Há certas ações e costumes que infelizmente não passam. Um deles é o racismo. Seja na política, no esporte, enfim, na sociedade em geral, a discriminação oprime os cidadãos e enoja a única raça existente: a humana.
Lendo “A Dança dos Deuses”, de Hilário Franco Júnior (já citado aqui), deparo-me com a manchete do jornal Gazzetta dello Sport, de 20/06/1938, sobre a vitória da Itália sobre o Brasil naquela edição da Copa do Mundo: “Triunfo da inteligência itálica contra a força bruta dos negros”. E o editorial completava que “mais que vitória esportiva conquistada à custa de músculos e inteligência (…) resplandece a vitória da raça”.
Hoje, veladamente, muitos ainda pensam como o editor fascita daquela época. Pior: alguns ainda pensam explicitamente e fazem apologia a tais atos. E ainda achamos que o nosso mundo é civilizado…
Mas, se você acha que só em terras estrangeiras há discriminação, o mesmo livro aborda o fato de Lima Barreto, em seu tempo, abrir campanha contra o futebol, pois esse esporte servia para a humilhação dos negros, já que era prática exclusiva para brancos; ou Rui Barbosa, que no mesmo período se referiu aos companheiros do craque negro Friedenreich de “corja de malandros e vagabundos”. No Rio de Janeiro, as equipes assinaram um regulamento proibindo a inscrição de “atletas de cor”. Por fim, em 13 de maio de 1914 , o jogador negro Carlos Alberto, do Fluminense, usou pó-de-arroz para branquear a sua pele numa partida contra o América. Em 1921, o Presidente do Brasil Epitácio Pessoa proibiu a seleção nacional de ter negros na equipe.
Que ironia: tanta dificuldade de aceitação dos negros em um esporte cuja majestade veio do berço de Mama Africa. E logo no Brasil. Mas… e hoje? Findou-se a discriminação de fato?
