Amigos, compartilho belíssimo artigo redigido pelo árbitro Fifa Carlos Eugênio Simon (que representou o Brasil nas Copas de 2002, 2006 e pré-selecionado para 2010), publicado no jornal Zero Hora de Porto Alegre.
Em seu texto, o mundialista se presta a um interessante debate sobre o título de “Críticas Sim, Ofensas Não”, propondo uma análise da carreira do árbitro de futebol.
Ao final, o jornal propõe a seguinte pergunta: Você desestimularia seu filho a ser Juiz de Futebol?
Refaço a questão pelo outro lado da coisa, e quero sua opinião: você incentivaria seu filho a ser juiz de futebol?
Abaixo, o artigo (extraído de: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2331241.xml&template=3898.dwt&edition=11288§ion=1012) e da enquete do jornal em : http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/interatividade.jsp?uf=1&local=1&newsID=DYNAMIC,itools.xml.ItoolsDelivery3,getMuralMensagensXml&template=3838.dwt&forumid=84609&groupid=3653§ion=Mural&tp)
14 de dezembro de 2008 | N° 15819
TEMA PARA DEBATE
Críticas, sim. Ofensas, não, por Carlos Eugênio Simon*
A ofensa ao árbitro é uma das tradições mais enraizadas entre os torcedores nos estádios de futebol. Faz parte da cultura do esporte e não deve ser levada em conta, mas entendida como uma manifestação catártica, fruto das paixões exacerbadas despertadas pelo futebol. Assim, antes mesmo de iniciar a partida, muitas vezes o mediador já está condenado: se não comete nenhum equívoco, não fez mais que a obrigação; caso contrário, ou é incompetente ou se vendeu. Não é o melhor dos mundos, mas faz parte do jogo. Para referir Galeano: “O árbitro é o álibi de todos os erros, se perdem é por causa dele, se ganham é apesar dele. Mas, com certeza, se ele não existisse, teriam que inventá-lo”.
No entanto, não se pode assistir calado quando as ofensas descem das arquibancadas e ocupam lugar nas colunas de jornais, microfones de rádios e mesas de debates televisivos. Reivindicamos o respeito pessoal e profissional de jogadores, comentaristas e dirigentes esportivos. Felizmente, a maioria não permite que eventuais desacordos com as marcações da arbitragem ultrapassem a fronteira da discordância por vezes dura, mas civilizada, e ingressem no terreno da deslealdade e da ofensa à honra.
Porém, recentemente, tive o desprazer de ser alvo de uma intensa campanha injuriosa em razão de um suposto pênalti que teria deixado de marcar a favor do Flamengo, no jogo contra o Cruzeiro. Apesar de as imagens da televisão mostrarem de forma irrefutável que não houve a penalidade máxima reclamada pelos apaixonados corações flamenguistas, há quem se recuse até hoje a admitir erro da sua avaliação e o acerto da minha decisão.
O companheiro Wagner Tardelli igualmente passou por momentos difíceis ao ser envolvido, à sua revelia, em uma suposta tentativa de suborno que, mesmo não tendo sido concretizada, o alijou da arbitragem do jogo entre Goiás e São Paulo, decidindo o Campeonato Brasileiro de 2008.
Estes dois episódios revelam o fio da navalha por onde caminha o árbitro de futebol no exercício da sua profissão.
Como qualquer ser humano, não somos infalíveis, estamos sujeitos a equívocos e erros de interpretação. Por isto, precisamos reafirmar pública e constantemente a nossa honestidade através de palavras e ações concretas.
Desta forma, entendo que é sempre oportuno enfatizar que a arbitragem brasileira é séria, competente e honesta, como declarei na última segunda-feira na entrega do prêmio Craque Brasileirão 2008. Neste aspecto, cabe ressaltar que os profissionais do Rio Grande do Sul estão entre os melhores do Brasil, como ficou comprovado na cerimônia de premiação promovida pela CBF, na qual os três finalistas na categoria arbitragem foram profissionais do nosso Estado.
Diante de tudo isto, fica a pergunta: que conselho você daria ao seu filho se um dia ele anunciasse: “Paiê, quando crescer quero ser juiz de futebol.”
Você desestimularia um filho seu a ser juiz de futebol?
*Árbitro gaúcho do quadro da Fifa
Não esqueça, quero sua opinião: Você estimularia seu filho a ser juiz de futebol?
