Cada vez mais, os péssimos comerciantes que adulteram combustíveis apresentam novidades. Seja por solvente ou “litro de 0,9 L”, os audaciosos bandidos não se rendem. Por isso, a Prefeitura de SP (junto com outras entidades) apresentará uma didática exposição sobre “Como funciona a adulteração“, além das dicas para se evitar a compra de combustíveis adulterados.
Exposição revela a arte de adulterar o combustível
Fonte: Diário do Comercio
Prefeitura exibe tanque retirado de posto que vendia gasolina “batizada”. Objetivo é alertar a população.
por Rejane Tamoto
Um dos crimes que mais atingem a população de São Paulo – que possui uma frota de 6 milhões de automóveis –, o de adulteração de combustíveis, virou tema de uma curiosa exposição na cidade.
Até amanhã, “um tanque com filhote” permanecerá exposto na avenida Paulista, em frente ao parque do Trianon. O diferencial deste tanque é que a parte maior, com capacidade para 30 mil litros, servia para armazenar combustível adulterado em um posto. Dentro dele, um pequeno tanque, de apenas 400 litros, guardava gasolina de qualidade.
“Trata-se de um tanque nunca visto em nenhum outro lugar do mundo. A exposição é didática e serve para que as pessoas compreendam o cuidado que devem tomar na hora de abastecer“, afirmou ontem o secretário municipal de Controle Urbano, Orlando de Almeida.
A peça já foi exposta na praça do Patriarca, na semana passada, e atualmente está na avenida Paulista. De lá, ele seguirá para o Parque do Ibirapuera, depois para o Largo de Pinheiros e outros locais que serão definidos pelas subprefeituras de Santana, Butantã, Santo Amaro, Mooca e Ipiranga. O tanque em exposição foi retirado do posto Portal do Jaguaré, na Lapa, em março.
Segundo Almeida, houve denúncias da população contra o estabelecimento e todo o processo de retirada e interdição levou três dias. “O tanque estava a 1,5 metro abaixo de um piso de concreto de 20 cm de espessura.”
De acordo com o secretário, quando chegavam os órgãos de fiscalização, os funcionários do posto trocavam o sistema de válvulas pneumáticas de um tanque para outro. Assim, a amostra recolhida era de gasolina de qualidade, que continha 26% de álcool. Quando um cliente abastecia, o sistema era trocado e vinha a gasolina adulterada, com 47% de álcool“, explicou.
Segundo Almeida, a melhor maneira de evitar abastecer em um posto com combustível adulterado é desconfiar do preço baixo, sempre pedir nota fiscal e ser fiel a um estabelecimento. “O preço é um critério importante. Nós vimos, por exemplo, que um posto vendia o litro do álcool a R$ 0,99. Mas o preço, na nota fiscal da distribuidora, era de R$ 1,08. Então, o combustível ou era roubado ou adulterado“, explicou.
Vistorias – Desde 2007 até agora, foram realizadas vistorias em 2000 postos de gasolina, que resultaram na interdição de 200 estabelecimentos que vendiam combustível adulterado. Em média, a Secretaria de Controle Urbano trabalha nessas operações duas vezes por semana, em convênio com a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
As ações contam com a participação de diversos órgãos municipais e também do governo do Estado, entre eles a Secretaria da Fazenda e a Polícia Civil. “Estas operações representam 40% das ações realizadas pela Secretaria”, afirmou Almeida.
O secretário explica que chega a ficar 5 horas dentro de um posto, em busca de irregularidades. A análise passa pela planta, e pela verificação de possíveis aberturas no piso, e também se há botões estranhos nas bombas ou fios nos compressores. “Na hora que descobrimos indícios, quebramos o piso”, conta.
Além de ficar sem o tanque, o posto é lacrado com 10 malotões, espécie de blocos de concreto de 800 kg, cada.
Outro caso emblemático ocorrido nos últimos 30 dias, segundo Almeida, é o de um posto localizado na rua Vergueiro com a avenida Lins de Vasconcelos, que possuía dois tanques de combustível aprovados e outros dois clandestinos.
Válvulas – “O caminhão depositava o combustível bom, que era desviado por um sistema de canos aos tanques bons. Se o combustível fosse ruim, havia uma saída para ele. Era um sistema de válvulas pneumáticas, que possibilitava a troca entre os tanques. Não conhecíamos outro como esse até quebrarmos o piso”, explicou o secretário.
Além de não pagar impostos, os postos que vendem combustível adulterado também poluem o lençol freático. “É um problema grave. Geralmente, um posto legalizado já possui um grau de contaminação 1. Num posto ilegal, a contaminação é de grau 10”, afirmou Almeida.
A Secretaria de Controle Urbano completou 100 dias de trabalho, mas ainda não foi oficializada. Até o final do mês, o prefeito Gilberto Kassab deverá encaminhar à Câmara Municipal um projeto de lei que cria o órgão. “Mesmo assim, estamos trabalhando a todo vapor”, disse. A secretaria, vinculada à Secretaria Municipal de Habitação, trabalha com 110 funcionários por meio de um decreto do prefeito.
Segundo Almeida, o objetivo da Secretaria de Controle Urbano será intensificar todas as ações de combate ao crime organizado. E elas não estão restritas à venda de combustíveis adulterados. “Atividades que servem para lavar dinheiro podem estar em boates que têm ligação com a prostituição, em lojas que vendem produtos contrabandeados e na pirataria”, afirmou.

O problema é que como saber se de verdade o combuistivel é bom? precisava fiscalizar todos os postos e ter certeza que depois da fiscalização nãum adultera de novo.
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