A Internet permite situações impressionantes. Navegando pela rede eletrônica, encontrei uma matéria de 2007, que muito me surpreendeu, envolvendo um jogo que apitei! Na mesma, aborda-se um tema interessante e atual, apesar da matéria vencida: a coerência em julgamentos pelos Tribunais Esportivos. Nela, há uma interessante e curiosa comparação de julgamentos de treinadores de futebol. Veja que bacana:
TRIBUNAL É “MÃE” PARA TÉCNICOS
28 de fevereiro de 2007 , Folha de São Paulo
Todos os treinadores julgados no futebol profissional de São Paulo em 2007 acabaram absolvidos !
Auditores ignoram súmulas feitas pelos juízes e deixam sem punição figurões e até quem foi acusado de jogar pedras na própria torcida .
por PAULO COBOS , DA REPORTAGEM LOCAL
No futebol paulista, os árbitros mordem os treinadores para depois o tribunal assoprar.
Segundo as atas do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) do Estado, oito técnicos das duas principais divisões paulistas foram julgados em 2007 -isso em apenas cinco sessões.
Todos, mesmo com pesadas citações nas súmulas ou até claras imagens da televisão, foram absolvidos pelos auditores.
Os últimos a saírem ilesos do TJD foram o palmeirense Caio Jr. e o corintiano Emerson Leão, que, assim, poderão estar no banco no clássico entre os arqui-rivais no domingo.
O primeiro invadiu o gramado durante jogo contra o Bragantino para protestar. Na época, Caio Jr. reconheceu que se excedeu e se disse preparado para ser punido. Leão, apesar do currículo recheado de atos de indisciplina, ficou sem punição pela expulsão no confronto diante do Paulista de Jundiaí.
Para justificar a absolvição dos dois, assim como ocorre na maioria dos casos envolvendo treinadores, os auditores apontaram a fragilidade das súmulas elaboradas pelos árbitros.
No caso de Caio Jr., o tribunal ignorou a súmula do juiz Rodrigo Ferreira do Amaral, que foi sucinto. Escreveu o árbitro que o palmeirense foi expulso “por adentrar em campo com a bola em jogo, para reclamar de uma suposta falta”.
Treinadores com acusações muito mais pesadas também ficaram sem punição alguma.
Segundo o juiz Fabiano Pereira, que apitou o duelo entre Taquaritinga e Bandeirante, pela Série A-2, o técnico Márcio José Ribeiro, da equipe de Birigüi, cometeu um ato grave. Ele teria jogado pedras na torcida da sua própria equipe. O tribunal, no entanto, o absolveu.
Os treinadores dos clubes paulistas ficam livres de suspensões mesmo quase sempre citados em um artigo do Código Brasileiro de Justiça Desportiva com pena dura: 30 a 180 dias. O artigo 188 prevê punição em caso de ofensa contra autoridades, entre elas os árbitros e os auxiliares. Se a afronta for feita pela mídia, a pena pode dobrar.
O pouco rigor do tribunal com os treinadores acontece no mesmo momento em que os árbitros e seus chefes reclamam do excesso de indisciplina.
Marcos Marinho, o chefe da arbitragem paulista, já disse que as constantes reclamações dos treinadores podem ser perigosas por inflarem também as queixas dos torcedores.
DUAS MEDIDAS: POR ATOS PARECIDOS, OUTROS PROFISSIONAIS SÃO PUNIDOS
As mesmas súmulas que não são suficientes para punir treinadores servem para suspender pessoas que exercem outros cargos no futebol paulista. Prova disso aconteceu no jogo Sorocaba x Inter de Limeira, pela segunda divisão. Na ocasião, o juiz Rafael Porcari escreveu que foi ofendido pelo técnico e pelo médico do clube visitante. Os dois foram julgados juntos. O treinador acabou o absolvido, e o médico recebeu um gancho de 30 dias. Gandulas e maqueiros são outros alvos fáceis da Justiça Desportiva.
ESTÁ NAS SÚMULAS
“Partiu em direção aos torcedores de sua equipe, atirou pedras e tentou pular o
alambrado”
FABIANO PEREIRA
juiz, sobre o que fez o técnico Márcio José Ribeiro, do Bandeirante, em partida contra o Taquaritinga
“Você é ladrão, sem-vergonha, ladrão mesmo, o maior ladrão que eu já vi”
RAFAEL PORCARI
juiz, sobre o comportamento do técnico Michael Robin, da Inter de Limeira
“Expulsei o técnico do Palmeiras por adentrar em campo com a bola em jogo”
RODRIGO FERREIRA DO AMARAL
juiz, sobre o que fez Caio Júnior no jogo contra o Bragantino
“Expulsei Leão por reclamar e gesticular”
MARCELO APARECIDO DE SOUZA
juiz, sobre o motivo da expulsão de Leão contra o Paulista
Ops: Todas estas “figuraças” foram absolvidas…
