Penalty e Topper contra Nike e Adidas

A primeira quer se tornar referência esportiva além-futebol; a outra, grife mundial!

Veja que interessante as ações mercadológicas das duas marcas esportivas, brasileiras, na conquista de espaço mundial e fortalecimento contra as gigantes do setor!

Extraído de: http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/592/a-hora-de-jogar-fora-de-casa-a-estrategia-de-125175-1.htm

 

A hora de jogar fora de casa

A estratégia de Penalty e Topper, duas das maiores fabricantes de artigos esportivos do Brasil, para encarar gigantes como Nike e Adidas

por AMAURI SEGALLA E TATIANA VAZ

DURANTE MUITOS ANOS, OS principais fabricantes brasileiros de artigos esportivos olharam para o mercado internacional com certa timidez. Como a demanda interna garantia um crescimento anual sempre superior aos dois dígitos, eles preferiam não arriscar uma investida que os obrigasse a encarar os líderes globais do setor, como a americana Nike e a alemã Adidas. Para os grupos nacionais, era mais seguro enfrentar a concorrência dentro de casa, pois as marcas estrangeiras tinham a desvantagem de vender seus tênis, bolas e equipamentos a preços menos convidativos. Mas o jogo mudou. Consolidadas no mercado interno, que já não satisfaz os seus planos de crescimento, as fabricantes brasileiras têm agora o desafio de criar marcas mundiais. E elas aprenderam uma lição com as estrangeiras. Para ser forte globalmente, é preciso acima de tudo apostar na diversificação de produtos. É isso que estão fazendo, quase que simultaneamente, duas das maiores marcas esportivas do Brasil, a Penalty e a Topper.

A Penalty, empresa do grupo Cambuci, decidiu ampliar de forma radical sua linha de produtos. Historicamente ligada ao futebol – seu próprio nome remete a um lance do esporte -, a companhia lançou no ano passado tênis e acessórios para corrida, basquete, vôlei e handebol. A mudança de direção revelou-se acertada. Em 2008, a Penalty cresceu 30,5%, para um faturamento de R$ 230 milhões. “O resultado teria sido muito melhor se a crise não tivesse puxado o freio de todos os setores”, afirma Eduardo Ruschel, diretor comercial da empresa. Até setembro, último mês de 2008 sem os efeitos nefastos da turbulência financeira global, a Penalty surfava num crescimento forte de desaceleração econômica, começou 2009 em ritmo acelerado. Segundo Ruschel, as vendas de janeiro deste ano aumentaram 20% ante igual período do ano passado. “Esse índice certamente seria maior se não estivéssemos no período mais difícil da crise”, diz o executivo. Tudo isso se deve principalmente a outros esportes. Em 2007, o futebol era responsável por 80% das receitas. Atualmente, esse índice é de 60% e projeções indicam que deve cair para a metade até o final do ano.

O novo portfólio de produtos será fundamental para a internacionalização. A empresa já exporta para 18 países, principalmente para a América do Sul, e obtém 27% de seu faturamento do mercado internacional. Mas os planos são mais ambiciosos. “Estudamos a abertura de uma fábrica no Exterior”, diz Ruschel. Tudo indica que a Argentina é a favorita para receber a primeira unidade da Penalty fora do Brasil (atualmente, suas três fábricas ficam no Nordeste, duas na Bahia e uma na Paraíba). A empresa também está à caça de distribuidoras que possam levar seus produtos para a Ásia e América Latina.

Na busca por maior inserção internacional, a Topper conta com a experiência da controladora Alpargatas. Alguns anos atrás, a Alpargatas fez da Havaianas a marca brasileira mais conhecida no Exterior. Agora, quer realizar o mesmo com a Topper. O processo começou no ano passado. Em outubro, se uniu à Topper da Argentina para o desenvolvimento de uma linha conjunta de produtos, num negócio de US$ 82 milhões que só foi possível depois que a Alpargatas brasileira recebeu autorização para comprar a operação da Alpargatas na Argentina. Se no Brasil a Topper está associada ao futebol, na Argentina é diferente. “Lá, a Topper adotou como estratégia trabalhar com roupas casuais”, diz Fernando Beer, diretor de artigos esportivos da São Paulo Alpargatas.

 

A nova tática da companhia é adotar produtos para atender ao mercado global e outros destinados apenas ao público interno. “É impossível não respeitar as peculiaridades de cada lugar”, diz Beer. “Rugby faz sucesso na Argentina, mas no Brasil as pessoas mal conhecem o esporte.” As criações globais ficarão a cargo de uma equipe brasileira, enquanto as regionais serão desenvolvidas em escritórios que serão abertos no Exterior. Além de iniciar em março uma campanha publicitária para fixar no consumidor o novo logo, a empresa vai apostar em atletas de outros esportes. Um deles é Thomaz Bellucci, número 1 do tênis brasileiro. Entre os espaços que a empresa espera conquistar está o difícil mercado americano.

Para o consultor Jaime Troiano, diretor da Troiano Consultoria de Marcas, as duas empresas acertaram ao fortalecer sua presença no mercado brasileiro antes de arriscar uma incursão internacional. Mas não será um trabalho fácil. “Maturar uma marca no Exterior demora, no mínimo, dois anos”, diz Troiano. Lá fora o jogo é pesado. Uma das grifes mais conhecidas do mundo, a Nike usa estrelas do esporte, como o jogador de basquete LeBron James e o golfista Tiger Woods, para vender uma imagem de sucesso. Agora as empresas brasileiras precisam aprender com os concorrentes a criar marcas fortes e globais.

Os 50 anos da Barbie

 

A inocente bonequinha Barbie completa 50 anos trazendo sinais de desgastes em sua marca. Olha que interessante a “crise de imagem” da boneca:

Extraído de: http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/592/rugas-para-a-barbie-a-boneca-mais-famosa-do-planeta-125208-1.htm

(Obs: para as fotos da matéria, clique no link acima)

 

Rugas para a Barbie

A boneca mais famosa do planeta chega aos 50 anos em crise de identidade e com as vendas em queda

por ROSENILDO GOMES FERREIRA

REPARE, CARO LEITOR, na senhora na pequena foto aí de cima. A aparência cansada e as rugas que cobrem a face da americana Barbara Millicent Robert não são suficientes para ofuscar a beleza de quem reinou por várias décadas como o maior ícone do segmento de fashion doll – bonecas estilosas, em tradução literal. Mais conhecida como Barbie, seu estilo de vida e sua silhueta esguia – equivalente a uma mulher de 1,75m de altura, 91,5 cm de busto, 45,7 cm de cintura e 84 cm de quadril – serviram de inspiração para centenas de milhares de meninas de todos os cantos do planeta. Todas queriam ser como ela. O sucesso fez com que a boneca, criada por Ruth Handler, sócia da Mattel, se transformasse na principal alavanca de vendas de um conglomerado cuja receita anual soma US$ 6 bilhões. Prestes a completar 50 anos, contudo, a boneca loira de 28 cm já sente o peso da idade. No campo financeiro está longe de ser o fenômeno de outrora. Em 2008, suas vendas caíram 9%, enquanto a comercialização das demais fashion dolls avançaram 11%. Resultado direto do acirramento da concorrência e de diversos erros estratégicos cometidos pela Mattel. O principal deles foi a falta de agilidade para reagir à chegada de concorrentes mais antenadas com as aspirações da chamada geração internet.

DOIS MOMENTOS: simulação feita em computador (acima) mostra como seria a Barbie vergada pelo peso da idade. Abaixo, modelo apresenta o novo guarda-roupa da boneca em evento realizado na Alemanha

Basta acompanhar o sucesso de Bratz, uma adolescente com cabeça e pés grandes, salto plataforma e pose de atrevida. A personagem foi rapidamente assimilada pelas pré-adolescentes que consideravam, em boa medida, que Barbie era coisa de criança. Lançada em 2001 pela pequena MGA Entertainment, de Los Angeles (EUA), a Bratz se tornou um fenômeno global. A direção da Mattel acusou o golpe. Deixou de lado a postura blasé e colocou em marcha uma verdadeira operação de guerra. Afinal, a Barbie sozinha responde por 30% de suas vendas totais. Por isso, criou versões mais despojadas e étnicas da boneca, como a My Scene, e colocou o perfil da boneca no MySpace e no Facebook. Lançou uma linha de fashion dolls bastante iradas, Flavas, inspirada na cultura hip-hop. A ideia era fazer desse modelo uma “versão de combate” para deter o avanço da arquirrival. Não deu certo. As vendas continuaram despencando ano após ano. Sem sucesso no campo mercadológico, a direção da Mattel, então, mudou de tática. Ingressou na Justiça contra a MGA, acusando o designer Carter Bryant, pai da Bratz, de ter roubado o nome e o desenho da boneca do acervo da Mattel, quando trabalhou por lá. Em agosto último, a MGA foi condenada a indenizar a empresa em US$ 100 milhões.

Além da arena jurídica, a Mattel também se prepara para reagir no campo das fashion dolls. Para marcar o cinquentenário de Barbie, a companhia fará um megadesfile no sábado 14, na prestigiosa Semana de Moda de Nova York. A escolha do local deve-se ao fato de sua primeira aparição pública ter ocorrido em uma feira de brinquedos nessa cidade. A volta à Big Apple será em grande estilo. A Mattel convidou 50 renomados estilistas para desenhar peças inspiradas na boneca. Designers como a americana Vera Wang e o francês Christian Louboutin. Ela desenhou um sofisticado vestido de noiva que custa, na versão adulta, US$ 15 mil, ou US$ 159,99 no corpo da Barbie. Louboutin, por sua vez, apresentará sapatos inspirados no universo da boneca. Em matéria de guarda-roupa, a personagem é sem dúvida imbatível. Em cinco décadas ela já esteve na pele de 108 profissionais diferentes, incluindo um uniforme militar aprovado pelo Pentágono. Seu guardaroupa é composto por um bilhão de peças e uma de suas versões especiais, a Barbie Princesa Liana, era cravejada com 318 diamantes e foi avaliada em US$ 94,8 mil. A peça repousa no cofre da Mattel.