– Dividas e… Dúvidas quanto a SAF do Paulista FC.

A ótima jornalista Luana Nascimbene trouxe uma oportuna matéria ao JJ intitulada: “Paulista tem entrave em negociação da SAF, mas mantém otimismo”.

(Acesse em: https://sampi.net.br/jundiai/noticias/2894739/esporte/2025/04/paulista-tem-entrave-em-negociacao-da-saf-mas-mantem-otimismo).

Na chamada da matéria, há o lembrete sobre as dívidas do Galo junto ao Banco Fator. Mais do que dívidas, há dúvidas:

  • Onde é que o torcedor do Paulista pode se informar sobre as dívidas que o clube tem com a instituição bancária?
  • Aliás, o quanto, de verdade, o Tricolor Jundiaiense deve? Onde as contas estão? Os balanços são claros?

Há muito sigilo – carregado de antipatia e mistério – em todo esse processo. Das primeiras negociações com os prazos vencidos, até a presente data, pouco se fala de oficial. A palavra do clube é de que “estamos fazendo tudo com calma e responsabilidade”. O interessado nada fala. E o aficcionado apaixonado fica sem saber o que pensar.

É óbvio que a diretoria do Paulista não falará dos trâmites, do que está travando, e terá, por lógica, um discurso de positividade. Normal e entendível tal fato. Mas a não clareza do mais importante: qual é a proposta (que se resume a quais sãos valores e condições), irrita e traz incertezas.

Antes de mais nada: eu sou a favor de SAF auto-gerida (como o Fortaleza, que não vendeu a sua e está sendo administrada pelos competentes membros do clube), SAF vendida (como o modelo do Bahia City, clube-empresa (como o Retrô-BA), arrendamento profissional via multiequipes (como faz a Red Bull com o Bragantino). Em suma, defendo gestão profissional.

A questão é: qualquer que seja o modelo (até mesmo no modelo de clube associativo, que não precisa de SAF, como Flamengo e Palmeiras), há de se ter competência.

Insisto em um mito: o de que a SAF é a “salvação dos clubes”. Nada disso, as Sociedades Anônimas de Futebol são empresas como outras quaisquer, apenas regidas por um regime adaptado ao esporte. Nelas, existem os bons e os maus gestores. Não quer dizer que uma equipe que se torna SAF, melhorou ou piorou. Pode acontecer ambas as coisas, como nada acontecer também.

Os exemplos são variados: olhe o desastre que tem sido a SAF do Coritiba (torcedores paranaenses fizeram uma “romaria” para São Paulo, a fim de protestar contra os donos (o Tree Group). Olhe o sucesso que é a do Bahia (está de novo em competições internacionais, não passa vergonha e nem deve para ninguém).

  • E o que esperar da SAF do Paulista?

Eis o problema: eu, que procuro estudar o assunto, não posso dizer nada! E explico:

Não sei a proposta financeira (se for a SAF por 10 anos, a troco das dívidas, talvez seja uma boa). Mas… qual é o valor real das dívidas? Quem quer assumir a SAF (a EXA Capital) tende a sobrepujar para dizer que está pagando caro. E no mundo das negociações, os lados fazem sua proposta e sua contraproposta.

O que acho um péssimo negócio: caso o Estádio Jayme Cintra for CEDIDO EM DEFINITIVO, é algo absurdo. Qual o valor do terreno, da obra e das demais benfeitorias? Imagine as pessoas que se sacrificaram a construir o estádio, o que pensariam? Se depois de 10 anos, a EXA não renovar o contrato, o Paulista SAF volta para a gestão do Paulista FC, e não teria onde jogar. O razoável é: o Paulista FC ceder por comodato o Jayme Cintra enquanto a EXA gerir a SAF. Acabou o contrato, volta para o Galo. Se não for isso, é um baita mau negócio (lembrando que nenhuma SAF levou para si um estádio até hoje).

Imagino que o Poder Público deve estar atento a isso. Afinal, ninguém quer o “capital político” de ver o Paulista vender o seu estádio e nada ter feito. Mas repito: ninguém sabe qual a proposta, o que foi ofertado e a contraproposta.

Enfim: nada está assinado, e nenhum tostão foi investido. Tudo ainda é INTENÇÃO. Nenhuma dívida trabalhista foi paga, apenas foram “conversadas” para que, caso se assuma, o novo gestor gaste menos do que o valor original.

Gosto da frase irônica do jornalista Mauro Cezar Pereira: “O Mundo Maravilhoso das SAFs”! E ele costuma, em outras palavras, complementar: “Para quem deve, aceita uma SAF com qualquer trocado para pagar conta; para quem não precisa, SAF pra quê”?

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