Carisma que se Compra, que se Vende e se Conquista

 Há séculos, a expressão carisma era utilizada para designar um dom extraordinário, algo que Deus dá às pessoas especiais. Ao longo do tempo, o uso do vocábulo modificou-se para “pessoa que traz empatia e influencia”. O termo religioso veio do apóstolo Paulo (São Paulo, falando sobre o termo em uma de suas cartas). O termo do jeito que o tratamos, atualmente, foi designado por Max Weber na “Sociologia da Burocracia”.

Na sociedade, tivemos exemplos magníficos de Carismáticos: tanto para o bem, como para o mal.. Madre Teresa de Calcutá, John Kennedy, Getúlio Vargas, Adolph Hittler, João Paulo II, entre tantos, são exemplos vivos de líderes carismáticos.

No futebol, outros empáticos se destacaram: talvez Pelé seja o expoente disso, pelo carisma e capacidade técnica.

Atualmente, três manifestações me fazem lembrar do termo Carisma no esporte: a contratação do jogador Ronaldo pelo Corinthians, as declarações do treinador Vanderley Luxemburgo, e as manifestações pouco simpáticas à arbitragem no prêmio Brasileirão 2008.

Pois bem: Vejamos um Carismático autêntico, que se vende (positivamente) como produto de marketing, agrega, polemiza e se torna salutar: Ronaldo Nazário. O atleta jogará em 2008 pelo Corinthians, quase a “Custo Zero” pelos benefícios que trará ao clube. Que Ronaldo está entre os maiores de todos os tempos, não há dúvida. Se rendará o mesmo que antes como jogador, também não há dúvida: é claro que não. Seu judiado joelho, bem como o histórico de recuperação, mostram claramente que não dá para jogar como fizera no Barcelona, por exemplo. Mas a luta pela recuperação, a volta por cima, as ações solidárias que ele pratica, acabam sobrepondo os erros que envolvem sua vida efetiva e conturbações sociais particulares. É um ídolo para as crianças, sejam elas de qualquer nacionalidade. Venderá muitos produtos com a grife Ronaldo-Corinthians, sem precisar entrar em campo. “Baleado”, ainda é melhor que muito jogador em condições saudáveis. É um Carisma Real, autêntico, e que se Vende.

O segundo modelo de Carisma, é aquele que se compra. Aglutina-se por planejamento, por aparência e necessidade. Vejamos o caso do campeoníssimo Vanderley Luxemburgo. Alguém duvida que seu carisma e competência fazem com que os jogadores sejam ávidos em trabalhar com o treineiro? O homem influencia, e assim como o caso Ronaldo, cria polêmica, traz mídia, e encanta. Mas, diferentemente, através de investimentos, onde o parceiro gasta para obtê-lo. O custo-benefício é caro, como o próprio Luxemburgo declarou ontem (leia abaixo sua declaração). É o Carisma Temporal, montado, e que se Compra.

 

Finalmente, as vaias levadas pelo gaúcho Simon na última segunda-feira, durante a premiação do Campeonato Brasileiro, onde as mesmas não foram direcionadas exclusivamente à pessoa dele. Ali se representava a categoria e aos erros dela, independente se voluntários ou não. Seria isso um anti-carisma? E aos que vivem da arbitragem, sabem e sentem que é o inverso em relação aos amigos e familiares: o Carisma intra-relacional existirá, enquanto que o extra-corporis estará na busca contínua da atividade, da própria figura do árbitro de futebol. Isso explica porque Vuaden e Gaciba, também premiados, foram, de certo modo, “poupados na premiação”. – É claro que o fator Obina-Flamengo também deve ser levado em conta – devida ou indevidamente. Mas é o Carisma Utópico, que se batalha para a Conquista, difícil mas não impossível.

 

Encerrando, o Carisma e suas variações + observações foram presentes no futebol nos últimos dias. Dele, se trouxe até mesmo um pouco de compaixão pelo Wagner Tardelli, por meio da imprensa, através do episódio da possível ou não manipulação. O sentimento de piedade trouxe um carisma inesperado, fruto até de um misto de desentendimento de causas reais. E aí surge um jargão tradicional e batido: não precisa ser honesto, tem que parecer ser honesto. A falta ou sobra de Carisma regularão essa necessidade, a que muitos chamam, daqui do interior, de “PANCA”.

 

A seguir, os links de matérias que retratam os 3 carismas abordados:

 

 A Chegada de Ronaldo ao Corinthians, sob o título: “Farei parte de um bando de loucos”: Cilque em:

http://esportes.terra.com.br/interna/0,,OI3382932-EI2011,00-Vou+fazer+parte+de+um+bando+de+loucos+diz+Ronaldo.html

 

As declarações de Luxemburgo, sob o título: “Luxa deixa a modéstia de lado: ‘sou barato pelo retorno que trago ao clube’.”. Clique em:

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/0,,MUL917199-9825,00-LUXA+DEIXA+A+MODESTIA+DE+LADO+SOU+BARATO+PELO+RETORNO+QUE+DOU+AO+CLUBE.html

 

Material referente à premiação do Brasileirão com vaias à arbitragem, com  declarações do presidente da CA, Sérgio Corrêa, e vídeo de Carlos E. Simon, clique em:

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/0,,MUL915874-9825,00.html

 

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