Considerações do Jogo das eliminatórias

Já dizia o polêmico Milton Neves (pelo menos, ele “massificou esta máxima”), o futebol é a coisa mais importante das menos importantes. E concordo integralmente. Assim, parece que há uma indignação nacional com o futebol brasileiro. E não é para menos. Afinal, a Canarinho (quanto tempo não se tem usado carinhosamente este termo) parece que não consegue mais jogar o que jogava anos atrás. Claro, sinal dos tempos… Globalização: todos assistem a todos os jogos e conhecem os adversários, principalmente quando eles são brasileiros; Internacionalização dos atletas: parece que é mais importante jogar na Europa do que “servir a Pátria”, e, por fim, a evolução dos selecionados adversários (pela mesma globalização futebolística) e baixo nivelamento da nossa esquadra.
Mas não quero atacar ou defender o treineiro Dunga. Afinal, ele foi campeão do mundo, e respeito tal feito (se eu jogasse ou treinasse, talvez poderia criticá-lo ou defendê-lo com propriedade, mas… quem tem o pé redondo apita o jogo!). E não convém a mim, na minha posição, falar sobre seu desempenho.
O que quero falar é sobre algumas nuances. A primeira: o jogo fez com que “passasse batido” a possível quebra de recorde em arrecadação de uma partida de futebol no Brasil: mais de R$ 6,6 milhões. A segunda: a pouca educação da torcida que vaiou o Hino Nacional Argentino – afinal, a educação deve estar acima da rivalidade, e terá jogo de volta (e não sei porque cargas d´água o Galvão Bueno disse que a torcida ouviu respeitosamente o Hino deles!?! – ops: cargas d’água eu confesso: desenterrei a expressão). A terceira: A fantástica Gal Costa errou o nosso Hino, suprimindo algumas letras e cantando apenas a primeira parte – afinal, quando é só a melodia, toca-se pelo meio; quando é cantado, o Hino deve ser por inteiro.
Falemos da Arbitragem do Oscar Ruiz. Claro, não vou ferir  e nem devo  comentar a atuação do colega, mas deve-se ressaltar, pelo propósito didático, que o lance envolvendo o goleiro portenho Pato Abbondanzieri segurando a camisa do atacante madrilista Robinho é pura interpretação. Opa! Interpretação? Mas não foi um puxão claro? O Arnaldo não disse que foi pênalti? Calma, vamos com calma…
Tem-se que opinar no ato. Não adianta ver inúmeras vezes e depois dizer que errou ou acertou, pois aí é covardia. No ato, tive pela minha humilde TV de 14 polegadas que houvera sido pênalti, mas o jogador continua disposto a jogar e “abdica” da marcação manifestando o desejo de seguir jogando. Bonito no papel, mas será que na prática foi isso o que ocorreu? No calor da partida, será que o atacante, o árbitro e até o goleiro pensaram nisso tudo? Ou será que dentro do campo o árbitro entendeu (e aí é interpretação) de que a mão que segura a camisa não teve força o suficiente para parar o atacante (que poderia nem ter percebido o agarrão ou a sua intensidade), e assim considerado jogada normal?
Percebeu que o lance não é tão claro assim? Talvez, dentro de campo, eu também mandasse seguir o lance, e pela TV daria pênalti. Ou vice-versa. Mas agora não vale, pois veja o tempo que cheguei para concluir esse raciocínio e escrevê-lo.
Apitar é ter raciocínio rápido. Estamos discutindo, concordando e discordando da marcação. E nós, árbitros, temos uma fração de segundos para tomar a decisão. Mais um motivo para aprimorarmos, treinarmos e assistirmos até bolinha de gude para podermos trocar informações, experiências e dúvidas.
Quanto ao jogo, que já disse estar impossibilitado de comentar sobre o Dunga, só para dizer que não falei nada: já imaginou um Mineirão transbordando de gente, gritando “Fora Dunga, Zico, Zico!”? Não é fácil… E o inédito grito de “Jumento, Jumento”. Pô amigos mineiros, vocês foram criativos, hein? Já ouvi muita coisa, mas “Jumento”?
Finalizando, não vi ninguém comentando a ótima atuação do nosso colega Gaciba no Bolívia X Paraguai. É isso aí Gaciba, pelo menos no apito a rodada foi boa para os brasileiros.

Obs: Não tem nada a ver com as eliminatórias e já é assunto vencido: o lance do Acosta no Magrão pela Copa do Brasil: quem assistiu pela Globo, viu seu comentarista dizendo “Pênalti, foi claro, errou o juiz”. E quem viu pelo Sportv, reparou que o comentarista disse “Nada, acertou o Herbert”.
Vai entender… não podemos contentar a todos. E nem é dever nosso. Nossa obrigação é contentar a regra e defender o Fair Play.

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