Oscar Maroni, o dono da boate Bahamas, acusado de incitar a prostituição e sempre polêmico em suas atitudes, conseguiu, após muito custo, um habeas-corpus para sair da cadeia. E fez um protesto inusitado: Está com meio rosto barbado, meio rosto limpo. Alegou ainda que mesmo sendo um empreendimento indecente, seu negócio está dentro da lei.
Para administradores de “negócios inusitados” como Oscar Maroni, eis a matéria:
‘Minha consciência está tranquila’, diz Maroni ao deixar delegacia
Com metade da barba e do cabelo raspados do lado direito do rosto e da cabeça, como forma de protesto, o empresário Oscar Maroni deixou o 40º DP, no bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo, por volta das 20h30 desta terça-feira (7). O dono da boate Bahamas foi preso no início da noite de terça-feira (30) após uma audiência realizada no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo.
A prisão preventiva do empresário foi decretada porque o Ministério Público apresentou gravações à Justiça que comprometeriam Maroni. Nas ligações telefônicas e conversas gravadas por uma ex-namorada, ele supostamente fala com uma garota de programa sobre um esquema de prostituição.
“Usarei meia barba até abrirem o meu hotel e minha boate. Eu me sinto injustiçado em relação à minha boate e ao meu hotel, que estão fechados há 24 meses. O meu hotel está com todas as exigências legais. A minha barba é uma forma de fazer um protesto com coisas que aconteceram comigo”, afirmou, na saída.
Apesar do protesto, Maroni garante que respeita as decisões da Justiça.
“Porque hoje novamente a Justiça prevaleceu, porque a minha consciência está tranquila. Eu posso ser imoral, posso até ser até indecente, mas todas as afirmativas feitas em relação à minha pessoa não têm fundamento. São gravações absurdas”, declarou.
O empresário afirmou que foi tratado com muito respeito e dignidade pelos carcereiros. “Mas cadeia é sempre cadeia. É um inferno. É um desespero. Que prazer dizer ‘eu posso ir tomar um café na esquina’”, ressaltou. Sobre os planos mais imediatos, completou: “Vou sair daqui, vou lá na churrascaria comer um carneirinho”.
Sobre as mais recentes acusações da qual foi alvo, ele disse que “foi vítima de extorsão”. “Não devo, tanto que dou esta entrevista. Quando saem do cárcere, dizem: ‘Não tenho nada a declarar’. Eu não fujo da imprensa. Meu trabalho é honesto, é digno”, declarou.
Antes de finalizar, ele voltou a comentar sobre o protesto que promete levar adiante. “Qual dos dois vocês querem? O Oscar Maroni barbudo? O Oscar Maroni sem barba? Façam o personagem que vocês quiserem, mas respeitem o cidadão, respeitem a minha dignidade, respeite a verdade”, disse.
Por último, ele lamentou ter perdido a decisão da Copa do Brasil, na quarta-feira (1º), em Porto Alegre, na qual o Corinthians se sagrou campeão mesmo com um empate em 2 x 2 com o Internacional. “Eu já estava com o ingresso na mão para assistir ao jogo lá”, lamentou.
Liminar
O desembargador Euvaldo Chaib, da 4ª Câmara Criminal de São Paulo, foi quem determinou nesta terça-feira a expedição de alvará de soltura do empresário Oscar Maroni. O desembargador concedeu a liminar durante análise do habeas corpus impetrado na sexta-feira (4) pela defesa dele. “O paciente, solto, em princípio, não oferece risco à sociedade, tampouco conduta motivadora de que aconselhe a segregação decretada”, escreveu o desembargador em seu despacho.
Maroni estava detido na carceragem do 40º Distrito Policial, na Vila Santa Maria, onde ficam presos com formação universitária. O advogado de Maroni afirmou que o pedido de liberdade foi baseado na falta de provas sobre a autenticidade das gravações. “Eu estou dizendo que o decreto de prisão é desnecessário, que é fundamentado em um CD do qual não se tem prova da autenticidade. Não se sabe em que data foi feito”, disse Mello.
Gravação
O promotor José Carlos Blat diz que as gravações ainda vão ser periciadas, mas que o próprio Maroni reconheceu sua voz nas conversas. “A gravação foi apresentada em audiência e o próprio Maroni reconhece a voz dele”, disse Blat ao G1.
O promotor argumenta que as conversas são recentes e mostram que Maroni negociava novos esquemas de prostituição, mesmo depois de ser posto em liberdade provisória. “Ele estava enfiando as meninas pra trabalhar em hotéis, porque a boate Bahamas está fechada”, disse o promotor.
O mandado de prisão preventiva foi expedido no processo em que Maroni é acusado de formação de quadrilha, manter casa de prostituição, tráfico de pessoas e favorecimento da prostituição. As supostas provas obtidas pela promotoria vão ser usadas também em outro inquérito que investiga corrupção policial e falsa perícia, segundo o promotor Blat.
