Muitos amigos perguntam: qual a maior dificuldade em um jogo de futebol? Digo que cada jogo tem um conjunto de detalhes diferentes do que outro, embora possam ser comuns em determinados lances. Assim, dependendo da concentração, jogo fácil fica difícil e vice-versa.
As dez maiores dores de cabeça de um árbitro
08/02/2009 – Tribuna do Norte , por Everaldo Lopes – Repórter e Pesquisador
A pesquisa também indagou dos árbitros o que eles temem mais durante seu trabalho no gramado mas, que, infelizmente, independem da sua atuação. Citaram as penalidades máximas duvidosas (de difícil interpretação), um gol assinalado mas que ficou a dúvida se a bola efetivamente transpôs a linha fatal, e a simulação. Esse tipo de lance aconteceu recentemente envolvendo o veterano Carlos Simon, quando deixou de dar penalidade máxima a favor do Flamengo, mas que uma câmera comprovou que o jogador rubro negro não foi tocado pelo adversário, tendo simulado justamente o contrário. A sorte de Carlos Simon foi justamente a câmera que flagrou o momento capital da jogada. E livrou o árbitro de críticas injustas.
Com base no que aconteceu na decisão do Mundial de 66, na Inglaterra, quando o “English Team” ficou com a taça graças, em parte, a um gol cuja bola não transpôs a linha fatal mas o árbitro suíço Gottfried Dienst validou. O jogo foi concluído com empate de 2×2, forçando uma prorrogação de 30 minutos. Mais tarde, com a “desgraça” já feita, as câmeras mostraram que a bola, efetivamente, não cruzou toda a linha abaixo do travessão, os ingleses fizeram ainda mais um gol na prorrogação, terminando 4×2. A gaffe valeu o título (único, até agora) dos ingleses. O lance gera pressões até hoje para que a Fifa para que admita a utilização da eletrônica para evitar erro igual em outra Copa.
O lance é relativamente novo, ao que consta, lançado por Pelé ao cobrar uma penalidade máxima, antes de chutar deu um rápida paradinha, na tentativa de enganar o goleiro. Deu certo e, até hoje muitos cobradores a adotam. Para muitos, é uma tremenda desigualdade no duelo cobrador x goleiro. Ao tentar a sorte saltando para a esquerda ou para a direita, o goleiro pode dar-se ao ridículo de cair para um lado e a bola ser dirigida para o outro. Apesar do árbitro não ter interferência, já que a Fifa nada vê de errado na paradinha, às vezes o cobrador exagera na freada, e o árbitro, rápido, manda repetir. Não deixa de ser um problema a mais.
É sempre complicado para o árbitro o jogo que tem muitas paralisações. Existem nos anais do futebol muitas partidas que tiveram gols “em cima da hora”, deixando o árbitro sob suspeita, pelo fato de ter deixado a bola rolar mais alguns segundos. O ideal, mesmo, evitar essas pequenas compensações, encaminhando-se sem mais delongas para o centro do gramado, pondo fim na expectativa do público e da imprensa.
Quem está pagando pela modernidade da televisão são os assistentes. Antigamente, havia no máximo duas ou quatro câmeras no estádio, sendo raros os impedimentos duvidosos que livravam a cara dos auxiliares do árbitro. Hoje, só a Globo coloca 18 a 20 câmeras no estádio, preferencialmente “de olho” nas pequena e grande áreas, locais comuns para flagrar o jogador impedido. Recentemente, jogo Flamengo x Volta Redonda foi anulado gol absolutamente correto da equipe interiorana, devido um erro monumental de um dos assistentes. Fosse anos atrás, ele podia ir dormir tranquilo pois nenhuma câmera havia flagrado nada.
A posição de goleiro, por si só, já é ingrata e – segundo alguns, até amaldiçoada. E acrescentam que a maior prova é que nem grama nasce naquele lugar. O fato é que goleiro sofre, é o único que não pode falhar. Na hora da penalidade máxima, o único benefício que tem é poder se mexer para os lados. Pra frente, nada! Mas, apesar disso, há árbitro um tanto liberal que permite um pequeno avanço do pobre goleiro. De qualquer forma,. É mais um problema para o árbitro.
Nem mesmo os moderníssimos cronômetros resolvem o eterno problema dos acréscimos. Na maioria das partidas, o pessoal da imprensa fica de olho na sinalização do árbitro para o quarto árbitro, de quanto será o tempo a acrescentar. Numa partida dramática, 10 segundos podem decidir um jogo e/ou um título. Apesar disso, é um dos poucos instantes em que o árbitro só erra se quiser, já que o tempo de jogo está rigorosamente sob seu controle.
Sem dúvida alguma, depois da penalidade máxima, nenhuma outra dor de ca- beça pode infernizar o trabalho de um árbitro do que a dúvida do impedimento. É bem verdade que a carga maior é do assistente que corre daquele lado. Se é um lance crítico, o árbitro tem de decidir em fração de segundo se confirma ou não o aceno do assistente. Às vezes, o árbitro acha que é impedimento, porém o assistente nada assinalou. E aí? Mais uma dor de cabeça.
O problema da barreira andar foi parcialmente resolvido com o uso do spray, mas de tempos em tempos os jogadores descobrem algum macete para enganar o árbitro. É evidente que, dos problemas de uma arbitragem, é o mais “light” de todos. Muito mais cuidado exige o empurra empurra, principalmente se a bola parte das laterais. Não está no rol dos problemas insolúveis.
Este é o entrave criado peloss jogadores considerados “bandidos”. Cada time tem seu “bandido”. Após um encontrão, uma falta um pouco mais forte, joga-se ao gramado, gritando e levando as duas mãos ao local “hipoteticamente atingido”. São perigosos porque jogam o árbitro contra o torcedor, chegando até a inibir a atuação do mediador. A simulação complica o brilhantismo de qualquer clássico, estimulando o cai cai, irritando o árbitro e o torcedor. O craque da simulação é nocivo à equipe, pois é capaz de tudo pra não perder.
10- Agarra agarra
O agarra agarra é uma das situações que evoluíram com o aprimoramento dos fundamentos. Claro, os treinadores que trabalham com as bases, logo cedo ensinam os macetes, a maneira de cruzar sobre a pequena área, como escapar da marcação homem a homem dos zagueiros, as melhores posições para aguardar a bola que vem pelo alto. Com isso, os zagueiros têm de apelar para os “abraços”, gerando lances que, mostrados no câmera lenta, chegam a ser cômicos. Os árbitros mais maceteados, preferem resolver o assunto apitando falta. Não precisa nem apontar de quem foi. É só apitar e correr para o centro de campo.
