O Cego que muito enxergava

Louis Braille, criador da linguagem para deficientes visuais, se vivo faria hoje 200 anos!

Compartilho sua belíssima história, escrita em forma de poesia por Roberto Vieira, e reproduzida no Blog do Paulinho (http://blogdopaulinho.wordpress.com/2009/01/05/gol-de-cego/):

 

Gol de cego
By Paulinho

Por ROBERTO VIEIRA

http://oblogdoroberto.zip.net/

Foi um gol de cego.

Há 200 anos nascia em Coupvray, na França, Louis Braille.

Braille que ficou cego aos 3 anos de idade.

Brincando na oficina do pai.

O destino dos cegos é a lanterninha na vida.

A solidão. O mundo-cão guia.

Mas a inteligência do jovem Braille encontrou refúgio no amor dos pais.

E no carinho de um jovem professor: Antoine Bécheret.

Talentoso, conseguiu uma vaga no Instituto Real para Jovens Cegos em Paris.

Braille que brincava nas onze.

Tornou-se excelente organista e violoncelista.

Deu concertos em todo o país.

Virou professor do Instituto.

Entregava de bandeja beijada aos estudantes cegos a álgebra, a gramática e a geografia.

A música.

Porém, as bolas e os livros continuavam passando a sua frente, inatingíveis.

Os livros eram imensos, insubmissos.

As bolas, imutáveis. Invisíveis.

Até que um dia, movido pelo lançamento do capitão Charles Barbier:

Fiat Lux!

Braille aperfeiçoou um antigo sistema de escrita noturna.

Um sistema criado nas trevas da guerra.

Cada célula braille permitindo 63 combinações de pontos.

As combinações transmutando-se palavras e sons.

Verbo e som cabeceados ao gol imaginário em plena escuridão.

Ganhando as redes da história.

Se é verdade que Pelé, Kocsis, Leivinha e Escurinho cabeceavam de olhos bem abertos.

Olhos postos na vítima.

Não é menos verdade que Louis Braille cabeceava de olhos fechados.

Olhos postos na vida.

Em antológicos gols de cego!

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