O jornalista Décio Lopes, da Sportv, escreveu um belíssimo texto em sua coluna no GloboEsporte.com, onde defende os critérios de aplicação de cartões amarelos e vermelhos dos árbitros de futebol brasileiros. E argumenta teses interessantes contra os críticos que costumam querer comparar Europa com América Latina. Compartilho o interessante material com os amigos:
(extraído de: http://colunas.sportv.com.br/expressodabola/2009/03/26/a-sindrome-dos-cartoes-contra-o-dragao-do-anti-jogo/)
A síndrome dos cartões contra o dragão do anti-jogo
O futebol brasileiro vem sendo assolado por um mar de cartões amarelos e vermelhos. Muitos protestam, acham exagero, mas quer saber? Danem-se aqueles que usam a falta como esquema tático.
Tudo começou com as péssimas arbitragens e erros ridículos que infelizmente desacreditaram os “homens de preto” no futebol brasileiro. A partir daí, dentro da anti-lógica estúpida de que um erro justifica o outro, os maus jogadores cresceram, ganharam razão, começaram a protestar como se fossem ativistas lutando pelas mais nobres causas. Hoje vemos nos nossos gramados um monte de botinudos e especialistas em faltas reclamando de braços abertos, abrindo bocas gigantescas, indignados.
O fato é que há uma enxurrada de cartões amarelos e vermelhos nos estaduais. Quase sempre acompanhados por chiliques de protesto. Nesta onda (e também baseados na constância de erros dos árbitros) parte da torcida e da imprensa embarca no teatro dos brucutus “indignados” e também joga toneladas de xingamentos nos juízes das partidas de futebol.
Pois eu digo: na minha opinião os árbitros têm acertado ao distribuirem grande quantidade de cartões. Não digo todos, mas muitos.
Está claro que diversos times fazem rodízios de faltas, praticam a feiúra e a violência, em nome de um pretenso futebol pragmático. Mentira. Isso não é futebol nem pragmático. É anti-jogo. É o oposto do esporte e do espetáculo.
Os caras fazem faltas sem parar e não querem receber cartões? Param todas as jogadas do adversário e acham normal? Aí, na décima falta seguida – mesmo sem fraturas ou caratês – aparece o cartão. Eles reclamam aos berros. O treinador, lá de longe, grita mais forte ainda- quase sempre xingando mas, até para isso, com um discurso empolado, digno de “professor”.
Mais jogo e mais faltas chegam por todos os lados. Na vigésima, aparece outro amarelo e o jogador é expulso. Aí, ele soca a grama, leva as mãos às têmporas, sacode de indignação como se fosse um mártir cristão perseguido por romanos, como se fosse um ativista perseguido na luta pelos direitos civis.
O pior é que tem gente que cai nessa. Defende os agressores, diz que a falta que ocasionou o segundo cartão e a consequente expulsão não foi grave, que o jogador não merecia, que os pequenos (normalmente os que mais praticam o rodízio de faltas) são perseguidos…
Discordo em quase todos os casos que temos visto nos gramados do país.
Rodízio de falta é gravíssimo. É feio. Mata o futebol. É um perigoso inimigo a longo prazo. Deve ser combatido. Cartão neles! Enquanto não há novidades – como, por exemplo, tirar pontos na tabela dos times mais faltosos (o que seria o ideal) – fiquemos apenas com os cartões. Melhor ter um jogo com 4 ou 5 expulsos do que vermos 22 jogadores em campo mas sem conseguirem jogar, travados por faltas, pela “malandragem”, pela picaretagem de quem quer levar vantagem a qualquer custo.
Futebol, por favor. Jogo limpo, sim.

Parabens pelo belissimo e coerente artigo. Futebol é arte e espetaculo e não caça ao adversário como é comum de se ver nos campos brasileiros. Na Europa nao são os árbitros que aplicam poucos cartões amarelos e vermelhos e sim os jogadores que mais se preocupam em jogar, forte mas jogar, visando a bola.
E olha que muito cartão amarelo aplicado é “pra constar” pois tem características claras de vermelho.
Parabéns…
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