– A Experiência da Tecnologia do Futebol aos Árbitros na Copa Inovação

 

Ontem, no Estádio Anacleto Campanella em São Caetano do Sul, o Brasil realizou a primeira experiência de uso da tecnologia visual no auxílio para decisões dos árbitros em partidas de futebol. A iniciativa teve o apoio dos Sindicatos dos Atletas Profissionais dos Estados de SP e RJ. Pesa-me observar que não vi em lugar algum a manifestação oficial da experiência por parte da Federação local, Confederação ou Comissões de Árbitros.

 

Deixando essas falhas políticas de lado, vamos ao que verdadeiramente interessa: os testes realizados e seus resultados.

 

Antes do americano Neil Armstrong descer do módulo Eagle e pisar na Lua, a NASA perdeu inúmeras espaçonaves e explodiu diversos foguetes; em outros pontos do mundo e do Universo, a Rússia colocava a cadela Laika em risco até se certificar que Yuri Gagárin estaria em segurança. E, assim, os objetivos louváveis foram alcançados através de testes, erros, tentativas frustradas e persistência. Não seria no futebol que a primeira experiência tecnológica seria marcada pelo sucesso absoluto.

 

Através da partida entre as seleções de Paulistas X Cariocas, no evento chamado de Copa Inovação, testou-se o uso do cartão azul, substituições ilimitadas e a permissão de que os treinadores pedissem revisão da tomada de decisão do árbitro em certas decisões e em número determinado.

 

Ótimo. Testar novidades é importante, até para saber se são úteis ou não. Particularmente, sou um defensor do uso da tecnologia no futebol (adotada paulatinamente e sem radicalismos), e abordei o que achava delas no artigo “A Tecnologia para o Árbitro de Futebol: Demagogia e a Realidade” (clique aqui para acessá-lo) e considerei as minhas dúvidas quanto a forma do uso em: “Fifa autorizará o uso da tecnologia no Futebol?” (clique aqui para acessá-lo).

 

O que pude observar ontem e o que já vi em outras oportunidades:

 

– Cartão Azul: não gosto; pude participar da experiência da FPF na administração Farah e sobre o comando do professor Gustavo Caetano Rogério, a respeito dessa nova punição intermediária. O problema se torna a subjetividade entre as 3 cores de cartões. A regra é muito boa quando se diferencia o Amarelo do Vermelho, e, ao introduzir o Azul, muitas vezes há uma acomodação em não se aplicar a Expulsão por Vermelho. Valeu como tentativa, mas não adotaria.

 

– Substituições Ilimitadas: ótima iniciativa. Talvez a melhor inovação de todas. Visto que cada vez mais o fator “condicionamento físico” é relevante no futebol, permitir um maior número de atletas participando da partida é válido. Até mesmo para os treinadores estrategistas, é legal poder contar com um jogador que outrora foi substituído para que volte mais descansado para a partida. O problema é: Como controlar as substituições e como dinamizá-las? Cá entre nós: se todos os jogadores substitutos participarem do jogo e alguns substituídos retornarem, nos atuais procedimentos de substituições, a cada final de jogo teremos de 10 a 12 minutos de acréscimos…

 

– Uso das imagens de vídeo para correção ou ratificação do árbitro: a mais polêmica de todas as inovações. Na experiência de ontem, muita confusão até mesmo pelo ineditismo das ações. O técnico tinha a permissão de “desafiar” a decisão do árbitro uma oportunidade em cada tempo. No primeiro desafio do jogo, solicitado pelo treinador dos Paulistas, Vágner Mancini, muita demora no recomeço do jogo e muita gente para se decidir. Não gostei do tumulto ocorrido na beira do gramado, em frente ao monitor. Mas, claro, é somente uma primeira experiência, vamos levar em conta isso. A câmera que o amigo Sálvio Spínola tinha no seu peito também leva a um questionamento: o ideal é lá onde ela estava ou mais próxima do campo de visão dele? (Nosso amigo virou o Robert Downey Jr do apito, o Homem de Ferro do futebol… rsrs) De repente, um inusitado capacete (daqueles de mineiros) poderia mostrar a mesma visão do árbitro, pela sua mobilidade, do que estar fixada no tronco. E por que ter a repetição da mesma visão, não era melhor a imagem diferente, de outro ângulo?

Claro, dúvidas e questionamentos necessários e que só testando vamos saber os resultados e melhorar as tentativas de acerto.

 

Talvez, a cada desafio, melhor seria o árbitro fosse em direção do monitor, assistisse o VT com o 4º. Árbitro e imediatamente reconsideraria ou não sua opinião. Sem treinador em cima dele ou capitães pressionando! A própria votação (na primeira ocorrência, 6 X 1 para a confirmação de um lance) não me agradou; não que seja democrático demais, mas sim burocrática demais.

 

Já imaginaram essas regras na partida recente do Campeonato Brasileiro entre Corinthians X Cruzeiro, tão polemizada? O que teria acontecido num momento assim? Imagino o Sandro Meira Ricci cercado por Tite e Cuca, tendo Fabrício e Willian fungando em seu cangote e com Andrés Sanches e Zezé Perrela querendo ir à frente do monitor também! O jogo não teria terminado ainda…

 

Claro, tudo isso é um laboratório que serve para discussão. Extremamente pertinente! Os pontos positivos e negativos só surgirão a partir desse começo, e repito como na introdução, acertando e errando que se iniciará o caminho do aperfeiçoamento. Agora, é lógico que testar em amistoso tem um viés muito grande do que se testar em partida oficial ou decisiva.

 

E você, o que pensa sobre todas essas experiências? Deixe seu comentário:

Um comentário sobre “– A Experiência da Tecnologia do Futebol aos Árbitros na Copa Inovação

  1. Claro amigo Porcari, as inovações ou atualizações do método de arbitrar uma partida de futebol sempre serão bem vindas, porém é de sumaria importância manter o espírito de jogo e de suas 17 regras e, certamente da autoridade do árbitro (regra 05), transforma o principal esporte do planeta em um show de efeitos especiais e fazer do mesmo um espetáculo puramente das televisões, que ca pra nós, só visa obter audiência em cima dos erros da arbitragem, sem assim é mais fácil colocar um cidadão atrás de vários monitores e ele passa ser o arbitro perfeito ! Um show de abraços e até a próxima…

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