José Geraldo Couto, brilhante colunista da Folha de SP, abrilhantou-nos novamente com um comentário polêmico (sábado 22/12, Caderno Esporte, pg D3) sobre Kaká. Basicamente, atacou o bom-mocismo do atleta, e teceu comentários sobre os bem e mau comportados jogadores. As vezes, reflito e concordo com alguns pontos do mesmo, e, refletindo um pouco mais, acabo discordando. Abaixo, algumas impressões para você comentar:
“A escolha de Kaká como melhor futebolista do planeta não surpreendeu ninguém (…). O que me assustou um pouco foi ouvir no rádio e tv uma porção de gente exaltar o rapaz como “modelo positivo para a juventude”. (…) Não me entendam mal. Nada contra ele casar virgem e estampar na camiseta que ‘pertence a Jesus’. Mas daí a tomar isso como exemplo de caráter vai uma grande distância. Kaká, é bom lembrar, foi um dos primeiros a sair em defesa do casal Hernandes, os líderes da Renascer em Cristo, que foram parar na cadeia por ludibriar a fé dos incautos e sonegar impostos (…)”.
Lembro um episódio ocorrido com o grande ex-jogador e ex-treinador Elba de Pádua Lima, o Tim (1915-1984) (…) Tim era técnico de um grande time do RJ quando, numa peneira, um garoto ansioso por agradá-lo declarou: ‘Não bebo, não fumo nem farreio’. Tim respondeu: ‘Pois aqui você vai aprender a fazer tudo isso’. (…) Millôr Fernades escreveu uma vez que a mais incompreensível das taras é a abstinência. Ernest Hemingway, por sua vez, quando indagado sobre as coisas que poderiam atrapalhar a atividade do escritor, respondeu: ‘Mulheres, bebida e dinheiro. E também falta de mulher, a falta de bebida e a falta de dinheiro’. João Saldanha, sábio do futebol e da vida, ajudava seus jogadores a fugir da concentração para se divertir. (…)
Kaká entregou a alma a Jesus, o dinheiro à Renascer e a virgindade à noiva”.
Diante dessa final frase de efeito, questiono: No frigir dos ovos, Kaká não é o melhor do mundo hoje? E as particularidades do atleta não pertencem só a ele, desde que produza em campo?
Certamente, alguém dirá: Romário foi o Kaká às avessas na sua vida particular, e levou o prêmio de melhor do mundo. Então direi: isso é verdade também.
Assim, como não consigo concordar ou discordar plenamente do sábio José Geraldo Couto, resta uma questão complementar: Daqui a 50 anos, quem terá sido, na memória futebolística mundial, o melhor: Kaká ou Romário?
