Os papers, para quem não conhece, são resenhas crítico-analíticas, onde você, de maneira isenta, relata as idéias centrais do autor, e paralelamente discute-as, mostrando seu espírito de crítica. É verdadeiramente interessante como instrumento preparatório para os alunos do 8º semestre, já que devem escrever um TCC; é desafiador para alunos do 6º semestre, pois exercem uma atividade de interpretação e debate; e, por fim, instigante ao 2º semestre, vista as dificuldades de redação e clareza da proposta.
Diante dessas particularidades, o rigor foi diferenciado conforme a turma, embora ocorreu em um nível suficiente de dificuldade aos discentes. Afinal, devemos fazer o melhor para os nossos alunos, e exigir dos mesmos é saudável para todos. Ademais, queremos alunos inteligentes, não decoradores de textos; analistas, não redatores simplistas; mentes pensantes, não oscilantes.
O texto trabalhado foi o do colunista Max Gehringuer, intitulado Pressão e Carinho.
Aqui, o link do texto:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG78801-6047-484,00.html
Começaremos a falar dos resultados de maneira geral, pois as notas e críticas pessoais serão feitas individualmente, aluno a aluno. Antes, confesso que é um trabalho hercúleo corrigir tais trabalhos, pois apesar de excepcional academicamente, é desgastante para o professor. Afinal, são 350 provas.
1- Os erros ortográficos.
Nesta seara, há momentos de risos e lamentos. É impressionante os absurdos ortográficos. Há uma prova sem um ponto, nem vírgula, nem letra maiúscula, e que de cabo-a-rabo tornou-se um emaranhado só. Outra avaliação está completamente escrita de forma coloquial, como se fosse fala de botequim, onde o aluno esqueceu que é um administrador de empresas e usa expressões como “Cara”, “legal” e “tipo assim”. Puxa, o tal de “tipo assim” é de matar…
Mas há muitas gírias ao longo das provas. É necessário lembrar de que são universitários, e a linguagem da administração tem que estar familiarizada.
Também não podemos nos esquecer dos erros clássicos: ipótese, empreza (de novo), infelismente, ouzado, proficional (é para reprovar o aluno, não?), brasil, “têm” ao invés de “tem”, e “tem ao invés de têm”, “mais” ao invés de “mas”, compreenção, insentivo, onestidade, quiz ao invés de quís (Não é o quis de enquete, é o quís de querer). Ufa… Chega, né? A propósito, há uma prova onde as reticências estão presentes em todas as linhas… Dá para acreditar?… Ops, quase peguei a mania dos 3 pontinhos… Chega de reticências.
A observação positiva é que sumiu o concerteza. Alguns escreveram corretamente “com certeza”, e outros evitaram escrevê-lo.
Há um erro muito grande em citar os EUA no singular. Escreveram demasiadamente: “os EUA é um país…”. Escreva-se: “os EUA são…”
Observação: apesar de todos nós sermos falíveis, exige-se aos universitários um conhecimento mínimo da língua portuguesa. Imagine um relatório com tais erros?
2- As considerações dos alunos.
Muitos se preocuparam em concordar com o texto. Outros, e foram poucos, discordaram do artigo, porém as justificativas foram ruins. Apesar de ser opinião pessoal, o argumento tem que ser fundamentado, e alguns esqueceram disso. Confesso novamente que foi uma surpresa ter opiniões discordantes do texto. Um aluno pecou em escrever: “concordo com algumas coisas do texto”. E simploriamente encerrou sua análise. Que nota dar ao espírito crítico?
3- Qualidade dos papers.
De péssimo a ótimo. Resumidamente, é essa a amplitude do conceito das avaliações. Há provas que se preocuparam em contar as idéias do autor, mas não fizeram análise nem crítica. Outros só criticaram e não trouxeram as idéias do autor. O pior foi o fato de alguns copiarem pedaços do texto, ao invés de relatar com suas próprias palavras.
Há provas muito longas, outras extremamente curtas (isso independe na nota, mas as vezes pode influenciar o aluno). Há dois ou três alunos que ousaram escrever comentários completamente paralelos, fugindo do assunto. Notou-se, até mesmo, ódio explícito aos americanos.
Basicamente, o resultado foi razoável para o oitavo semestre; ótimo para os sextos semestres, e regular para o segundo. No segundo, aliás, ocorreu um desnivelamento muito amplo das notas.
4- Menções Honrosas:
Os pouquíssimos merecedores da nota máxima (é difícil, todos sabemos disso) estão realmente de parabéns. Ótimos argumentadores, esses alunos entenderam na íntegra o propósito do trabalho e tenho certeza de que a nota não veio pelo acaso. Há também boas provas que quase levaram 10, mas até pelo curto espaço, congratulo os alunos que conseguiram o aproveitamento maior: Elaine Franklin, Joaquin Esteban, Welleen Pricila, Adriana Fialho, Silvano Oliveira, Rafael Barbiéri, Gabriela Cavageiro e Michele Savioli. E parabenizo a todos os demais, pois todo o esforço deve ser reconhecido. Afinal, a vida acadêmica é uma luta prazerosa. Há necessidade de sofrer pressão muitas vezes, mas certamente terão todo o carinho para crescer na carreira.
5- Observação Final:
Aos alunos que não conseguiram boas notas, lembro: calma, há um bimestre todo pela frente e vamos recuperá-lo. Aos que estão satisfeitos: não se acomodem, há um bimestre todo para manter o esforço.
Finalmente, lembro que a Correção e entrega de provas só é feita na próxima semana. Não adianta procurar em outra oportunidade para reclamações, pois a data é pré-determinada. E lembro ainda que as médias foram influenciadas pela participação ao longo das aulas, já que há uma nota específica para isso, a ser somada e dividida com a prova.
