado no setor.

Os solavancos da economia e as peculiaridades do mercado brasileiro transformaram o Hopi Hari quase numa antítese do Magic Kingdom, parque que o inspirou. Construído à beira da rodovia dos Bandeirantes, a 70 quilômetros de São Paulo, o Hopi Hari fica no meio do nada. Longe da capital, seu principal polo gerador de visitantes, o empreendimento registra uma lotação desmedida nos fins de semana (o que, às vezes, torna o passeio um martírio), enquanto passa os outros dias da semana com público abaixo da média. A localização nos arredores do Aeroporto de Viracopos, o que seria uma vantagem, é hoje mera curiosidade, uma vez que apenas 19% dos visitantes vêm de outros estados – um número ínfimo para um parque de sua dimensão. Concorrentes nacionais menores, como o Beto Carrero World, em Santa Catarina, recebem cerca de 50% dos visitantes de outros estados e de países como Argentina, Chile e Uruguai. “Para ter um fluxo contínuo de visitantes, os grandes parques precisam estar dentro do mapa turístico. Sem essa condição, tornam-se inviáveis”, diz Luiz Mauro, vice-presidente da US Travel Association, que representa no Brasil as operadoras de turismo americanas.

Como acontece com outros setores da economia mundial, a indústria global de entretenimento e parques de diversões vive um momento particularmente difícil. Apenas nos Estados Unidos, o maior mercado do mundo para esse tipo de negócio, o volume de visitantes dos 500 parques instalados caiu 10% em 2008. A previsão é que neste ano o setor registre queda de 15% em relação ao faturamento de 15 bilhões de dólares no ano passado. Parques como Disney, Universal Studios e Busch Gardens têm oferecido pacotes promocionais, com descontos de até 20%, para voltar a atrair público. O grupo americano Six Flags não resistiu à crise e pediu concordata, vergado por uma dívida de 2,4 bilhões de dólares. No Brasil, o cenário é mais otimista e a expectativa é que o setor cresça até 15% – estima-se que o faturamento dos 15 maiores parques em 2009 seja de 600 milhões de dólares. Não deixa de ser um alento para os executivos da Íntegra, cujo trabalho para levantar o Hopi Hari deve ser tão emocionante daqui para a frente quanto um mergulho na montanha-russa.

– Até o Papa está assustado com o Real Madrid

O “L’Osservatore Romano”, publicação ofical do Vaticano, nessa última semana, criticou os valores absurdos gastos pela equipe espanhola do Real Madrid na contratação de jogadores.

E, cá entre nós, concordo com toda essa crítica. É inadimissível tal gasto, num mundo em crise e com valores desrespeitosos à moral, dando margem a crer que seja lavagem de dinheiro ou pura irresponsabilidade.

Para a curiosidade, extraído de: http://www.abril.com.br/noticias/esportes/jornal-vaticano-questiona-gasto-excessivo-real-madrid-454701.shtml

Jornal do Vaticano questiona gasto excessivo do Real Madrid

ROMA (Reuters) – Os valores exorbitantes gastos pelo Real Madrid na contratação de novos jogadores aumenta o risco de inflacionar os preços do mercado e pode levar os clubes de futebol à falência ou ao controle do crime organizado, disse neste sábado o Osservatore Romano, jornal oficial do Vaticano.

O retorno de Florentino Pérez à presidência do clube madrilenho foi a mola propulsora de uma febre de gastos em contratações que até agora já somam 215 milhões de euros.

O clube espanhol usou este dinheiro para contratar o atacante português Cristiano Ronaldo, o meiocampista brasileiro Kaká, o centroavante francês Karim Benzema e o defensor Raúl Albiol.

“É bom perguntar-se de os valores pagos pelo presidente do Real Madrid em um período de crise econômica e financeira são justificáveis a partir do ponto de vista estritamente econônico ou se são inexplicáveis, mesmo aos olhos da lei do mercado,” apontou o editorial escrito por Gaetano Vallini.

“Também é necessário ver se esses (valores) são compatíveis ou desestabilizadores para o futebol,” acrescentou.

O editorial cita um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico que adverte para o risco que o esporte tem de cair nas mãos do crime organizado.

“O risco passa por dar vida a uma espiral de preços em alta em meio a uma situação global que pede maior sobriedade devido aos déficits nos balanços dos clubes, o gera uma possibilidade crescente de resultar em falência ou sob o comando do crime organizado, que usaria o futebol para lavar dinheiro ganho em atividades ilegais.”

– O Comércio de Trabalhos Acadêmicos

Não é novidade que infelizmente muitos alunos compram trabalhos universitários. Mas o que estarrece é o tamanho desta criminosa indústria dos TCCs, Dissertações e Teses.

Extraído do site “Educar para Crescer” – http://educarparacrescer.abril.uol.com.br/comportamento/comercio-trabalhos-universitarios-475098.shtml

ALUNOS NOTA R$ 10,00.

Oito anos depois, a jornalista ainda sorri aliviada ao lembrar da tarde em que deixou seu trabalho de conclusão de curso na secretaria da faculdade. “Não via a hora de entregar a monografia. Primeiro, foram 5 meses de sofrimento tentando fazer aquele troço. Depois, um mês com medo de que o cara que eu paguei para escrever não me entregasse”, diz ela. “Nem me lembro da nota. Só queria me formar.”

De lá pra cá, as coisas mudaram. Em 2001, a jornalista do parágrafo acima (que, por motivos óbvios, pediu anonimato) entregou sua graduação nas mãos de um sujeito que havia posto um disfarçado anúncio de “digitação de monografia” – “e ele nem sabia as regras da ABNT”, recorda ela. Hoje, o aluno sem escrúpulos e com dinheiro no bolso tem a seu dispor dezenas de portais profissionais, com ofertas escancaradas (“Delivery. Sua tese ou trabalho pronto em 96 horas”) e variadas formas de pagamento. Além de universalizar o acesso ao serviço, a internet também globalizou a produção: tem americanos encomendando artigos que serão escritos por indianos.

Desde a virada do século, quando começaram a surgir denúncias contra esse tipo de site, o Ministério da Educação costuma reforçar que a responsabilidade é das faculdades, que deveriam criar ferramentas para detectar esse tipo de fraude. Enquanto isso, no maior site do setor, uma animação faz surgir uma apresentadora se gabando: “Desde 2000, já atendemos mais de 36 mil alunos, com sucesso em 97% dos casos”.

Afinal, pagar para que alguém escreva seu trabalho da faculdade é antiético, mas não é crime. Mas, se o cliente sempre tem razão, o aluno não. Se um professor atento identifica um falso autor, a punição pode ir de uma nota 0 até uma expulsão. Infelizmente, poucos parecem capazes ou dispostos a tanto. Na verdade, ser pego depende principamente do aluno: há quem não se dê ao trabalho de ler o que comprou, e roda na banca examinadora. Aliás, aliar falta de escrúpulos com preguiça não parece ser muito raro.

PAGANDO E PASSANDO

Na monografia que foi enviada, a parte de gestão da qualidade é muito complexa, de um nível muito elevado. Então, gostaria de pedir que fosse feita uma revisão. Não será preciso fazer novamente: só torná-la mais simples e de fácil entendimento. No máximo, 5 páginas. Aguardo retorno.” Com alguns cortes e várias correções, esse é um e-mail que uma estudante de administração enviou a um site de monografias prontas. Como se vê, capricharam demais na encomenda, obrigando a cliente a requisitar uma piorada no “seu” trabalho de conclusão de curso, deixando-o assim mais de acordo com sua suposta capacidade.

Esse tipo de pedido é comum. Afinal de contas, é de imaginar que alguém que compra um texto que deveria ter escrito não tem muito jogo de cintura para fingir ter feito um trabalho muito bom, ou simplesmente não está disposto a estudar para entender o que seu ghost-writer quis dizer. “Na verdade, a maioria dos clientes é simplesmente idiota”, diz o escritor americano Nick Mamatas (sim, o nome é real), que durante anos viveu de escrever trabalhos acadêmicos para outros. “Eles não deveriam estar na faculdade. Eles precisam comprar trabalhos prontos porque eles basicamente não entendem o que é uma monografia, muito menos o que os professores pedem que seja feito nela”, diz Nick, que ficou conhecido ao publicar na rede um artigo detalhando suas atividades. Segundo ele, existem outros dois perfis secundários de clientes: bons alunos que, vítimas das circunstâncias, não conseguiram fazer algum trabalho específico, e estrangeiros que não dominam o idioma do país em que estão e precisam de uma mão na tradução.

Para uma advogada que há dois anos faz trabalhos por encomenda no interior de São Paulo, o problema é maior porque o mercado acaba obrigando profissionais sem interesse ou talento para a pesquisa acadêmica a buscar um título de pós-graduado, mestre, doutorações. “São pessoas que não querem aprender nada, mas precisam daquele diploma. Para eles, encomendar um trabalho é driblar um incômodo, os fins justificam os meios.”

OMBRO AMIGO

“A confiança é peça fundamental das relações. Oferecemos toda a segurança para nossos clientes. Assim sendo, estamos habilitados para o cumprimento e a correspondência de toda confiança depositada em nossas mãos.” Parece anúncio de banco, mas é de um portal de trabalhos prontos. Espertamente, eles se vendem como amigos (“ajudamos você a fazer seu sonho acontecer”) e colocam os clientes como vítimas, que “encontram-se em um período atribulado de sua vida”.

Além de um ombro amigo e do sigilo, outra característica fundamental oferecida pelos sites é o “certificado Google-free”: caso alguém encasquete com o texto recebido, não vai encontrar na rede nada semelhante – é um trabalho original. Pagando um extra, também se consegue um “seguro-DDD”: aquela empresa se compromete a não vender aquele trabalho para universidades da mesma região. Ah, claro: todos dizem contar com um time de especialistas.

Uma vez aceitas as condições, chega a hora de fazer o orçamento. A média para um trabalho de graduação antigo é R$ 4 por página, e um novo, customizado, fica em R$ 7. Pós, doutorado e mestrado são gradualmente mais caros. Aí é só passar no caixa: todos operam com depósitos em conta dos maiores bancos, cartão de crédito e até boleto bancário.

AUTO-ENGANO

Diante dessa máfia globalizada e escancarada, argumentos éticos parecem não estar fazendo efeito. Professores mais espertos já estão vacinados contra mecanismos de busca, mas é difícil identificar encomendas feitas sob medida. Melhorar os exames orais é um caminho, mas isso só pegaria os desleixados que não leram direito o que pagaram.

Nessa situação, o aluno que busca a sensação de dever cumprido com o dever comprado fica se achando o malandrão. Mas pode se dar mal: uma graduação sem méritos pode até colocar alguém em um emprego bom, mas não segura a pessoa lá, principalmente se envolver o dia-a-dia da profissão. Uma lição grátis: pagar para resolver problemas no presente pode comprometer o futuro.