– Psicólogos para os Homens de Preto

Em Portugal, nesta última semana, houve uma verdadeira desordem futebolística em relação à arbitragem. Em dois jogos, a crítica portuguesa questionou severamente a conduta dos apitadores, sendo que um dos árbitros, criticado por sua atuação, declarou publicamente ter dado “pênalty por intuição”. Acontece que ele estava intuitivamente mal naquele jogo…

Para minimizar tais pressões, houve participação da arbitragem portuguesa em um seminário de psicologia do esporte pelos lados de lá. Um dos palestrantes tem como especialização a psicologia para profissões de risco. Abaixo, compartilho tal matéria.

Extraído de: http://www.oribatejo.pt

Árbitros também precisam de ir ao psicólogo

 

Texto de:Bruno Oliveira

 

Numa semana tão conturbada para a arbitragem nacional, o presidente do Conselho de Arbitragem da Liga, o ex-árbitro internacional Vítor Pereira, esteve em Rio Maior para falar sobre a importância da psicologia para a actividade de ser árbitro em Portugal.Psicologia da performance é cada vez mais procurada

Nesta sessão, que decorreu no âmbito da 4ª edição da Semana da Psicologia do Desporto e Exercício, estava também prevista a participação do árbitro Lucílio Baptista, que acabou por recusar e ser substituído pelo colega Bruno Paixão. Vítor Pereira recusou falar do mediático caso do seu colega Lucílio Baptista mas foi claro ao dizer que já passou por uma situação semelhante e que, na altura, teve que recorrer ao apoio de um psicólogo. Talvez por isso, e também por ter sido um dos mentores da aproximação da psicologia à arbitragem, Vítor Pereira defenda que os árbitros precisam também de ter um acompanhamento psicológico e de fazer uma preparação mental para os jogos, à semelhança da preparação física e técnica que fazem durante a semana. “O futebol evoluiu muito, é mais rápido, mais táctico e hoje os árbitros têm que correr muito mais. No final desse esforço ainda têm que tomar decisões que podem decidir jogos.

É difícil”, desabafou o árbitro, defendendo por isso mais formação em pedagogia desportiva e reforçando a sua defesa em prol da profissionalização da arbitragem.

Bruno Paixão contou que também tem apoio psicológico permanente e que recorre a vários mecanismos para a tomada de decisão em campo. “Tento manter a serenidade sempre que há uma situação crítica. E aprendi com o meu psicólogo a ‘parar’ a imagem e a analisar muito bem antes de decidir”, explicou. O árbitro lembrou ainda que o árbitro “é o único em campo que não tem adeptos” e por isso está sobre uma grande pressão.

O psicólogo que “ouve” os desabafos de grande parte dos árbitros portugueses é João Nuno Pacheco, docente na Escola Superior de Desporto e psicólogo oficial da Federação e Liga de Futebol. João Nuno Pacheco lembrou que os árbitros têm outras profissões e que, por isso, têm a cabeça ocupada com outras prioridades que não são o futebol.

Pedro Almeida, psicólogo do Benfica e professor do ISPA, esteve também nesta Semana e defendeu a aposta dos alunos numa nova área, a psicologia da performance, que pode ser aplicada ao desporto, mas também à área dos artistas e das profissões de risco, como os bombeiros.

 

 

 

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