Àqueles que achavam que em uma análise mundial entre especialistas, o título de “Pelé da Fórmula 1” pudesse ficar restrito a nomes como Senna X Schumacher, e correndo por fora Prost ou Fangio, lêdo engano.
Num levantamento entre comentaristas de todo o mundo, apurou-se conquistas, títulos, competitividade e disputa com os rivais, entre outros. A Schummy sobraram títulos. A Prost e Senna, competitividade. Mas para a surpresa (veja a lista abaixo), o campeão de todos os tempos é Jim Clark!
Veja a seguir o porquê;
(extraído de: http://colunas.epoca.globo.com/pelomundo/)
Início do campeonato de Fórmula 1, e o site do jornal Times faz a lista dos 50 maiores pilotos de todos os tempos. Sete títulos, 91 vitórias, Schumacher não é o número 1. É o terceiro. Você acha estranho? Eu não. Faltou a Schumacher algo essencial para determinar o tamanho de um esportista na história: um grande rival. Schumacher correu numa era de pilotos médios. Seu maior rival em quase toda a sua longa carreira foram carros poderosos de outras escuderias. Os companheiros de equipe também não valorizaram as conquistas de Schumacher. Foram sempre muito aquém dele, e tratados como tal pela Ferrari.
Veja o boxe. Muhammad Ali é Muhammad Ali porque teve à sua frente nos ringues lutadores como Joe Frazier, George Foreman e Ken Norton. Uma geração adiante, Larry Holmes, peso pesado como Ali, acumulou uma série invicta de 48 lutas na carreira. Estatisticamente, bateu Ali. Mas jamais se ombreou a Ali e a outros grandes da história por não ter combatido gigantes. No tênis, Pete Sampras teve em Andre Agassi o adversário que lhe deu a formidável dimensão que tem. É irônico. Uma hegemonia absoluta diminui, em vez de aumentar, o campeão. É como se deixasse de haver medição.
Faltou isso, um competidor temível, a Schumacher. Sobraram, ao contrário, rivais duros para Senna. Prost, Mansell, Piquet. Na lista, Senna bate Schumacher: aparece em segundo lugar, atrás apenas de Jim Clark. Clark foi um gênio. Correu e morreu nos anos 60, mas o topo do pódio explica-se em boa parte por ser britânico, como o jornal Times. Maradona, para os argentinos, é mais que Pelé. A descrição de Senna como piloto para justificar o número dois é irretocável. “Senna foi um piloto completo: corajoso, rápido, habilidoso, excitante e ousado”, está dito. É lembrado também que Senna foi um inovador na preparação física para pilotar carros de Fórmula 1.
Senna teve em Prost, o Professor, o adversário mais duro. Prost é o quarto da lista. Os duelos entre os dois na McLaren, com os carros vermelhos e brancos, estão entre as cenas mais eletrizantes do automobilismo. O choque das duas McLarens num GP no Japão numa corrida que definiu o título, em 89, é sublimemente dramático. Eram parecidos como piloto, exceto na ousadia, atributo em que Senna vencia Prost. Em sua geração majestosa, Senna teve um único adversário em ousadia: o inglês Nigel Mansell. Fiquei feliz ao ver Mansell, o Leão, na nona colocação. “Nunca haverá outro Mansell”, está escrito.
Definitivamente não haverá.
Sempre tive uma admiração especial por Mansell. Não se deixava intimidar por ninguém. Era veloz, era combativo, era atrevido – e era azarado. Azarado a ponto de a gasolina de seu carro acabar faltando meia volta para o fim da corrida, como aconteceu no GP do Canadá em 91, depois de liderá-lo por 68 voltas e com 50 segundos de vantagem sobre o segundo. Mansell poderia ter ganho mais corridas e mais que um título se não tivesse tanto azar. A cena mais eletrizante que vi na Fórmula 1 foi o emparelhamento, numa reta de Barcelona em 91, entre a Williams de Mansell e a McLaren de Senna. As câmeras captaram a faísca que saía sob ambos os carros. Quem frearia primeiro? Alguém brecaria? Parecia naquele momento que ambos estavam tentando mostrar quem era mais louco. Simplesmente isso. Mansell tinha um carro melhor, e saiu na frente.
Senna na lista à frente de Schumacher, o rei das estatísticas. Como teriam sido os embates entre os dois, se Senna não tivesse encontrado aquele muro fatal em Ímola em maio de 1994? Schumacher começava a brilhar e a incomodar, e Senna era um tricampeão ainda ávido por mais glórias. Senna versus Schumacher é um duelo cuja inexistência dói. Tantas vitórias, tantos títulos teoricamente colocariam Schumacher como o maior de todos os tempos. Faltou a ele se bater com alguém realmente grande.
Senna teria sido perfeito para esse papel.
Veja aqui a lista completa
1. Jim Clark (GBR)
2. Ayrton Senna (BRA)
3. Michael Schumacher (ALE)
4. Alain Prost (FRA)
5. Sir Jackie Stewart (GBR)
6. Juan Manuel Fangio (ARG)
7. Sir Stirling Moss (GBR)
8. Fernando Alonso (ESP)
9. Nigel Mansell (GBR)
10. Mika Hakkinen (FIN)
11. Alberto Ascari (ITA)
12. Graham Hill (GBR)
13. Kimi Raikkonen (FIN)
14. Niki Lauda (AUS)
15. Nelson Piquet (BRA)
16. James Hunt (GBR)
17. Jochen Rindt (AUS)
18. Gilles Villeneuve (CAN)
19. Sir Jack Brabham (AUS)
20. Lewis Hamilton (GBR)
21. Emerson Fittipaldi (BRA)
22. Alan Jones (AUS)
23. Keke Rosberg (FIN)
24. Jacques Villeneuve (CAN)
25. Mike Hawthorn (GBR)
26. Mario Andretti (EUA)
27. Bruce McClaren (NZL)
28. John Surtees (GBR)
29. Juan Pablo Montoya (COL)
30. Damon Hill (GBR)
31. Denny Hulme (NZL)
32. David Coulthard (GBR)
33. Didier Pironi (FRA)
34. Ronnie Peterson (SUE)
35. Felipe Massa (BRA)
36. Jody Scheckter (AFS)
37. Rubens Barrichello (BRA)
38. Jackie Ickx (BEL)
39. Carlos Reutemann (ARG)
40. Tony Brooks (GBR)
41. Jenson Button (GBR)
42. Phil Hill (EUA)
43. Giuseppe Farina (ITA)
44. Jo Siffert (SUI)
45. Lorenzo Bandini (ITA)
46. Gerhard Berger (AUS)
47. Dan Gurney (EUA)
48. Clay Regazzoni (SUI)
49. Peter Collins (GBR)
50. Michele Alboreto (ITA)
